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Estudante leva rasteira e quebra cotovelos: "Não quer voltar à escola", diz mãe

Lucas se recupera de cirurgia após quebrar cotovelos ao levar rasteira na escola - Arquivo Pessoal
Lucas se recupera de cirurgia após quebrar cotovelos ao levar rasteira na escola Imagem: Arquivo Pessoal

Fabiana Marchezi

Colaboração para o UOL

25/04/2018 15h56

A Polícia Civil de Goiatuba, em Goiás, investiga um suposto caso de bullying na Escola Estadual Maria de Lourdes Estivalet Teixeira. Um estudante de 16 anos quebrou os dois cotovelos depois de levar uma rasteira de um colega de sala, no dia 6 de março.

Cinquenta dias depois, Lucas Lourenço Lima, que cursa o 9º ano do ensino fundamental, não quer mais voltar para a escola. Ao UOL, a mãe do estudante revela que ele ainda se recupera do trauma e está fazendo fisioterapia. "Agora que ele não quer voltar para a escola de jeito nenhum", lamenta Celma Maria Lourenço. O adolescente passou por cirurgia para colocação de pinos no cotovelo direito. O outro cotovelo precisou ser imobilizado.

A Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce) informou, em nota, que após o episódio reforçou “ainda mais as ações de combate e prevenção ao bullying de forma a conscientizar os alunos sobre a importância da cultura de paz dentro do ambiente escolar”.

A mãe do adolescente supostamente agredido conta que desde o início deste ano percebeu que o comportamento do filho havia mudado, mas que não imaginava que ele estivesse sofrendo bullying e, muito menos, que sofreria qualquer tipo de agressão na escola.

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“Eu via que ele não queria mais ir pra escola, que estava faltando bastante, mas eu achava que era preguiça. Ele falava que os meninos ficavam xingando, mas eu nem ligava. Só depois que ele caiu e eu vi a gravidade do caso que me dei conta. Além das sequelas psicológicas, ele vai ficar com pino no braço o resto da vida”, disse a mãe.

Celma destaca que o filho conta que era xingado por colegas da sala constantemente. “Os meninos xingavam meu filho de paradão, noiadinho, só porque ele é quieto”, lamentou a mãe, 39.

Ela também relata que o filho está acompanhando as disciplinas de casa. “Os professores estão vindo ensinar a matéria em casa para que ele não fique prejudicado”. Ela disse que demorou para prestar queixa porque priorizou a recuperação do filho e também porque esperava ter mais assistência da escola. "Eu estou me desdobrando para dar conta dos gastos com condução para que ele faça fisioterapia e vá aos médicos", disse.

Pontos no braço do adolescente, que por cirurgia após quebrar os cotovelos - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Pontos no braço do adolescente, que passou por cirurgia após quebrar cotovelos
Imagem: Arquivo Pessoal

A diretora da escola, Thaisa Borges Félix Pereira, negou ao UOL que o adolescente tenha sido vítima de bullying. "Eles estavam brincando, um passando rasteira no outro, e ele acabou se machucando. Inclusive o garoto que passou a rasteira é o melhor amigo dele", explicou.

Ela ressaltou que, mesmo não tendo intenção de machucar o colega, o aluno que passou a rasteira foi suspenso por três dias das aulas e que os pais foram convocados para tomar conhecimento do caso.

Segundo o delegado Patrick Carniel, apesar de não descartar o bullying, a princípio, o caso está sendo considerado uma “brincadeira irresponsável”. “Ainda não descartamos o bullying, mas pelo que as testemunhas contaram, tudo não passou de uma brincadeira irresponsável. O menino já admitiu informalmente que colocou o pé para 'dar uma tranca', como eles falam, mas disse que não teve intenção de machucá-lo”, disse o delegado ao UOL.

De qualquer forma, o menor vai responder por ato infracional análogo ao crime de lesão corporal e, se considerado culpado pela Justiça, sofrerá medidas socioeducativas, como prestação de serviços a comunidade. O delegado também apura a responsabilidade da escola em relação ao caso. “A mãe alega que não houve assistência ao filho após a queda, mas a diretoria da escola diverge. Por isso, tudo está sendo investigado”, ponderou.

Outro lado

Ainda em nota, a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce) ressaltou que foi somente “a partir da agressão física sofrida pelo estudante que a direção da escola tomou conhecimento de que o adolescente estava sendo vítima de bullying dentro da instituição de ensino e pôde tomar as devidas providências”.

O órgão informou também que o aluno agredido por outro colega não terá sua aprendizagem prejudicada por já estar sendo atendido pedagogicamente em casa por meio do projeto Hoje, da Gerência de Ensino Especial.