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Número de latrocínios cresce 25% no Estado de São Paulo

Maioria dos latrocínios ocorre em roubos frustrados, dizem secretário e especialista - Rubens Cavallari/Folhapress
Maioria dos latrocínios ocorre em roubos frustrados, dizem secretário e especialista Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

25/07/2017 19h13

O número de registros de latrocínios (roubos seguidos de mortes) em delegacias do Estado de São Paulo aumentou 25% no primeiro semestre do ano, comparado ao mesmo período de 2016. O dado, que passou de 163 para 204 no período, foi divulgado nesta terça-feira (25) pelo secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho.

Na cidade de São Paulo, a elevação desse tipo de crime foi ainda maior: 45%. Nos seis primeiros meses de 2016 a polícia registrou 51 casos e no mesmo período deste ano, 74.

"Estamos trabalhando para evitar o crime de latrocínio, que esteve em queda durante um largo período, mas tem registrado um acréscimo, nesse indicador, que é preocupante", afirmou o secretário. 

Barbosa Filho admitiu a dificuldade em evitar o crime de latrocínio, porque seria difícil saber onde e quando o criminoso vai agir. No entanto, o secretário afirmou que reforçou o policiamento nas ruas para evitar que os criminosos sintam a brecha nas ruas para tentar roubar veículos, já que a maioria dos latrocínios é decorrente desse tipo de roubo.

"Nossa preocupação maior é com a vida, então estamos trabalhando para diminuir os crimes contra a vida", disse o secretário.

A especialista Camila Dias, professora da UFABC (Universidade Federal do ABC), confirma que a crescente tem a ver com "o crime que não deu certo". "O latrocínio é em decorrente à falha do roubo", diz. Para ela, a facilidade de acesso às armas de fogo, por exemplo, justifica a alta. "É notória a maior circulação dessas armas", diz.

Já para Rafael Alcadipani, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o acréscimo no número de latrocínios "mostra as dificuldades que o governo de São Paulo tem para lidar com a segurança pública".

Segundo a análise de Alcadipani, "num cenário econômico complicado, aumenta o crime contra o patrimônio", e isso pode colaborar com a crescente do crime.

Homicídios

O número de vítimas de homicídio doloso no Estado apresentou a menor taxa da série histórica, iniciada em 2001, neste semestre. Foram 1.776 vítimas, sete a menos do que no ano passado.

No entanto, a Grande São Paulo, sem contar a capital, vive o oposto estatístico. O número de vítimas de homicídios dolosos aumentou 27,6%. Segundo o secretário, "62% dos casos ocorreram em crimes que aconteceram na residência da vitima. Saltou de 13 para 27 o número de crimes de relações domésticas", argumentou.

No entanto, investigadores da Polícia Civil ouvidos pelo UOL afirmam que há uma briga entre facções criminosas em Guarulhos, em disputa por ponto de tráfico de drogas na região.

Questionado pelo UOL, o secretário disse que "não pode cravar", mas que a briga "pode ter (relação)". Segundo Barbosa Filho, "todo tipo de conduta criminosa tem que ser combatida. E vai continuar sendo perseguida, por Guarulhos e demais regiões", afirmou.

Letalidade policial

As estatísticas divulgadas nesta terça-feira apontaram, ainda, um aumento de 14% no número de pessoas assassinadas por policiais no Estado de São Paulo no primeiro semestre de 2017, em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Foram 459 mortes provocadas por policiais em serviço ou de folga neste ano contra 403 no ano passado. Uma elevação menor foi registrada na capital paulista: policiais militares e civis mataram 211 pessoas em 2016 e 230 neste ano – uma alta de 9%.

O secretário não comentou os dados de letalidade policial durante entrevista à imprensa porque até então eles não haviam sido divulgados. Questionado pelo UOL, o secretário afirmou na ocasião que, por estarem em outra resolução, os dados sairiam em outra oportunidade.

Uma hora depois do fim da coletiva, os números foram publicados no site da pasta. 

Estupros

Segundo os dados divulgados pelo secretário, também houve um aumento considerável no número de estupros registrados no Estado. Passou de 4.736 casos para 5.280 no semestre, o equivalente a um acréscimo de 11,5%.

"Na comparação junho a junho, houve uma queda de 16 casos. Mas, infelizmente, não posso afirmar que a queda é tendência e que os números estão estabilizados", afirmou Barbosa Filho ao apresentar a alta semestral.

Para Camila Dias, há uma tendência de aumentar a notificação do crime de estupro. "Cada vez mais se tem meios, mecanismos de registrar o caso. Entendo que a alta esteja relacionada ao aumento de notificações, não do crime", afirmou ao UOL.