'Cadeiras voaram e machucaram mais gente', diz testemunha do atropelamento de Copacabana
Pessoas que testemunharam o atropelamento que matou um bebê e deixou 16 feridos na noite desta quinta-feira (18) em Copacabana, zona sul do Rio, relataram o desespero causado em quem estava ao redor do local do acidente.
Segundos após o atropelamento, a primeira reação dos funcionários do quiosque de comida peruana Inka, ao lado do ponto do acidente, foi levar extintores de incêndio até o veículo. "Vimos muita areia levantada e achamos que era fumaça", conta Roberto Mollinero, 19, dono do estabelecimento.
"As pessoas queriam levantar o carro para ver se não tinha alguém embaixo", disse. "E o motorista não saiu do carro. Teria apanhado se tivesse saído."
Um dos garçons do quiosque, o venezuelano Kristofer Finol, 40, conta que houve correria entre os clientes. "Saíram todos sem pagar, mas não importa. Fomos todos ajudar."
"As cadeiras de praia atingidas pelo carro se transformaram em mísseis, voaram e machucaram mais gente", diz Finol, que mora há três meses no Rio.
Pai há menos de um mês, o segurança paulistano Danilo Fernandes, 29, conta ter se desesperado ao ver o carrinho de bebê.
"Eu tinha procurado a polícia para avisar de um arrastão na avenida Nossa Senhora de Copacabana [a duas quadras da praia]", disse. "E terminei ajudando a socorrer as vítimas", relatou.
Fernandes relata que a mesa utilizada por um vendedor ambulante de caipirinhas, com o impacto, voou e atingiu a perna de um banhista. Havia também um homem com sangramento na nuca, segundo o segurança.
Uma das 17 vítimas é um homem australiano de 68 anos e que, até a madrugada desta sexta-feira (19), estava em estado grave no Hospital Municipal Miguel Couto, também na zona sul.
Ele sofreu traumatismo craniano encefálico e respira com o auxílio de aparelhos. A identidade dele não foi divulgada pela Secretaria Municipal de Saúde.
No mesmo hospital estão outras oito pessoas atropeladas. Entre os casos mais delicados está o de uma menina de sete anos, que teve fratura do membro inferior esquerdo, trauma de face e escoriações múltiplas. Apesar da gravidade das lesões, os dois feridos graves apresentam quadro clínico estável.
Outras sete vítimas foram encaminhadas para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro da cidade. São quatro homens, duas mulheres e um menino de 2 anos, todos estáveis e com ferimentos sem gravidade, de acordo com a secretaria.
Um novo boletim médico deve ser divulgado até o fim da manhã desta sexta-feira (19).
Entenda o acidente
Um carro invadiu o calçadão da avenida Atlântica, na altura da rua Figueiredo Magalhães, em Copacabana, no Rio de Janeiro, por volta das 20h30 desta quinta.
O carro --um Hyundai HB20 preto-- era dirigido por Antônio de Almeida Anaquim, 41. Ele afirmou à Polícia Civil ser epilético e ter sofrido um desmaio. Segundo testemunhas, o veículo desgovernado atravessou tanto a ciclovia como a calçada e só parou quando já estava com as quatro rodas sobre a areia.
Antes da chegada da polícia, pedestres que estavam nas imediações chegaram a agredir o motorista, que tentou fugir. Quando os policiais militares intervieram, Anaquim foi detido e conduzido para prestar depoimento na 12º DP (Copacabana).
Segundo a PM, o motorista não apresentava sinais de embriaguez. Ele foi encaminhado na noite de quinta para o IML (Instituto Médico Legal), para verificação do consumo de drogas ou bebidas. Remédios receitados para epilepsia foram encontrados dentro do veículo.
Anaquim está com a sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa desde maio de 2014. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (19) pelo Detran-RJ, que não informou o motivo da suspensão. Segundo o órgão, no entanto, Anaquim não cumpriu com a exigência de devolução da CNH para realização de curso de reciclagem.
O Detran também informou que, por cometer um crime de trânsito ao dirigir com a carteira suspensa, o motorista terá sua documentação cassada, "como determina a legislação federal de trânsito". "Neste caso, o Detran esclarece que cumpriu com todo o trâmite do Código Brasileiro de Trânsito. O Detran-RJ, assim como toda a sociedade carioca, se solidariza com as vítimas deste acidente", disse o órgão por meio de nota.
(Com informações do Estadão Conteúdo)
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