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No 3º mês sob intervenção, RJ tem queda de roubos e aumento de 40% de mortos pela polícia

Márcia Foletto/Agência O Globo
Imagem: Márcia Foletto/Agência O Globo

Do UOL, no Rio

15/06/2018 16h59Atualizada em 15/06/2018 20h28

O número de mortes decorrentes de intervenção policial no Rio de Janeiro aumentou cerca de 40% em maio em relação ao mês anterior, segundo informou nesta sexta-feira (15) o ISP (Instituto de Segurança Pública). O 3º mês de intervenção federal na segurança do estado também registrou queda de crimes contra o patrimônio --roubos de veículos e de cargas.

Em maio, o órgão vinculado à Secretaria de Estado de Segurança Pública registrou 142 ocorrências com pessoas mortas por oposição à ação policial. No mês anterior, foram 41 casos a menos.

Em relação a maio de 2017, o aumento do indicador foi calculado em 46%. Já no acumulado do ano, de acordo com o ISP, as delegacias fluminenses registraram 606 mortos pela polícia (123 vítimas a mais do que na soma dos cinco primeiros meses de 2017, um aumento de 25%).

Considerando apenas o período pleno de intervenção federal no RJ, de março a maio deste ano, o ISP verificou 352 casos de mortes decorrentes de ações policiais. Trata-se de um aumento de 17% ante as 300 ocorrências registradas no mesmo período do ano passado.

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Em janeiro de 2018, o ISP observou o maior número de mortos pela polícia em 15 anos: 154. O intervalo considera a série histórica do instituto de pesquisa para o indicador, que teve início em janeiro de 2003. Até então, os meses com mais mortes pelas polícias haviam sido abril e maio de 2008, ambos com 147 casos, período pré-UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).

Na última quarta-feira (13), durante palestra na ACRJ (Associação Comercial do Rio de Janeiro), o interventor federal, general Walter Braga Netto, afirmou que os criminosos do Rio tinham o hábito antes da intervenção de enfrentar as forças de segurança.

Desde o início da intervenção, segundo ele, as Forças Armadas e as polícias passaram a adotar a estratégia de entrar em áreas conflagradas com um efetivo muito maior --para tentar dissuadir confrontos.

"Em um primeiro momento, continuou essa situação de enfrentamento", afirmou Braga Netto para justificar o aumento da letalidade das forças de segurança. "Mas a tendência é que isso diminua, porque [os criminosos] não vão continuar enfrentando [as forças de segurança]", prevê.

O indicador de letalidade violenta (homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e homicídio decorrente de oposição à intervenção policial), considerado estratégico, registrou um aumento de 33 vítimas em maio. Foram 576 vítimas de letalidade violenta no mês, um aumento de 6%. Em relação a abril, foram 16 vítimas a menos.

Em entrevista à imprensa durante evento na tarde desta sexta, o ministro da Segurança, Raul Jungmann, admitiu que o índice de letalidade pela polícia é preocupante, mas também o atribuiu ao enfrentamento maior entre policiais e criminosos após o início da intervenção.

"Acho que isso tem acontecido porque cresceu o nível de atrito entre as forças policiais e o crime organizado. Não estamos satisfeitos, isso preocupa e nós temos que cuidar de fazer com que isso se reduza. Mas isso não depende só e exclusivamente das forças policiais, isso depende do grau de atrito e do confronto que passa-se a ter com o avanço da intervenção e a outra coisas que é preciso levar em conta: o policiamento está crescendo, o número de efetivo também - com o pagamento da RAs (Regime Adiciona de Serviço). você tem mais pelo menos 1000 a 1500 homens que passam a fazer parte do policiamento -, o conjunto de operações que estão ficando cada vez mais sofisticadas. O grau de inteligência e integração que ontem me relatava o Braga Netto que está acontecendo aqui é inédito em termos do Rio de Janeiro, então evidentemente que isso pode ter levado a esse aumento e nossa preocupação é que ele venha a diminuir", afirmou Jungmann.

    Queda de crimes contra o patrimônio

    Maio registrou pequena queda no indicador de roubo de veículos. Foram 4.382 veículos roubados no estado --redução de 5% em relação a maio do ano passado (214 roubos a menos). Na comparação com abril, foram 275 ocorrências a menos.

    Pelo segundo mês seguido, o roubo de carga teve redução quando comparado a maio de 2017 e abril deste ano. Em maio, foram 752 ocorrências no estado --diminuição de 39% ante o mesmo mês do ano passado. Em relação a abril, foram 140 ocorrências a menos.

    Os roubos de rua (roubo a transeunte, de aparelho celular e em coletivo) caíram 14% em maio em relação ao mesmo mês de 2017 --ao todo, foram 11.861 registros de roubo (1.972 ocorrências a menos). Já em relação a abril o indicador apresentou aumento de 804 ocorrências.