Família acusa PM de executar pedreiro na frente dos filhos na Grande SP
O pedreiro José Filho dos Santos, 33, foi morto, no último dia 10 de julho ao ser baleado duas vezes dentro da própria casa, em Mairiporã, Grande São Paulo. Segundo a família da vítima, Santos foi executado por um policial militar que mora na mesma rua, após discussão por conta do volume alto do som. A Corregedoria da PM investiga o caso.
De acordo com a versão dos fatos apresentada pelo PM, que pertence ao 2º Batalhão do Choque, na delegacia de Mairiporã, ele foi até a casa do pedreiro após perceber que Santos agredia a filha, de seis anos. O policial afirmou que, na porta da casa, indagou o pedreiro sobre o que estava acontecendo. Santos não gostou da pergunta e tentou agredi-lo com um facão. Nesse momento, o policial teria atirado duas vezes.
A família, porém, contesta a versão apresentada na Polícia Civil. A viúva de Santos, a auxiliar de limpeza Núbia Bispo Macedo, 34, afirmou ao UOL que os tiros foram dados por motivo torpe.
"Ele [PM] pediu para o José Filho baixar o som porque não queria algazarra nem bagunça. Meu marido respondeu que não era algazarra e que não iria baixar o som. Foi quando ele entrou na casa e atirou", disse.
Núbia afirma que estava no banho no momento do primeiro tiro. Ela diz também que a história foi narrada pelos vizinhos e pela filha de Santos, que viu o pai ser morto na sala de casa.
"Ele falou para eu ir tomar banho, que ia colocar o arroz no fogo. Enquanto eu tava no banheiro, ouvi um tiro. Saí pelada e vi [o marido] baleado. O policial mandou eu voltar [ao banheiro]. Quando voltei, ouvi o segundo tiro", diz.
José Filho deixa a mulher, com quem era casado havia um ano e oito meses, e seis filhos, incluindo uma menina de nove meses.
A família fez uma denúncia formal à Ouvidoria das Polícias de São Paulo, que ficou de encaminhar um ofício pedindo investigação ao MP (Ministério Público) e à Corregedoria da PM.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) explicou ao UOL que a Corregedoria e a Polícia Civil não foram notificadas sobre a versão da família. Segundo Núbia, ela e a família, além de uma vizinha que narrou ter visto os tiros enquanto passava pela rua, ficaram com medo de relatar o crime à Polícia Civil por uma ameaça feita pelo PM.
"Ele disse para a gente concordar com tudo o que ele falava. Por isso, escolhemos falar o que aconteceu mesmo à Ouvidoria", disse.
A Corregedoria da PM informou, em nota, que "a unidade da área instaurou um IPM (Inquérito Policial Militar) para investigar a ocorrência, como é de praxe em ocorrências dessa natureza. O policial envolvido retornou de férias nesta terça-feira (18) e passará por avaliação psicológica". O caso também é investigado por meio de inquérito aberto pela delegacia de Mairiporã.
Ainda segundo a SSP, o local da ocorrência foi periciado e foi solicitado exame necroscópico para a vítima. "Tanto a Polícia Civil quanto a Corregedoria da PM estão à disposição para registrar eventuais queixas da esposa", disse a pasta.
A reportagem do UOL solicitou uma entrevista com o policial militar através da assessoria de imprensa da corporação, da SSP e também pelo batalhão onde ele trabalha. O pedido não foi atendido.
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