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Ex-integrante da cúpula do PCC é assassinado por presidiários no interior de SP

Para cada crime cometido, mais privilégios os membros do PCC recebem - Marie Hippenmeyer/AFP
Para cada crime cometido, mais privilégios os membros do PCC recebem Imagem: Marie Hippenmeyer/AFP

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

05/12/2017 14h34Atualizada em 06/12/2017 09h39

O detento Edilson Borges Nogueira, 44, identificado como "Birosca" e que já foi apontado por investigações do MP (Ministério Público) e da Polícia Civil como um dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) foi assassinado na manhã desta terça-feira (5) dentro do presídio de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo.

Nogueira já integrou a chamada "sintonia final geral", uma espécie de "diretoria" que, na hierarquia da facção criminosa, está situada logo abaixo de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pelas autoridades como o líder máximo da organização.

Uma fonte envolvida na investigação da facção criminosa afirmou ao UOL que Nogueira foi excluído da facção no início de 2017. Isso aconteceu porque sua mulher brigou com outros familiares de presos no ônibus que as famílias de detentos usam para ir de São Paulo até Presidente Venceslau para realizar visitas.

05.dez.2017 - Edilson Borges Nogueira, 44, identificado como "Birosca" do PCC - Reprodução/TJ-SP - Reprodução/TJ-SP
Edilson Borges Nogueira, 44, identificado como "Birosca" da facção criminosa PCC
Imagem: Reprodução/TJ-SP

Mas a exclusão da facção não teria sido a motivação do assassinato de Nogueira, segundo a autoridade ouvida pela reportagem. Isso porque na mesma penitenciária há outros ex-integrantes da facção, que também foram excluídos, convivendo sem problemas com os integrantes do PCC.

A polícia e o Ministério Público ainda não sabem qual foi o motivo do assassinato, mas uma investigação já foi iniciada. Uma das hipóteses é que o crime esteja relacionado à função que ele exerceu na facção criminosa.

De acordo com a Polícia Civil, o detento foi morto durante o banho de sol, por volta das 9h10. Agentes penitenciários afirmaram à polícia que a ação foi "rápida e fatal" e que teve a participação de ao menos três presos, no raio 2 da penitenciária 2 da cidade.

Danilo Antonio Cirino Felix, 29, e Gilberto Souza Barbosa Silva, 46, identificados como membros da facção, segundo investigações, foram vistos por agentes penitenciários na cena do crime. Silva, conhecido como "Caveirinha", teria golpeado Nogueira com um estilete, enquanto Felix, vulgo "Montanha", o segurava pelo pescoço e prendia suas mãos.

Nogueira foi golpeado diversas vezes na região do tórax e no pescoço. Ele morreu na hora. As defesas de Felix e Silva não foram localizadas pela reportagem.

Segundo a Polícia Civil, ambos foram autuados pelos crimes de homicídio qualificado.

Testemunha

Um agente penitenciário, que estava no mirante de observação do pavilhão, disse ter visto diversos presos fazendo exercícios de musculação na frente do banheiro coletivo, como de costume.

"Em dado momento, teve início uma luta corporal entre três presos, dos quais um deles é conhecido como 'Caveirinha', que estava sobre a vítima, fazendo movimentos como se estivesse o golpeando, enquanto outro detento segurava a vítima pelo pescoço", disse o agente à polícia.

O GIR (Grupo de Intervenção Rápida) foi acionado pela direção do presídio. Com a chegada do grupo, os detentos foram contidos e levados às celas. Foi feita a contagem nominalmente dos presidiários e, na sequência, o local foi isolado pela perícia da Polícia Civil.

Os suspeitos de terem cometido o crime foram interrogados por policiais dentro do presídio.

Em nota, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) informou que a Polícia Científica foi chamada para realizar a perícia no local da morte e que abriu procedimento disciplinar para "averiguação dos fatos". A Secretaria disse ainda que pedirá a transferência dos presos envolvidos no caso ao centro de readaptação Penitenciária Dr. José Ismael Pedrosa, em Presidente Bernardes (SP).