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Sem acordo, motoristas e cobradores mantêm greve para o Réveillon no Rio

JOSE LUCENA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: JOSE LUCENA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

08/12/2017 10h55Atualizada em 08/12/2017 12h27

Motoristas e cobradores de ônibus do Rio anunciaram nesta sexta-feira (8) a manutenção da greve marcada para o dia 31 de dezembro, quando a cidade recebe uma grande quantidade de turistas. Segundo o Sintraturb (Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus) do Rio, a categoria está com salários, 13º, férias, INSS e cestas básicas atrasados.

A decisão foi tomada pelo sindicato após uma audiência realizada nesta quinta-feira (7) no Tribunal Regional do Trabalho, em que não houve acordo definido com os representantes das empresas de ônibus.

Os sindicalistas afirmam ainda que estão sem reajuste salarial há 18 meses. Eles dizem ter feito uma proposta para as empresas solicitando um reajuste de 10%, mas que não foram atendidos. "Não fizeram nenhuma contraproposta, nem mesmo para a reposição da inflação de 4% do período", disse o presidente do sindicato, Sebastião José.

Segundo ele, a Justiça determinou que as empresas que possuem dinheiro penhorado utilizem esses valores para pagamento dos benefícios atrasados para os trabalhadores.

Mas, de acordo com José, essa possível liberação de valores que estão em penhora “não nos dá nenhuma garantia”. Segundo ele, somente o consórcio Internorte possuiria penhorados cerca de R$ 3 milhões, enquanto a dívida com os trabalhadores chegaria a mais de R$ 2 milhões.

“Qual a certeza de que esse valor será pago antes do fim de ano?”, questionou.

Além de manter o estado de greve, a categoria reafirmou que irá fazer a paralisação geral do dia 31 de dezembro até o dia 2 de janeiro, quando será realizada uma nova assembleia para definir se os trabalhadores continuarão em greve por tempo indefinido.

De acordo com a prefeitura do Rio, no último Réveillon, 2,7 milhões de pessoas foram à cidade e movimentaram mais de R$ 2,2 bilhões. Para este ano, a meta é crescer 15% --o que corresponde a uma expectativa de público de cerca de 3,1 milhões de pessoas.

“Não queremos prejudicar a população, mas também não podemos mais aceitar como cordeiros esse sistema de escravidão que as empresas vêm nos impondo há muito tempo”, disse.

“Nessa briga entre o executivo municipal, Fetranspor [Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro] e Judiciário, quem acaba sofrendo as consequências são os motoristas e cobradores”, afirmou José, fazendo menção à Operação Ponto Final, que investiga esquemas de corrupção no sistema de transporte público no Rio.

Procurada pelo UOL, a Secretaria Municipal de Transportes do Rio afirmou, em nota, que cabe aos consórcios e seus subcontratados manter a regularidade exigida em lei, assim como cabe aos consórcios que operam as linhas tomar as medidas necessárias para manter o serviço de transporte operando de forma regular para à população, o que é obrigação contratual.

Já o sindicato patronal Rio Ônibus informou que assim que for notificado oficialmente sobre a paralisação recorrerá à Justiça. A reportagem ainda não conseguiu contato com o Ministério Público do Rio.