Topo

Familiares de líderes do PCC são suspeitos de atuar como "correio", aponta MP

MP acusa oito por receber dinheiro para levar e trazer informações da cúpula do PCC - Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
MP acusa oito por receber dinheiro para levar e trazer informações da cúpula do PCC Imagem: Luiz Carlos Murauskas/Folhapress

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

10/05/2018 09h39Atualizada em 10/05/2018 10h48

Uma operação deflagrada na manhã desta quinta-feira (10) pelo MP (Ministério Público) e pela Polícia Civil, em cinco cidades de São Paulo, tenta prender oito familiares de homens acusados de pertencerem à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Os oito familiares, sendo seis mulheres e dois homens, são suspeitos de transmitir informação entre integrantes da facção em liberdade e a cúpula do PCC, presa na penitenciária 2 de Presidente Venceslau, a 600 km da capital paulista.

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do MP, apresentou denúncia contra os oito sob a acusação de associação criminosa. Segundo a denúncia, eles eram classificados como "correio" humano. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.

Segundo a Polícia Civil, foram expedidos quatro mandados de prisão na capital paulista, dois na Grande São Paulo (Itapecerica da Serra e Itaquaquecetuba) e outros dois no interior do estado (Taubaté e Sumaré). Por volta das 8h30, foi preso o primeiro dos oito suspeitos: um homem em Itaquaquecetuba.

24.jun.2006 - Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, onde está presa a cúpula do PCC - Lalo de Almeida/Folhapress - Lalo de Almeida/Folhapress
P-II de Presidente Venceslau, onde está presa a cúpula da facção criminosa PCC
Imagem: Lalo de Almeida/Folhapress

Os mandados são cumpridos por policiais da seccional de Presidente Venceslau. Os que forem detidos serão levados ao DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), segundo a Polícia Civil.

Segundo o promotor Lincoln Gakiya, que apresentou a denúncia, a operação ocorre depois de ter sido detectada a maneira como as ordens saíam e entravam nos presídios. "Além dos advogados, também existia um esquema em que algumas mulheres, amásias [gíria para se referir a amantes de presos] ou mulheres [casadas], levavam e traziam informações a cada visita", afirmou ao UOL.

A denúncia aponta que os familiares recebiam dinheiro da facção pelo serviço. A cada visita, o familiar recebia entre R$ 500 e R$ 1.000 para servir como correio, aponta a Promotoria.

"Faziam esse correio entre as lideranças e os integrantes da facção que estão em liberdade. Todo fim de semana, quando ocorrem as visitas. É um setor que o próprio crime organizado denomina como 'setor do correio'. Identificamos algumas das pessoas que recebiam mensalmente", disse o promotor.

21.ago.2001 - Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder do PCC - Sergio Lima/Folhapress - Sergio Lima/Folhapress
21.ago.2001 - Marcos Willians Herbas Camacho, apontado como líder do PCC
Imagem: Sergio Lima/Folhapress

Na penitenciária 2 de Presidente Venceslau, local onde essas pessoas faziam as visitas, está recluso o chefe máximo da facção, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, além de toda a chamada "sintonia final", que seriam as principais lideranças do grupo criminoso.

Os mandados de hoje fazem parte da quarta fase da Operação Ethos, que, em 2016, já deteve advogados suspeitos de prestar serviço a integrantes do PCC e que foram acusados de associação criminosa. Entre os detidos, está Luiz Carlos dos Santos, ex-vice presidente do Condepe (Conselho Estadual de Dreitos da Pessoa Humana), condenado a 16 anos de prisão.