Com cerco do Exército, operação em favela do Rio prende suspeitos de invasão na Rocinha
Com apoio das Forças Armadas, as polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro realizam nesta sexta-feira (6) uma grande operação para localizar e prender traficantes do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na zona norte carioca. Até as 11h20, de acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública, dez pessoas haviam sido presas e dois adolescentes, apreendidos (uma das prisões se deu em flagrante). A ação cumpre 31 mandados de prisão.
Dos presos, há indícios de que seis deles participaram da tentativa de invasão na Rocinha no dia 17 de setembro, segundo informou no final da manhã de hoje o delegado Marcus Vinícius Braga, da 20ª DP. "Nós sabemos que eles participaram da invasão", disse ele.
O aplicativo OTT-RJ (Onde Tem Tiroteio), que faz um mapeamento não oficial de tiroteios na cidade, registrou um confronto logo no início da operação, por volta das 5h23. Policiais se depararam com criminosos na rua Silva Pinto, um dos acessos à comunidade. Não foram divulgadas informações sobre eventuais feridos.
Entre os traficantes procurados, o principal alvo da polícia é Leandro Nunes Botelho, o Scooby, apontado como chefe do tráfico de drogas no Morro dos Macacos. As investigações indicam que ele é uma das lideranças da facção ADA (Amigos dos Amigos), a mesma de Antônio Bonfim Lopes, o Nem (preso desde 2011), um dos protagonistas na disputa pelo comando do narcotráfico na Rocinha.
Quatro escolas, duas creches, um espaço de desenvolvimento infantil e uma clínica da família fecharam na manhã de hoje no Morro dos Macacos. No Morro de São João, que fica nas proximidades, uma escola foi fechada. Na Rocinha (zona sul), foram duas creches, e na Praça Seca (zona oeste), um espaço de desenvolvimento infantil. Ao todo, 2.735 alunos ficaram sem aula.
Mapeamento do tráfico nos Macacos
O subsecretário de Comando e Controle, Rodrigo Alves, afirmou que os policiais apreenderam "farta quantidade de drogas" e material de embalagem, mas os números não foram divulgados. Não houve apreensão de armas durante as incursões da PM.
O delegado Braga afirmou que as investigações começaram a partir de imagens gravadas pela UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Morro dos Macacos. Durante três meses, os PMs filmaram a movimentação de traficantes e mapearam pontos de venda de drogas.
O capitão PM Rafael Bandeira, da UPP Macacos, disse que os militares da unidade se preocuparam em registrar as imagens sempre durante o dia para minimizar a possibilidade de confronto. A estratégia também se justifica, segundo ele, porque há limitações geográficas nas áreas filmadas.
"Em certos pontos que eles [traficantes] atuam, há uma grande dificuldade para o policial. É uma área íngreme e vertical", explicou o PM, ressaltando que as características do terreno são propícias ao confronto armado.
6ª ação das forças federais desde julho
A operação de hoje ocorre nos mesmos moldes do cerco militar à Rocinha, no mês passado. Na ocasião, tropas do Exército subiram a favela da zona sul carioca, em apoio às polícias do Estado, para intervir em uma disputa entre grupos rivais pelo controle do tráfico de drogas.
Desde que as Forças Armadas chegaram ao Rio por meio do Plano Nacional de Segurança Pública, no fim de julho, essa é a sexta vez em que as forças federais atuam ostensivamente em ações de combate à criminalidade em território fluminense.
No Morro dos Macacos, segundo informações da polícia, o Exército realiza o cerco à favela --controlando acessos, vias no entorno e possíveis rotas de fuga. Ao UOL, o porta-voz do Estado-Maior Conjunto, tenente-coronel Marcos Roberto Boaventura, afirmou que foram mobilizados 900 homens das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica), além de 14 tanques de guerra e 88 carros.
O espaço aéreo na região também está sob controle da Força Aérea, afirmou o oficial, com restrições dinâmicas para aeronaves civis. No entanto, isso não provoca alterações em relação à rotina dos aeroportos, conforme há havia sido informado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública.
"A ação de hoje é baseada em um trabalho de inteligência prévio e integrado. Como na Rocinha, houve por parte da Secretaria de Segurança uma solicitação para que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica dessem todo o apoio e suporte à operação, da mesma forma como já vem sendo feito. Nosso trabalho é fazer o cerco e dar apoio logístico na parte de inteligência para que os órgãos de segurança do Estado possam cumprir os mandados de prisão", explicou.
Boaventura disse que, diferentemente do que ocorreu na Rocinha --quando as tropas federais ocuparam o terreno por uma semana--, o planejamento da ação no Morro dos Macacos se limita ao cumprimento dos mandados expedidos pela Justiça. Dessa forma, os militares não devem permanecer na comunidade. "A previsão que existe, baseada na solicitação feita pela Secretaria de Segurança, é apenas para cumprimento dos mandados. (...) Mas estamos de prontidão e com disponibilidade permanente."
O porta-voz do Estado-Maior Conjunto declarou ainda que o cerco militar não se restringe aos acessos à favela e vias públicas no entorno. Segundo ele, os militares também estão posicionados na mata que circunda o Morro dos Macacos a fim de evitar a fuga de traficantes, como ocorreu na Rocinha. "As três forças federais, Exército, Marinha e Aeronáutica, também estão na região de mata e atentas a qualquer movimentação", disse.
O Centro de Operações da Prefeitura informou que o túnel Noel Rosa, que fica bem perto do morro, foi fechado nos dois sentidos. A rua Torres Homem, em Vila Isabel, também foi interditada para facilitar o trabalho das equipes. A prefeitura recomenda que os motoristas evitem a região e optem pelo Boulevard 28 de setembro, que apresentava boas condições de tráfego na manhã desta sexta.
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