Após tiroteio intenso, Bope carrega baleados em rua nobre do Rio sob gritos de 'Tem que matar'
Após um dia de tiroteios intensos no Rio envolvendo facções criminosas rivais e a polícia, homens do Bope (Batalhão de Operações Especiais) desceram do Morro da Babilônia até as ruas do Leme, bairro nobre vizinho a Copacabana, carregando dois homens baleados – um deles tinha ferimentos no peito que aparentavam ter sido provocados por uma rajada de tiros de arma automática, como fuzil ou submetralhadora.
Após viver um dia de terror, marcado por tensão e balas perdidas, alguns moradores abordaram policiais para dizer: “Tem que matar”. Mas até o fechamento desta reportagem, não foi possível dizer quem atirou nos dois desconhecidos: se criminosos ou a polícia. Com os feridos, foram apreendidos uma pistola e um fuzil M-16, segundo a polícia. Antes da chegada dos policiais na região, criminosos haviam travado um intenso confronto na área.
Desde as primeiras horas da manhã a reportagem do UOL ouviu na região diversas séries de disparos de fuzil (de calibre 7,62, segundo policiais disseram mais tarde) e rajadas de submetralhadora.
Os disparos vinham das favelas Babilônia, controlada pelo Comando Vermelho, e Chapéu Mangueira, dominada pelo Terceiro Comando Puro. Elas ficam a apenas poucos metros de distância de algumas das ruas mais badaladas da praia do Leme, em uma área de prédios de classe média alta. As duas facções disputam pontos de venda de drogas frequentados por clientes de alto poder aquisitivo.
“De vez em quando tem tiros por aqui, mas hoje foi totalmente anormal, nunca aconteceu nada parecido. Eu fiquei morrendo de medo das balas perdidas”, disse uma moradora de um prédio vizinho ao Morro da Babilônia.
“Eu tive que sair da sala e fiquei escondido em um corredor do meu apartamento”, disse outro morador. Um terceiro morador da região disse que disparos atingiram uma parede de seu prédio.
Segundo a organização Fogo Cruzado, que monitora a ocorrência de tiroteios na cidade em fontes abertas, como a imprensa e as redes sociais, o primeiro confronto ocorreu entre 5h37 e 6h39 desta terça-feira. O Bope, a tropa de elite da Polícia do Rio, foi mandado para o local em seguida. Ao menos 20 homens participaram da operação. Um deles carregava uma metralhadora pesada, usada normalmente em guerras e missões de paz.
Testemunhas relataram que foi possível ouvir tiros durante praticamente todo o dia. Próximos às favelas, policiais orientavam transeuntes a andar rápido ao passar em áreas da rua onde brechas entre os prédios criavam áreas vulneráveis a eventuais tiros vindos dos morros.
Dois homens baleados são carregados
Por volta das 16h o tiroteio voltou a se intensificar. "Eu ouvi uma série de tiros que pareciam de fuzil e depois de pistola", disse um homem que mora na região. Logo em seguida, moradores fotografaram policiais do Bope carregando dois homens desacordados em uma encosta de mata do Morro da Babilônia.
Quando chegaram à rua Ribeiro da Costa, os policiais deixaram os homens no chão. Nenhum dos dois fazia qualquer tipo de movimento, mas não era possível afirmar se estavam vivos ou mortos. Policiais comentaram que ainda poderiam estar vivos e precisavam ser levados a um hospital. Eles tinham diversos ferimentos, semelhantes a marcas de balas.
Em sua conta no Twitter, a Polícia Militar afirmou que dois homens haviam sido feridos na região.
Um grupo de moradores abordou policiais próximo de onde os corpos estavam. Duas mulheres que se disseram revoltadas com a ação dos bandidos gritaram aos policiais que os suspeitos tinham que morrer.
Os homens do Bope não prestaram primeiros socorros na rua aos feridos no momento em que a reportagem estava no local. Eles foram colocados na caçamba de um carro de polícia. Dois policiais disseram que iriam na caçamba para evitar que os homens caíssem na rua durante o deslocamento. Um policial viajou sentado próximo ao local onde os suspeitos foram colocados. Eles comentaram que o destino seria o hospital. A PM afirmou pelo Twitter que dois suspeitos foram levados para o Hospital Miguel Couto.
Após a saída das equipes, moradores curiosos foram se dispersando aos poucos.
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