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PCC usava igreja evangélica para lavar dinheiro em SP, diz PF; pastor é preso

Drogas e armas apreendidas em abril de 2016. Ação deu origem à operação de hoje - Divulgação/PF
Drogas e armas apreendidas em abril de 2016. Ação deu origem à operação de hoje Imagem: Divulgação/PF

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

21/02/2018 12h21

A PF (Polícia Federal) prendeu na manhã desta quarta-feira (21) dez pessoas suspeitas de colaborar com o tráfico de drogas administrado pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) na cidade de Itaquaquecetuba (Grande São Paulo). Até a manhã de hoje, outras duas pessoas com mandado de prisão expedido ainda eram procuradas pela mesma operação.

Entre os suspeitos, estão um traficante do PCC e seu irmão, além de um pastor de uma igreja evangélica, um corretor imobiliário e donos de açougues e de concessionárias de carros.
Eles facilitariam o comércio de drogas no município e faziam lavagem de dinheiro, segundo a investigação da PF.

De acordo com Fabrízio Galli, chefe da delegacia de repressão a entorpecentes da PF, os dois irmãos eram os principais alvos da investigação porque eram os responsáveis pelo tráfico na cidade.

“O dinheiro do tráfico era juntado ao dízimo na igreja que foi construída só para essa função. Donos de empresas de automóveis cediam carros para transportes de drogas. Os açougues faziam lavagem também. E a imobiliária alugava imóveis para a facção”, disse.

Ao todo, foram cumpridos 19 mandados de apreensão em imóveis de Itaquaquecetuba. A PF não identificou os locais exatos nem a identidade dos suspeitos.

“Desempenhavam atividades que pareciam comum, mas que tinham como principal objetivo ilicitudes”, resumiu Galli.

Os detidos serão indiciados por tráfico de drogas e associação ao tráfico de drogas. Alguns também serão indiciados por posse ilegal de arma de fogo. Juntos, os crimes podem totalizar 31 anos de prisão, além de multa.

A investigação teve início a partir de uma apreensão de armas e drogas feita no Ipiranga, zona sul da capital, em 26 de abril de 2016, efetuada por homens da PF.

Na ocasião, dois homens foram presos acusados de tráfico de drogas. Com eles, foram apreendidos 890 quilos de cocaína, 11 fuzis, duas pistolas, grande quantidade de munição e três bloqueadores de telefone celular. Essa apreensão poderia ser levada à Itaquaquecetuba.

Até o fim daquele ano, foram levantadas informações junto aos homens presos. Em janeiro de 2017, a PF iniciou uma operação para tentar desvendar para onde aquelas drogas e armas seriam levadas.

Após um ano e um mês, a Justiça de Mogi das Cruzes decretou a prisão temporária, de 30 dias, dos 12 suspeitos alvos da operação de hoje.

Ainda de acordo com a PF, as armas chegaram por meio da fronteira com a Bolívia, em 2016.

Promotores que investigam o PCC afirmam que Rogério Geremias de Simone, o Gegê do Mangue, 41, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, 38, apontados como os números 1 e 2 da facção em liberdade e encontrados mortos no Ceará na última quinta-feira (15) eram os responsáveis à época pelo tráfico de drogas e de armas naquele país.

A PF informou que, apesar de ser uma investigação local, não contou com apoio da Polícia Civil e MP (Ministério Público) porque não houve a necessidade.

Segundo Rodrigo de Campos Costa, delegado regional de investigação e combate ao crime organizado da PF, “a relação com a Polícia Civil é ótima, mas, como a primeira apreensão foi feita pela PF após denúncia, continuamos [a investigação] por aqui”, disse.