PMs presos com "kit flagrante" em SP são expulsos da corporação
O Comando da PM (Polícia Militar) expulsou quatro soldados, por envolvimento com o tráfico de drogas e com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), e demitiu outros dois acusados de homicídio e de terem alterado a cena do crime. As penas foram publicadas no Diário Oficial do Estado de sábado (14).
Segundo as novas normas internas da PM, nenhum deles poderá retornar à Polícia, apenas os demitidos, em caso de serem convocados caso o país entre em guerra.
De acordo com a portaria publicada, as penas foram determinadas pelo "cometimento de atos atentatórios à instituição, ao estado e desonrosos, consubstanciando transgressão disciplinar de natureza grave".
Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) não se manifestou sobre as seis decisões até a publicação desta reportagem.
Dois dos quatro expulsos por tráfico de drogas foram presos na noite de 30 de janeiro do ano passado, quando dirigiam a viatura da corporação, com uma mala cheia de drogas e duas cervejas abertas no porta-malas. São eles André Nascimento Pires e Rodrigo Guimarães Gama.
Segundo um dos promotores do MPM (Ministério Público Militar), as drogas que estavam com os soldados serviriam como um "kit flagrante", que poderia ser usado para forjar prisões ou extorquir dinheiro de traficantes.
Outra acusação era de que eles transportavam a droga para a facção criminosa PCC.
Em setembro do ano passado, eles foram condenados a 75 anos de prisão pela Justiça Militar por extorsões mediante sequestro, roubo e concussão (ato de receber vantagens indevidas mediante cargo público).
Segundo a acusação, eles e outros PMs do mesmo batalhão, o 50º, negociavam com traficantes do PCC e chegaram a participar de um grupo que sequestrava e torturava pessoas do bairro. Eles receberiam dinheiro da facção criminosa de 15 em 15 dias para não combater o tráfico da região.
A reportagem solicitou entrevista com os dois agora ex-policiais através de sua advogada, Flávia Artilheiro, mas o pedido não foi atendido. "Em relação a André Pires e Rodrigo Gama, entendemos que a decisão de expulsão é precipitada, na medida em que o processo criminal sequer apreciado em segunda instância", afirmou a advogada.
130 kg de maconha no MS
Na noite de 16 de maio de 2016, dois soldados da PM de SP foram presos em flagrante com 130 quilos de maconha na cidade de Guia Lopes da Laguna, cerca de 220 km de Campo Grande (MS).
Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), o soldado Edson Luiz Menezes da Silva e um outro homem estavam em um Renault Duster fazendo escolta para o soldado Vitor Hugo Batista Colombo, que transportava a droga em um Volkswagen Saveiro.
Os três foram autuados por tráfico de drogas em flagrante. Com os policiais de São Paulo, estavam suas identidades funcionais e as armas da corporação. Dois anos depois, a PM expulsou a dupla.
A reportagem solicitou entrevista com os advogados dos dois PMs. O advogado de Silva, João Carlos Campanini, informou que veria com o ex-PM a possibilidade de um posicionamento.
A reportagem entrou em contato, por telefone, com o escritório do advogado Roberlei Cândido de Araujo, que presta serviços para Colombo. O escritório informou que o advogado entraria em contato, o que não ocorreu até a publicação desta reportagem.
Homicídio "por engano"
Morto a tiros na madrugada de 11 de outubro de 2015, o vigia Alex de Morais, 39, deixou o um filho de apenas 9 anos --hoje, com 12-- ao ser baleado na cabeça em uma ação dos soldados da PM José Rogério de Souza e Paulo Henrique Rezende da Silva.
Em depoimento, os policiais disseram ter encontrado o vigia caído, aparentemente após ter sido atropelado. Depois de uma laudo pericial localizar uma bala na vítima, os PMs disseram que, durante perseguição a dois suspeitos em uma moto, Souza disparou contra Morais sem querer.
Segundo investigação da Polícia Civil, os dois montaram uma farsa para parecer que o vigia foi atropelado e foram demitidos.
Eles ainda respondem pela Justiça comum pelos crimes de homicídio, indução do juiz ao erro e abuso de poder. O julgamento Paulo Henrique Silva está marcado para o próximo dia 25 de julho, às 12h30, no Fórum da Barra Funda, zona oeste da capital. O de Souza ainda não tem data para ocorrer.
A advogada de José Rogério de Sousa é Flávia Artilheiro. Segundo ela, "quanto ao José Rogério de Sousa, [foi] ainda mais precipitado o ato exclusório, porque sequer passou por julgamento perante o Poder Judiciário."
Já o advogado de Paulo Henrique Rezende da Silva é Marcos Rogério Manteiga. Procurado, ele afirmou que ainda não tinha conhecimento sobre o assunto e, por isso, não poderia se posicionar. Sobre o júri, marcado para julho, o advogado afirmou que vai defender a tese de negativa de autoria.
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