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Família acusa PM de executar pedreiro na frente dos filhos na Grande SP

Pedreiro José Filho dos Santos, de 33 anos, morto ao ser baleado por policial dentro de casa em Mairiporã, região metropolitana de São Paulo, na tarde de 10 de julho de 2017 - Arquivo Pessoal
Pedreiro José Filho dos Santos, de 33 anos, morto ao ser baleado por policial dentro de casa em Mairiporã, região metropolitana de São Paulo, na tarde de 10 de julho de 2017 Imagem: Arquivo Pessoal

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

19/07/2017 17h55Atualizada em 18/08/2017 11h12

O pedreiro José Filho dos Santos, 33, foi morto, no último dia 10 de julho ao ser baleado duas vezes dentro da própria casa, em Mairiporã, Grande São Paulo. Segundo a família da vítima, Santos foi executado por um policial militar que mora na mesma rua, após discussão por conta do volume alto do som. A Corregedoria da PM investiga o caso.

De acordo com a versão dos fatos apresentada pelo PM, que pertence ao 2º Batalhão do Choque, na delegacia de Mairiporã, ele foi até a casa do pedreiro após perceber que Santos agredia a filha, de seis anos. O policial afirmou que, na porta da casa, indagou o pedreiro sobre o que estava acontecendo. Santos não gostou da pergunta e tentou agredi-lo com um facão. Nesse momento, o policial teria atirado duas vezes.

A família, porém, contesta a versão apresentada na Polícia Civil. A viúva de Santos, a auxiliar de limpeza Núbia Bispo Macedo, 34, afirmou ao UOL que os tiros foram dados por motivo torpe.

"Ele [PM] pediu para o José Filho baixar o som porque não queria algazarra nem bagunça. Meu marido respondeu que não era algazarra e que não iria baixar o som. Foi quando ele entrou na casa e atirou", disse.

19.jul.2017 - José Filho deixou a mulher, com quem era casado há 1 ano e 8 meses, e seis filhos, incluindo uma menina de 9 meses - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
José Filho deixou a mulher e seis filhos, incluindo uma menina de 9 meses
Imagem: Arquivo Pessoal

Núbia afirma que estava no banho no momento do primeiro tiro. Ela diz também que a história foi narrada pelos vizinhos e pela filha de Santos, que viu o pai ser morto na sala de casa.

"Ele falou para eu ir tomar banho, que ia colocar o arroz no fogo. Enquanto eu tava no banheiro, ouvi um tiro. Saí pelada e vi [o marido] baleado. O policial mandou eu voltar [ao banheiro]. Quando voltei, ouvi o segundo tiro", diz.

José Filho deixa a mulher, com quem era casado havia um ano e oito meses, e seis filhos, incluindo uma menina de nove meses.

A família fez uma denúncia formal à Ouvidoria das Polícias de São Paulo, que ficou de encaminhar um ofício pedindo investigação ao MP (Ministério Público) e à Corregedoria da PM.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) explicou ao UOL que a Corregedoria e a Polícia Civil não foram notificadas sobre a versão da família. Segundo Núbia, ela e a família, além de uma vizinha que narrou ter visto os tiros enquanto passava pela rua, ficaram com medo de relatar o crime à Polícia Civil por uma ameaça feita pelo PM.

"Ele disse para a gente concordar com tudo o que ele falava. Por isso, escolhemos falar o que aconteceu mesmo à Ouvidoria", disse.

A Corregedoria da PM informou, em nota, que "a unidade da área instaurou um IPM (Inquérito Policial Militar) para investigar a ocorrência, como é de praxe em ocorrências dessa natureza. O policial envolvido retornou de férias nesta terça-feira (18) e passará por avaliação psicológica". O caso também é investigado por meio de inquérito aberto pela delegacia de Mairiporã.

Ainda segundo a SSP, o local da ocorrência foi periciado e foi solicitado exame necroscópico para a vítima. "Tanto a Polícia Civil quanto a Corregedoria da PM estão à disposição para registrar eventuais queixas da esposa", disse a pasta.

A reportagem do UOL solicitou uma entrevista com o policial militar através da assessoria de imprensa da corporação, da SSP e também pelo batalhão onde ele trabalha. O pedido não foi atendido.