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Rio tem mais um PM morto e menino de 3 anos baleado na cabeça

Do UOL, no Rio

01/11/2017 10h27

No mesmo dia em que o ministro da Justiça, Torquato Jardim, fez duras críticas às autoridades responsáveis pela segurança pública do Rio de Janeiro, o Estado acumulou, na terça-feira (31), o 114º policial militar assassinado somente neste ano.

A vítima é o cabo Rafael Santa Ana Corrêa, baleado e morto em Campo Grande, na zona oeste carioca. Segundo informações da corporação, o PM estava na rua Aricuri quando foi alvejado dentro de uma drogaria, por volta das 21h35. Caberá à Divisão de Homicídios da Polícia Civil investigar o crime.

Corrêa era lotado no 5º BPM (Praça da Harmonia) e atuava no GPTOU (Grupamento de Policiamento Transportado em Ônibus Urbano). A data do sepultamento não foi informada.

Um dia antes, um menino de 3 anos foi atingido na cabeça por um disparo de arma de fogo em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. O estado do paciente é gravíssimo, de acordo com o Hospital Geral de Nova Iguaçu, também na Baixada Fluminense, onde ele deu entrada por volta das 23h30 de segunda (30).

O hospital informou que a criança está em coma induzido e respira com a ajuda de aparelhos. O menino passou por cirurgia durante a última madrugada.

Procurado pelo UOL, o comando do 21º BPM, responsável pelo patrulhamento em São João de Meriti, informou que não havia "operação ou ocorrência do batalhão em andamento na localidade" no momento em que a vítima foi baleada.

Ameaça de oficiais da PM

Na terça, reportagem do UOL mostrou que as declarações de Torquato Jardim ao blog do colunista Josias de Souza causaram alvoroço entre os oficiais da PM. Um grupo de descontentes com as críticas do ministro se dirigiu ao quartel-general da corporação, no centro do Rio, para exigir uma resposta firme do comandante-geral, coronel Wolney Dias. Alguns, conforme a reportagem apurou, ameaçaram até entregar os postos.

Torquato declarou que o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o secretário de Estado de Segurança Pública, Roberto Sá, não controlam a Polícia Militar. Para ele, o comando da PM no Rio decorre de "acerto com deputado estadual e o crime organizado." O ministro ainda acrescentou que "comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio".

Tanto o governador quanto o secretário de Estado de Segurança Pública, Roberto Sá, só se manifestaram, por meio de nota, por volta das 12h30.

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Pezão declarou que "o governo do Estado e o comando da Polícia Militar não negociam com criminosos". Segundo o governador, as escolhas de comandos de batalhões e delegacias fluminenses são decisões técnicas. Ele ainda afirmou que jamais recebeu pedidos de deputados para tais cargos.

Também acusou o ministro de nunca tê-lo procurado para tratar das críticas.

Já Sá se disse “indignado” com as afirmações e reafirmou que as investigações indicam que o tenente-coronel Luiz Gustavo Teixeira, que comandava o 3º BPM (Méier), foi vítima de tentativa de assalto. O oficial foi atacado a tiros em uma rua do Méier, bairro da zona norte carioca.

Torquato se disse convencido de que o assassinato do comandante do batalhão não foi resultado de um assalto. ''Esse coronel que foi executado e ninguém me convence que não foi acerto de contas."

O ministro relatou ter conversado sobre o assunto com Pezão (PMDB) e Sá. Encontrou-os na última sexta-feira (27), em Rio Branco (AC), numa reunião com governadores de vários Estados. "Eu cobrei do Roberto Sá e do Pezão", relatou Torquato.

Procurado pelo UOL, o comando da PM afirmou que não ocorreu nenhuma movimentação de oficiais no quartel-general da corporação até a noite de terça.