Topo

Morte de pedestres atropelados por ônibus aumenta 40% em São Paulo

25.jan.2018 - Uma mulher morreu após ser atropelada por um ônibus na avenida Brigadeiro Luís Antônio - Marcelo Gonçalves/Sigmapress/Estadão Conteúdo
25.jan.2018 - Uma mulher morreu após ser atropelada por um ônibus na avenida Brigadeiro Luís Antônio Imagem: Marcelo Gonçalves/Sigmapress/Estadão Conteúdo

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

27/01/2018 04h00Atualizada em 29/01/2018 18h40

O número de pessoas mortas por atropelamento de ônibus na cidade de São Paulo aumentou 40% em 2017 em relação ao ano anterior. De acordo com dados da SPTrans (Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes) obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, 28 pedestres foram vítimas de atropelamento fatal por ônibus municipais em 2016. No ano seguinte, o número aumentou para 39.

Os dados disponibilizados não detalham a situação e nem o local dos acidentes, e, dessa forma, não é possível saber se houve desrespeito às leis de trânsito por parte do motorista ou do pedestre. Os dados não incluem mortes de ciclistas.

Na última quinta-feira (25), uma pessoa morreu depois de ser atingida por um ônibus na avenida Brigadeiro Luis Antônio, na região central. O acidente ocorreu na altura da avenida Paulista, no aniversário de 464 anos da capital.

Para Horácio Figueira, mestre em engenharia de transportes pela USP, calçadas estreitas e mal planejadas e a falta de sinalização eficaz para o pedestre estão entre as principais causas para este tipo de óbito no trânsito da cidade. Ele afirma que é uma questão de respeito à sinalização tanto dos pedestres como dos ônibus.

“O primeiro ponto é que há áreas em que as pessoas estão sujeitas a esse tipo de atropelamento, naqueles locais em que não cabem duas pessoas lado a lado na mesma calçada ou, às vezes, nem calçada algumas avenidas têm”, explica o especialista.

Figueira também sinaliza que é preciso uma mudança no comportamento do motorista na capital paulista. “Há ônibus e carros que veem o farol de pedestre vermelho piscante como uma bandeira verde. Isso é criminoso, muitos acidentes acontecem por isso. Os ciclos têm de ser maiores nos semáforos de pedestre, a pessoa não pode ter que atravessar a rua correndo”, afirma.

O especialista também sugere que a secretaria de transportes trabalhe para detectar as reais necessidades dos pedestres paulistanos, andando pela cidade e avaliando os pontos inseguros. "Tem que andar a pé lá por Pirituba, pelo Capão Redondo. Temos muitos distritos para averiguar.”

Segundo dados divulgados do Infosiga SP, ligado ao Governo de São Paulo, a cidade teve, ao todo, 395 mortes de pedestres em 2017 -- quatro óbitos a mais do que o número registrado em 2016.

SPTrans diz que monitora acidentes

A SPTrans diz que "monitora e está atenta" aos acidentes envolvendo ônibus em São Paulo e que foram criados programas de segurança para a redução dos atropelamentos.

"Desde setembro, todos os ônibus só podem circular com velocidade máxima de 50km/h. Antes desta medida, o limite era 60km/h. Também foi criado o Programa Viagem Segura, que prevê treinamento aos motoristas de ônibus com foco na segurança de passageiros, pedestres e ciclistas. Foram cerca de 50 mil operadores", diz um trecho da nota. 

A instituição cita o trabalho realizado na estrada do M'Boi Mirim, na zona sul da cidade, onde foi criado o Programa M'Boi Segura, que reduziu o número de acidentes na região. 

"Com as ações de segurança, nova sinalização, presença ostensiva de agentes de trânsito e transporte, treinamento aos motoristas, o número de atropelamentos na estrada caiu de 18 para 9, de 2016 para 2017. No ano passado, não houve morte por atropelamento envolvendo ônibus na M'Boi Mirim. Em 2016, foram 2".

Sindicato diz investir em qualificação

Em nota enviada ao UOL no dia 29, o Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo) e seu presidente, Valdevan Noventa, lamentaram as mortes de pedestres. O sindicato afirmou que investe na "qualificação e requalificação funcional de seus representados".

A entidade informou ainda que os profissionais são constantemente orientados e respeitar as leis de trânsito, a obedecer os limites de velocidade e a dirigir respeitando os outros agentes de trânsito, isto é, pedestres, bicicletas, motos e carros.