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Em mensagem ao Brasil, papa pede que católicos sejam protagonistas da superação da violência

Tony Gentile/Reuters
Imagem: Tony Gentile/Reuters

Do UOL, em São Paulo

14/02/2018 11h10Atualizada em 14/02/2018 11h10

O papa Francisco enviou uma mensagem nesta quarta-feira (14) ao Brasil para marcar o início da Campanha da Fraternidade, e propôs uma reflexão sobre a importância do perdão. 

O tema escolhido para a ação neste ano é "Fraternidade e Superação da Violência" e, por isso, o Pontífice pediu para que os católicos sejam "arautos e construtores da paz" e que sejam "protagonistas da superação da violência".

"Uma paz que é fruto do desenvolvimento integral de todos, uma paz que nasce de uma nova relação também com todas as criaturas.

A paz é tecida no dia a dia com paciência e misericórdia, no seio da família, na dinâmica da comunidade, nas relações de trabalho, na relação com a natureza", escreveu Jorge Mario Bergoglio.

Segundo o líder católico, o "perdão das ofensas é a expressão mais eloquente do amor misericordioso e, para nós cristãos, é um imperativo que não podemos prescindir". 

No entanto, ele reconhece que "às vezes" é "difícil perdoar" e que, é nesse momento, que todos devem perceber que o "perdão é o instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração, a paz".

No fim do texto, o Papa invoca "a proteção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida sobre o povo brasileiro, concedendo a Benção Apostólica". A carta foi enviada aos líderes católicos no Brasil em 27 de janeiro, mas foi divulgada pelo Vaticano apenas nesta quarta.

Desde que assumiu o Pontificado, o Pontífice envia sempre uma mensagem ao país no início da Campanha da Fraternidade, que é liderada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). 

Criada em 1962, a ação tem um tema específico de reflexão durante o período da Quaresma, os 40 dias que antecedem a Páscoa católica, e é apresentada sempre na Quarta-Feira de Cinzas. No período, em todas as dioceses do país, o tema é debatido em reuniões entre fiéis e na liturgia das missas.

Leia a íntegra da carta:

"Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Neste tempo quaresmal, de bom grado me uno à Igreja no Brasil para celebrar a Campanha “Fraternidade e a superação da violência”, cujo objetivo é construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência. Desse modo, a Campanha da Fraternidade de 2018 nos convida a reconhecer a violência em tantos âmbitos e manifestações e, com confiança, fé e esperança, superá-la pelo caminho do amor visibilizado em Jesus Crucificado.

Jesus veio para nos dar a vida plena (cf. Jo 10, 10). Na medida em que Ele está no meio de nós, a vida se converte num espaço de fraternidade, de justiça, de paz, de dignidade para todos (cf. Exort. Apost. Evangelii gaudium, 180). Este tempo penitencial, onde somos chamados a viver a prática do jejum, da oração e da esmola nos faz perceber que somos irmãos. Deixemos que o amor de Deus se torne visível entre nós, nas nossas famílias, nas comunidades, na sociedade.

“É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (1 Co 6,2; cf. Is 49,8), que nos traz a graça do perdão recebido e oferecido. O perdão das ofensas é a expressão mais eloquente do amor misericordioso e, para nós cristãos, é um imperativo de que não podemos prescindir. Às vezes, como é difícil perdoar! E, no entanto, o perdão é o instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração, a paz. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança são condições necessárias para se viver como irmãos e irmãs e superar a violência. Acolhamos, pois, a exortação do Apóstolo: “Que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento” (Ef 4, 26).

Sejamos protagonistas da superação da violência fazendo-nos arautos e construtores da paz. Uma paz que é fruto do desenvolvimento integral de todos, uma paz que nasce de uma nova relação também com todas as criaturas. A paz é tecida no dia-a-dia com paciência e misericórdia, no seio da família, na dinâmica da comunidade, nas relações de trabalho, na relação com a natureza. São pequenos gestos de respeito, de escuta, de diálogo, de silêncio, de afeto, de acolhida, de integração, que criam espaços onde se respira a fraternidade: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8), como destaca o lema da Campanha da Fraternidade deste ano. Em Cristo somos da mesma família, nascidos do sangue da cruz, nossa salvação. As comunidades da Igreja no Brasil anunciem a conversão, o dia da salvação para conviverem sem violência.

Peço a Deus que a Campanha da Fraternidade deste ano anime a todos para encontrar caminhos de superação da violência, convivendo mais como irmãos e irmãs em Cristo. Invoco a proteção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida sobre o povo brasileiro, concedendo a Bênção Apostólica. Peço que todos rezem por mim.

Vaticano, 27 de janeiro de 2018.

Franciscus PP."

(Com informações da ANSA)