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Como a PF chegou à casa de luxo do chefe do tráfico na Rocinha

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

25/09/2017 12h02Atualizada em 25/09/2017 15h39

As forças policiais mobilizadas na operação de cerco à Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, localizaram no sábado (23) a casa de luxo do traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, um dos protagonistas da disputa entre grupos rivais pelo controle do tráfico de drogas na comunidade.

O endereço foi descoberto em uma investigação da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), da Polícia Federal. Durante a ação, os agentes registraram imagens do interior da casa. O vídeo foi exibido no domingo (24) pelo "Fantástico", da "TV Globo", e está sendo compartilhado nas redes sociais.

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O chefe da DRE, delegado Carlos Eduardo Thome, afirmou ao UOL, nesta segunda-feira (25), que o setor de inteligência havia apurado dois endereços ligados a Rogério 157, ambos situados na rua 2, no alto da comunidade. "Com as diligências, confirmamos que as duas casas realmente pertencem ao traficante Rogério 157", comentou.

Um dos imóveis, mostrado no vídeo, possui cômodos com suíte, uma sala espaçosa com bar e equipamentos eletrônicos de última geração, além de uma varanda com ampla visão da favela.

Em determinado trecho, um militar com farda do Bope (Batalhão de Operações Especiais) abre uma geladeira de aço inox. Pouco depois, o policial responsável pela filmagem se diz impressionado com uma televisão de 60 polegadas e tela curva afixada na parede de um dos quartos.

As informações interceptadas pela DRE se somaram a informações fornecidas por um traficante que se entregou à PF na sexta-feira (22), antes da operação de cerco militar à favela. Embora o criminoso não tenha delatado comparsas, ressaltou o delegado, o depoimento dele ajudou a montar a ação que levou os agentes aos imóveis de Rogério.

"Essas casas não têm qualquer tipo de registro ou legalização, o que é bem comum nessas favelas", disse o chefe da DRE.

Rogério 157 está foragido, mas há pistas de que ele teria retornado à Rocinha no sábado (23), de acordo com a polícia. Um dia antes, ele havia fugido pela mata que circunda a comunidade por conta do cerco militar, iniciado na tarde de sexta-feira (22). Na ocasião, a PM e as Forças Armadas subiram a favela com mais de 1.000 homens, tanques do Exército e outros recursos.

O retorno de Rogério 157 ocorreu por volta das 4h de sábado, depois de integrantes de sua facção sequestrarem um táxi. Um grupo de homens armados ordenou que o motorista (que teve a identidade preservada) os levasse ao Horto para que lá pegassem Rogério 157 e o traficante Jaílson Barbosa Marinho (o "Jabá", braço direito de Rogério) para que novamente voltassem à Rocinha.

O carro chegou a ser parado por um bloqueio de policiais militares, houve troca de tiros e os ocupantes conseguiram fugir por uma das entradas da comunidade, segundo a polícia. A informação foi confirmada pelo delegado titular da 11ª DP (Rocinha), Antônio Ricardo Lima Nunes.

"Ele retornou para a favela e não quer perder o controle", afirmou o delegado em entrevista à imprensa.

O delegado atribui o fato de ele conseguir furar o bloqueio de policiais e soldados do Exército a seu conhecimento da região: "Ele conhece toda a topografia, isso facilita muito a fuga dele."

"Ele está sufocado, então está se deslocando o tempo todo. Vai para a mata, vai para a favela...", disse o delegado. 

Na noite deste sábado, o Disque-Denúncia aumentou de R$ 30 mil para R$ 50 mil a recompensa para quem der informações que levem ao paradeiro de Rogério 157.

Disputa pelo controle do tráfico

Os confrontos entre facções pelo controle do tráfico de drogas na Rocinha começaram a se intensificar no dia 17 deste mês. De um lado, está o grupo do traficante Rogério 157. De outro, o grupo do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, preso em 2011. Rogério sucedeu Nem no comando do tráfico na região.

De dentro do presídio federal onde está preso em Rondônia, Nem determinou a invasão da Rocinha por criminosos da facção ADA (Amigo dos Amigos), que é a segunda maior do Rio. O motivo seria a insatisfação com a atuação de Rogério por ele ter começado a cobrar dos moradores por serviços como água e mototáxi. Rogério teve o reforço de criminosos da facção CV (Comando Vermelho).