Topo

Escola pede para aluno ir fantasiado de "favelado do Rio de Janeiro" em festa

Colégio de SC orienta aluno a se fantasiar de "favelado do Rio de Janeiro" - Reprodução/Facebook
Colégio de SC orienta aluno a se fantasiar de "favelado do Rio de Janeiro" Imagem: Reprodução/Facebook

Renan Prates

Colaboração para o UOL

29/06/2017 16h00

Uma situação incômoda aconteceu em uma escola de Itajaí, Santa Catarina. Os professores do quarto ano do Colégio Cenecista Pedro Antônio Fayal orientaram alguns alunos a se fantasiar de “favelado do Rio de Janeiro” em uma festa de integração da instituição.

Elaine Mafra, mãe de um dos alunos, se revoltou com o fato. Ela postou a foto do pedido dos professores com um texto de desabafo em sua conta no Facebook.

“O meu filho já havia decidido que não iria participar da apresentação, então eu nem sabia dessa tal fantasia. Só hoje descobri que a fantasia é de FAVELADO DO RIO DE JANEIRO.... Outra metade dos alunos tem que ir vestido de médico, advogado, entre outras profissões, já que vão representar a outra parte da cidade”, escreveu Elaine.

“É triste perceber que esse tipo de preconceito, que eu tanto abomino, está sendo ensinando para nossos filhos dentro da escola. São preconceitos como esse que geram os estereótipos, que por sua vez causam a discriminação e arruínam a vida de tantas pessoas”, complementou .

Diante da repercussão negativa do caso, a escola emitiu um comunicado em sua página oficial do Facebook pedindo desculpas pela “inadequação de uma frase descontextualizada (veja comunicado na íntegra no final da matéria).

“Esclarecemos que a atividade proposta foi na verdade baseada na canção “Alagados”, do conjunto Paralamas do Sucesso, onde é citado a Favela da Maré, uma das maiores do Rio de Janeiro, onde vivem hoje 130 mil pessoas ,em comunidades que se estendem entre a avenida Brasil e a Linha vermelha – duas das mais importantes vias de acesso à cidade. Não viemos criar muros e sim trabalhar e expor estes movimentos de cidadania e inclusão. Não aceitamos racismo, xenofobia, homofobia ou qualquer intolerância de classes. Nossos 55 anos de história atestam esta postura”.

Em contato com o UOL, a diretora do colégio Fabiana Ladi Bento de Almeida admitiu o que ela chamou de equívoco em usar palavras “infelizes e fora do contexto”. Ela disse que a escola procurou a mãe que fez o desabafo no Facebook para conversar. “Não tem outra forma de falar sobre o assunto sem dizer que foi um equívoco. Assumimos esse equívoco. Foi um uso de duas palavras infelizes e fora do contexto”.

Fabiana explicou que as crianças trabalharam neste semestre as desigualdades sociais. “Temos uma festa de integração que vai tratar justamente desta cidadania solidária. O que é que se pode fazer nestes processos de inclusão para tentar diminuir a questão da desigualdade. Músicas. Foi escolhida a música do Paralamas e foi tratada a questão de desigualdade com ela. A infelicidade foi uso de palavras totalmente inadequadas", ressaltou a educadora.

"De forma alguma o colégio queria passar uma imagem preconceituosa. É um colégio de 55 anos, com um viés comunitário muito forte. Temos inúmeros projetos sociais...Foi justamente essa infelicidade que nos entristece, pois entendemos que estas palavras realmente não estão de acordo com a filosofia do colégio”.