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Nº de desaparecidos em queda de prédio sobe para 6; tia buscou ambulante até na cracolândia

Auxiliar de limpeza Irani de Paula, 55, com foto do sobrinho desaparecido, Artur - Janaina Garcia/UOL
Auxiliar de limpeza Irani de Paula, 55, com foto do sobrinho desaparecido, Artur Imagem: Janaina Garcia/UOL

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

07/05/2018 17h36Atualizada em 07/05/2018 17h38

O vendedor ambulante Artur Hector de Paula, 45, é o sexto desaparecido oficialmente após o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo, no último dia 1º. A confirmação foi feita nesta segunda-feira (7) pelo Corpo de Bombeiros depois da notificação de desaparecimento feita pela tia de Artur.

Artur morava no sexto andar do prédio. Sobreviventes da tragédia relataram à polícia e aos bombeiros que o rapaz havia subido pouco depois da meia-noite para o quarto em que morava. O incêndio começou por volta da 1h40. Desde então, o ambulante não foi mais localizado por conhecidos, amigos e familiares.

O UOL conversou com a tia de Artur no 3º Distrito Policial, onde o caso é investigado e onde ela registrou o desaparecimento. Além dele, também são considerados desaparecidos a moradora Selma Almeida da Silva e os filhos gêmeos, Welder e Wender, e o casal Eva Barbosa Lima e Walmir Souza Santos.

Moradia do Ermelino Matarazzo, na zona leste de São Paulo, a auxiliar de limpeza Irani de Paula, 55, contou que mal tem dormido desde que começou a busca pelo sobrinho.

Ela contou que uma moradora do prédio, que vivia no terceiro andar e era amiga do ambulante, disse ter conversado com ele até pouco depois da meia-noite. Em seguida, ele subiu para o sexto andar em busca de um isqueiro e não voltou mais.

“Fui até ao pior lugar aonde poderia ter ido atrás do meu sobrinho. Fui à cracolândia, na Luz, ainda que eu soubesse que ele não estaria mesmo lá. Andei dois dias atrás dele, saí de lá fedendo xixi e cocô. É muito triste a situação daquelas pessoas”, diz Irani. “Fui em abrigos, andei por debaixo de viadutos, e nada.”

Nesta segunda, o Corpo de Bombeiros não descartou a possibilidade de localizar vítimas com vida. O motivo é a presença de células de sobrevivência --bolsões de ar em que as pessoas possam, eventualmente, ter se protegido.

Indagada se tem esperança de ainda encontrar Artur com vida, Irani desabafou: “Sinto que meu menino não está mais nesse mundo. Fico muito triste porque meu irmão, o pai dele, está desesperado em busca de notícias do filho lá em Belo Horizonte. Ele tem 72 anos”, conta Irani.

A tia conta que Artur perdeu a mãe quando tinha 3 anos, após um AVC. “Não foi fácil a vida dele e do pai. Mas agora eu preciso encontrar meu sobrinho, como for, e dar uma resposta que traga alívio e paz para mim para os meus familiares, especialmente para os quatro filhos dele”, disse.

Desde que o acidente aconteceu, as equipes de busca localizaram o corpo de um dos moradores: Ricardo Galvão Pinheiro, que caiu junto com o prédio pouco antes de ser salvo por um bombeiro. O corpo dele foi encontrado no final da manhã da última sexta (4).

Hoje, em visita aos locais de busca, o secretário estadual de Segurança Pública, Mágino Alves, confirmou que partes de tecido humano e do maxilar encontrados ontem nos escombros são dele.