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Rio: guerra no Jacarezinho já fez 5 mortos; pistas por assassino de policial rendem R$ 50 mil

15.ago.2017 - Moradores protestaram na última terça (15) após a morte do feirante - Domingo Peixoto/Agência O Globo
15.ago.2017 - Moradores protestaram na última terça (15) após a morte do feirante Imagem: Domingo Peixoto/Agência O Globo

Giovani Lettiere

Colaboração para o UOL, do Rio

17/08/2017 16h43Atualizada em 17/08/2017 16h45

Os confrontos entre a polícia e traficantes na comunidade do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, entraram em seu 7º dia nesta quinta-feira (17) com mais dois mortos e um ferido. Os enfrentamentos se seguiram à morte na favela do policial civil Bruno Guimarães Buhler, atirador de elite da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), na última sexta-feira (11), durante operação policial.

A Secretaria Municipal de Saúde confirmou que hoje um corpo foi deixado na parte de trás da UPA de Manguinhos e outro homem deu entrada já morto na mesma Unidade de Pronto-Atendimento. Não há informações sobre a identidade deles. Outro homem, também levado à UPA, foi baleado no ombro e, transferido para o Hospital Municipal Salgado Filho, passará por cirurgia ortopédica.

E os tiroteios no Jacarezinho não dão trégua. Uma operação da Core acontece na tarde desta quinta-feira num dos acessos à comunidade. Segundo a assessoria da Polícia Civil informou ao UOL, "não há nenhuma informação oficial até o momento" sobre a ação. 

Por conta dos tiroteios, não há aulas no região e ao menos 3.317 alunos foram prejudicados com o fechamento das escolas nesta quinta, informou a Secretaria Municipal de Educação do Rio. As escolas estão fechadas desde sexta-feira.
 

Recompensa de R$ 50 mil

Foram identificados hoje quatro traficantes suspeitos de envolvimento na morte do policial Buhler. Desde então, moradores da favela enfrentam tiroteios diários que já fizeram outras três vítimas, o mototaxista André Medeiros e o feirante Sebastião da Silva --todos baleados durante os confrontos entre policiais e criminosos.

A Delegacia de Combate às Drogas divulgou os nomes de Jonathan Luis da Silva, conhecido também como Jhoninha; Jefferson Gonçalves da Silva, apelidado de Cara de Cavalo; Wellington de Sousa Macedo, vulgo Caolha ou Cara de Gato; e Carlos André da Conceição, o Mãozinha ou Bracinho, como participantes da intensa troca de tiros que matou o policial da Core. O Disque Denúncia (21 2253-1177) anunciou recompensa de R$ 50 mil por informações que ajudem a localizar e prender os quatro envolvidos.

O alto valor pelas pistas foi possível por conta da mobilização de empresários dos setores hoteleiros e imobiliário do Rio para oferecer recompensas maiores para quem colaborar com o programa de denúncia anônima. Geralmente, as recompensas não passam de R$ 10 mil diante da crise econômica pela qual o serviço independente atravessa.

Desde o começo do ano, o Disque Denúncia já recebeu 409 denúncias sobre suspeitos de crimes contra policiais no Rio. De janeiro até agora, 97 PMs perderam a vida no Estado, o maior número do Brasil. Um programa específico do serviço para informações sobre a morte de policiais começou no ano passado, diante da escalada da violência no Rio. De janeiro a julho deste ano, o telefone recebeu 62.112 denúncias. Em 22 anos de atuação, já foram mais de 2 milhões de telefonemas com informações sobre crimes.

O ir e vir dos moradores da região também está prejudicado. Os trens da SuperVia que passam ao lado da comunidade não estão circulando. Com isso, o ramal de Belford Roxo só circula de Del Castilho em diante. Da Central até Del Castilho não há circulação na tarde desta quinta-feira, por conta do tiroteio.