Secretário de Segurança diz que polícia do Rio continuará à frente do caso Marielle
O secretário de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro, general Richard Nunes, afirmou que aqueles que "sinceramente querem" a elucidação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), cuja investigação completou cinco meses sem respostas, devem "apoiar" e "acreditar" no trabalho realizado pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil fluminense.
A declaração, em tom de desabafo, foi dada nesta terça-feira (14) depois que o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann (PPS), disse ontem (13) que a Polícia Federal estaria pronta para assumir o caso.
"Ninguém aqui faz promessa de prazo ou de data. O que nós prometemos é trabalho", disse o militar, após participar de um evento promovido pela Escola Judiciária Eleitoral, do TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro), no centro da capital fluminense.
Na segunda (13), Jungmann declarou à imprensa que a PF já teria mobilizado uma equipe para atuar nas investigações, com delegados do Rio e de outros estados, e estaria de prontidão caso a ajuda fosse solicitada pelo governo do RJ ou pelo Ministério Público. Na versão do ministro, descobrir quem mandou matar Marielle e quem executou o crime seria uma "questão de honra" para o presidente da República, Michel Temer (MDB), cujo mandato se encerrará em dezembro deste ano.
Nunes respondeu que a Polícia Federal tem cooperado com a Polícia Civil "desde o início" e que as duas forças já estariam "integradas". Ele lembrou que a PF ajudou a periciar a munição utilizada no assassinato da vereadora --na ocasião, a equipe técnica constatou que os estojos encontrados na cena do crime haviam sido desviados de lotes de munição vendidos à PF em Brasília.
"Temos um diálogo permanente e um trabalho de inteligência integrado. Desde sempre a Polícia Federal tem trabalhado e cooperado conosco", comentou o secretário.
"Declarações de nossa parte sobre como avançam as investigações seriam de uma leviandade tremenda. Aquelas pessoas que efetivamente querem, que sinceramente querem que esse crime seja elucidado apoiam o nosso trabalho. E acreditem no trabalho da Polícia Civil do Rio de Janeiro."
O secretário reclamou de vazamentos na investigação e, sem especificar os detalhes, mencionou um caso contra o qual ele diz ter se "insurgido". "Nós manifestamos desde o início que era um caso que tinha tudo a ver com a atuação política dela e do grupo que ela pertencia. Nós percebemos que manter o sigilo era muito importante. Alguns vazamentos ocorreram."
Homicídios crescem 9% em julho, mostram dados do ISP
Durante a palestra no evento da Escola Judiciária Eleitoral, Nunes também adiantou alguns dados da violência no estado que constarão do balanço de julho do ISP (Instituto de Segurança Pública do Rio). A divulgação deve ser feita na tarde desta terça.
Houve um aumento de 9% no número de homicídios dolosos na comparação entre julho deste ano (408 ocorrências) e o mesmo mês no ano passado (374 registros).
Já o indicador de roubo de veículo caiu 29% --passando de 4.951 casos, em julho de 2017, para 3.518, no mês passado. Também houve queda na estatística de roubo de carga (19%) e roubo de rua (5%).
Em relação aos latrocínios, as delegacias da Polícia Civil registraram em julho deste ano 9 ocorrências --contra 23 no mesmo mês do ano passado.
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