Polícia apreende objetos de ouro com bispo e padres de Formosa (GO); juiz decreta prisão preventiva
Agentes da Operação Caifás apreenderam relógios de grife, correntes de ouro e um celular via satélite nas casas de bispos e padres suspeitos de participação em um esquema de desvio de dinheiro da diocese de Formosa, cidade do nordeste goiano distante 80 km de Brasília. O UOL teve acesso exclusivo às fotos da apreensão nesta sexta-feira (23).
Os objetos foram encontrados pelos policiais civis na segunda-feira (19), quando cumpriram mandados de prisão e de busca e apreensão nas residências dos religiosos.
Na manhã desta sexta, o juiz da 2ª Vara Criminal de Formosa, Fernando Oliveira Samuel, aceitou a denúncia oferecida do MP-GO (Ministério Público de Goiás) e decretou a prisão preventiva dos sacerdotes católicos.
Desta forma, o bispo José Ronaldo Ribeiro e outros cinco padres continuarão encarcerados, sem previsão de soltura. Eles se tornaram réus pelos crimes de associação criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Outros dois empresários, acusados de serem laranjas de um padre numa caixa lotérica e numa fazenda de gado, também irão permanecer presos.
"Salientamos a existência de indícios de autoria e prova de materialidade dos crimes indicados na denúncia e que o encarceramento provisório dos acusados estaria autorizado para garantia da ordem pública, para garantia de aplicação da lei penal e para conveniência da instrução criminal", afirmam os promotores de Justiça Fernanda Balbinoti e Douglas Chegury, responsáveis pela Operação Caifás.
Entenda o caso
O bispo e mais cinco padres foram presos sob acusação de desviar R$ 1 milhão por ano da diocese. Além dos relógios e correntes de ouros, os policiais civis também apreenderam cerca de R$ 150 mil nas casas dos réus.
Dois dias depois das prisões, o papa Francisco nomeou dom Paulo Mendes, que é arcebispo de Uberaba (MG), como interventor na diocese goiana, formada por 33 igrejas distribuídas em 20 paróquias.
A investigação foi iniciada em 2015 pelo MP-GO a pedido de 30 "leigos católicos apostólicos" que denunciaram irregularidades e uso indevido de bens da Igreja Católica por parte da direção da Cúria Diocesana de Formosa. Quando essas denúncias vieram à tona, o bispo Ribeiro convocou um padre de sua confiança, que tinha as funções de juiz eclesiástico, com o objetivo de intimidar testemunhas, afirma o MP-GO.
"Esse juiz eclesiástico pressionou os padres para que nada fosse relevado e eles jurassem fidelidade ao padre. O bispo e o juiz eclesiástico, com a ajuda de um advogado, elaboraram um relatório falso no qual se afirma que as despesas da arquidiocese eram menores do que de fato são", diz o promotor Chegury.
O bispo José Ronaldo Ribeiro afirmava publicamente que as acusações "eram mentiras". Na quinta-feira (22), ele preferiu ficar em silêncio durante sessão de depoimento ao MP-GO. Procurados pelo UOL desde da última segunda, seus advogados ainda não se manifestaram sobre o assunto.
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