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Procuradoria vai investigar conduta de policial rodoviário que tumultuou homenagem a Marielle

20.mar.2018 - Alfredinho, dono do Bip Bip, durante ato pelas mortes de Anderson e Marielle - Carolina Farias/UOL
20.mar.2018 - Alfredinho, dono do Bip Bip, durante ato pelas mortes de Anderson e Marielle Imagem: Carolina Farias/UOL

Do UOL, no Rio

22/03/2018 17h13

O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro vai apurar a conduta do policial rodoviário federal que iniciou uma confusão na noite do último domingo (18) em um bar em Copacabana, zona sul carioca. O agente teria ficado incomodado com uma homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL) e ao motorista Anderson Gomes, feita pelo dono do Bip Bip, Alfredo Jacinto Melo, conhecido como Alfredinho. 

Durante uma roda de samba, programa que ocorre todos os domingos no reduto boêmio, os músicos gritaram "Marielle, presente" e Alfredinho emendou um discurso sobre o evento ecumênico e o ato em homenagem que aconteceu na terça-feira (20). O policial interrompeu a música e afirmou: "e os 200 policiais mortos?", segundo o relato de um frequentador ao UOL.

Durante a confusão, o policial levou um tapa de um dos frequentadores. Meia hora depois, o agente voltou para o bar armado. "Eu consegui ouvir: 'voltei e estou a fim de dar uns tiros'. Ficou levantando a camisa para mostrar a pistola. O bar esvaziou e ele discursando de dentro para fora", contou o executivo Jean Marc Schwartzenberg, que estava no bar no momento da confusão.

A Polícia Militar foi acionada e o agente exigiu que o dono do bar fosse levado à delegacia. "O dono do bar é meu conduzido", disse o policial rodoviário, conforme contou o frequentador do bar.

Depois de peregrinarem por duas delegacias, a ocorrência foi registrada na 14ª Delegacia de Polícia (Leblon) como agressão e Alfredinho foi arrolado como testemunha. Eles deixaram delegacia às 2h30 de segunda-feira (19). 

Na ocasião, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) afirmou que não houve registro de comportamento que "configure desvio de conduta funcional, representando tão somente atitudes e opiniões pessoais do servidor".

Chico Buarque

Na terça-feira, Alfredinho, que tem 74 anos, participou do ato ecumênico e protesto pelas mortes de Marielle e Anderson e comentou o que aconteceu no bar.

"Fiquei triste pelos meus amigos que passaram a madrugada comigo. Me senti maltratado na delegacia. Mas depois fiquei feliz. Recebi mais de cem ligações. O Chico Buarque esteve no bar para falar comigo, mas eu não estava. Um vizinho me deu o recado. Hoje estou fortalecido", contou Alfredinho.