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Polícia mata 7 suspeitos de roubo a caixas eletrônicos na região de Campinas (SP)

Luís Adorno e Fabiana Marchezi

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Campinas (SP)

01/03/2018 09h52Atualizada em 01/03/2018 17h25

Uma ação da Polícia Militar de Campinas, cidade do interior de São Paulo, terminou com sete suspeitos mortos na noite desta quarta-feira (28). Nenhum policial ficou ferido na ação. Segundo as investigações, todos os mortos pertenciam a uma quadrilha especializada em roubo a caixas eletrônicos.

Cinco dos setes mortos já foram identificados pela Polícia Militar e, segundo a corporação, quatro tinham antecedentes criminais, informação não confirmada pela Polícia Civil. São eles: Bruno Alves de Souza, Marcos Paulo Correia de Melo, Davirlan Tenório dos Santos e Ronaldo Antunes. O quinto morto é Itamar Gomes de Lima, investigado por tentativa de homicídio.

Até agora, seis corpos foram identificados por familiares.

Segundo a polícia, pelo menos dois suspeitos conseguiram fugir. Um deles foi localizado horas depois por moradores da região que acionaram a polícia. Ele foi identificado como Alessandro Bernardo, 34, também possui antecedente criminal e estava ferido na perna e na mão direita. 

foragido campinas - Divulgação - Divulgação
Um dos suspeitos foragidos foi localizado
Imagem: Divulgação

Ele foi levado ao Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Às 17h20, o hospital informou que “por questões de segurança, o estado de saúde do suspeito não será divulgado".

Segundo a versão da polícia, agentes do Baep (Batalhão de Ações Especiais), da PM, foram informados da presença da quadrilha na região por meio de uma denúncia anônima.

Os criminosos estariam fortemente armados e se preparando para roubar uma agência bancária no município de Joanópolis, também no interior de São Paulo

O grupo foi localizado por volta das 21h30 na estrada Municipal Dona Isabel Fragoso Ferrão, em Valinhos (interior de São Paulo).

Sempre de acordo com a polícia, os PMs foram até local e encontraram dois veículos roubados: um com quatro integrantes e outro com três.

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Os policiais disseram que deram ordem de parada, mas que os suspeitos não respeitaram e tentaram fugir. Houve troca de tiros e quatro pessoas foram baleadas e mortas no primeiro carro.

O segundo carro também tentou fugir, de acordo com os policiais, mas foi cercado. Os três ocupantes também foram baleados e morreram no local. Ainda não está claro em que carro estaria o fugitivo.

A polícia diz ter apreendido com os criminosos: um fuzil 556; duas metralhadoras .40; uma metralhadora 9mm; duas espingardas calibre 12; duas pistolas calibre 45; duas pistolas calibre 9mm; um revolver calibre 38; munição de todos esses calibres e também de calibre .50; dois coletes a prova de bala; uma bolsa com explosivos e materiais detonantes, incluindo 13 detonadores; e 26 cartuchos de emulsão explosiva.

O UOL teve acesso a imagens, que estão sob posse da polícia civil, dos suspeitos mortos. Pelas imagens, é possível ver que alguns deles foram alvejados no rosto. Um laudo, que deve ser concluído em cinco dias úteis, deve precisar quantos tiros foram disparados e os locais em que os homens foram atingidos.

Além da investigação que corre através do 4º DP (Distrito Policial) de Campinas, a Corregedoria da PM apura se houve excesso de força. A ouvidoria da Polícia de SP também acompanha as investigações.

O número de pessoas mortas pelas polícias Civil e Militar no Estado de São Paulo chegou a 939 em 2017. Trata-se do maior índice já registrado pela SSP (Secretaria da Segurança Pública), que começou a contabilizar a letalidade policial anual em 1996. Somente na gestão Geraldo Alckmin (PSDB), entre 2011 e 2017, a letalidade policial aumentou 96%. Já o número de policiais civis e militares mortos no Estado (60), em serviço e em folga, é o menor desde 2001.

Ações com suspeitos mortos em SP

Sob a gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB), esta é a terceira vez em que uma ação da polícia termina com a suposta quadrilha inteira morta e nenhum policial ferido. Nas duas primeiras ações, em 2002 e 2017, o governador elogiou os policiais envolvidos.

Em 2002, na rodovia senador José Ermírio de Moraes, a Castelinho, que dá acesso a Sorocaba (100 km da capital), um ônibus que levaria 12 integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) a um roubo, PMs da Rota interceptaram e mataram a suposta quadrilha.

No ano de 2014, a Justiça de São Paulo absolveu sumariamente todos os policiais envolvidos na ocorrência, que ficou conhecida como "Operação Castelinho". Alckmin sempre elogiou a ação, afirmando que "em São Paulo, bandido tem dois destinos: prisão ou caixão".

Em 2017, uma ação da Polícia Civil terminou na morte de 10 suspeitos de integrarem uma quadrilha de roubo a casas em áreas nobres da capital. Nenhum policial foi alvo de investigação. Alckmin também defendeu a ação.

"A polícia com esse trabalho de inteligência monitorou e fez a intervenção. Graças a Deus, nenhuma vítima foi atingida, nem policiais. Então, esse é o trabalho que tem que se feito, um trabalho de inteligência, para você tirar essas organizações criminosas, principalmente armadas com fuzil", disse o governador.

O governador, que também pré-candidato à Presidência da República, não comentou a ação desta quinta. Alckmin participou de uma reunião com o presidente Michel Temer (MDB) e disse que, se eleito, vai manter o recém-criado Ministério da Segurança Pública.