Morre mais uma criança de creche incendiada em Janaúba (MG); já são dez vítimas
Morreu na manhã deste sábado (7) a décima vítima do ataque incendiário registrado na última quinta-feira (5) em uma creche municipal de Janaúba (547 km de Belo Horizonte), no Norte de Minas Gerais. De acordo com o Corpo de Bombeiros, Talita Vitória Bispo, de 4 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu hoje no hospital João XXIII, em Belo Horizonte.
Ela havia sido transferida à unidade hospitalar mais cedo, às 5h, da Santa Casa de Misericórdia de Montes Claros, a cerca de 130 km de Janaúba.
Nesta tarde, 16 crianças vítimas do ataque tiveram alta, sendo 14 que estavam na Fundação Hospitalar de Janaúba e outras duas crianças, de dois anos e um ano de idade, que foram liberadas do HU de Montes Claros.
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Com Talita, já são dez os mortos na tragédia --entre os quais, o autor do ataque, o segurança Damião Soares dos Santos, 50, e a professora Heley de Abreu Silva Batista, 43, que tentou contê-lo e salvar os alunos no momento do crime.
Além da menina, a Santa Casa de Montes Claros transferiu para o João XXIII, nas últimas horas --às 23h30 dessa sexta (6) --, uma outra criança de 5 anos. Outros nove pacientes seguem internados na Santa Casa, entre os quais, duas adultas, de 23 anos e 51 anos, que respiram com ajuda de aparelhos. Sete crianças com idades entre 3 e 6 anos estão com quadro estável.
Segundo os Bombeiros, a vítima de hoje tinha queimaduras de vias aéreas e estava entubada. Especialistas ouvidos pelo UOL esta semana explicaram que a inalação de fumaça, gases tóxicos e partículas durante o incêndio pode tanto colocar em risco pessoas que nem tiveram contato direto com as chamas, como agravar o quadro de saúde de vítimas queimadas.
Mãe diz que filha se salvou graças a "pesadelo"
Também neste sábado (7), a vendedora de cebolas Magda dos Reis, 32, afirmou que, no dia da tragédia, deixou de levar a filha de dois anos, que também estuda na unidade educacional, porque a menina teve pesadelos.
Magda foi uma das primeiras pessoas a prestar socorro às vítimas. "Consegui tirar seis crianças; tinha professoras no chão, em choque. Jogamos água em várias crianças. Hoje, só agradeço a Deus pela minha filha e rezo pelas outras famílias. Na minha cabeça, ficam ainda os gritos das crianças pedindo socorro, as imagens delas queimadas, uma cena de horror. Não quero saber de creche por um tempo, mas depois vou ter de ir em busca, pois preciso trabalhar."
Além da vendedora, quem se destacou no salvamento às vítimas foi a professora Heley Batista, 43, que também não resistiu aos ferimentos. Considerada heroína por retirar boa parte dos alunos da creche e ter lutado com o agressor, a professora foi velada nessa sexta (6) sob o olhar de uma multidão.
A polícia diz ainda não ter certeza se o vigia usou álcool ou outro produto para pôr fogo em si próprio e nas crianças, para as quais costumava dar picolés de presente em dias de festa, como os que estavam ocorrendo nesta semana.
Na creche, Heley e Damião tinham relacionamento profissional considerado normal, assim como com qualquer outro funcionário. No momento do fogo, contudo, a professora entrou em luta corporal com o vigia, numa batalha arriscada pela vida das crianças.
“Essa atitude dela, de entrar em luta corporal, diz muito sobre o que ela era e representa para nós, como pessoa, profissional, amiga. Será para sempre a nossa heroína”, comentou a técnica farmacêutica Edna Silva, 43, colega de Heley durante o ensino fundamental.
* Colaborou Mário Bittencourt, em Janaúba (MG)
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