Irmão de menina arremessada de brinquedo diz que a viu "caindo de cara no chão"
"Eu estava conversando com meus amigos e ouvi o estalo da trava de segurança quebrando. Quando virei, vi minha irmã sendo lançada no ar e caindo de cara no chão." Este é o relato de Roger do Amaral Vieira, de 18 anos sobre o momento em que sua irmã, Isabella do Amaral Vieira, de 16 anos, foi arremessada do brinquedo Surf, em um parque de diversões em Ceres, Goiás, na madrugada do último domingo (26). O acidente deixou quatro adolescentes de 16 anos feridas, dentre elas Isabella, internada em estado grave.
"Enquanto ela estava caída, o brinquedo passou por cima dela uma vez e, antes que passasse de novo, o operador conseguiu tirá-la dali", contou Vieira ao UOL. Segundo o irmão da vítima, depois que a adolescente foi retirada do brinquedo, ela estava desmaiada e não respirava. "Fiquei apavorado, sem saber o que fazer. Então eu a ouvi dar um suspiro forte e voltar a respirar, mas com dificuldade."
Conduzida por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceres, ela foi transferida ainda no domingo ao Hospital Estadual de Urgências de Anápolis Dr. Henrique Santillo (HUANA), onde permanece até o momento. "Ela está sedada e vai ficar assim por 72 horas. Aos poucos, vão retirar a medicação e avaliar como ela reage", diz o irmão.
De acordo com Vieira, a menina perdeu um rim e uma parte do intestino, além de ter sofrido fraturas na coluna e no crânio. Apesar disso, segundo o familiar, ela não corre o risco de perder os movimentos.
Investigação
A investigação do acidente está a cargo da Polícia Civil e já foi foi pedido o laudo pericial do brinquedo. A princípio, o caso foi enquadrado como lesão corporal culposa, testemunhas já foram ouvidas. As vítimas prestarão depoimentos à medida que forem liberadas dos hospitais.
Após surgirem boatos de que o operador Raimundo Genivaldo Lima da Costa, de 43 anos, estivesse alterado, também foi pedido um exame toxicológico. Ele já fez o teste e, em depoimento à polícia, declarou que não tem controle sobre a velocidade do brinquedo, sendo responsável apenas por ligá-lo e desligá-lo.
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De acordo com o delegado responsável pelo caso, Matheus Costa Melo, o operador contou que, logo que ouviu um barulho e viu a menina sendo arremessada, desligou a máquina, mas explicou que o aparelho não para de imediato. Quando percebeu que iria atingir a menina, o operador teria corrido correu da cabine para retirá-la do caminho e, segundo Melo, chegou a apresentar um laudo médico sobre uma lesão que sofreu enquanto fazia isso.
Uma das atrações da Feira da Indústria, Comércio e Serviços de Ceres e Rialma (Feicer), o espaço do parque de diversões foi organizado por Anderson Amorim Gonçalves. Segundo ele, o proprietário do brinquedo Surf é Joel de Quadra, que, devido ao acidente, passou mal e está internado.
Ao UOL, Gonçalves classificou o acidente como "uma fatalidade" e argumentou que o equipamento passa por manutenção periódica. Ele também afirmou que, apesar de hospitalizado, Quadra está à disposição e auxiliando as famílias das vítimas.
Responsável pela maioria dos outros brinquedos do parque, Juarez Alves da Costa apresentou à polícia o certificado de conformidade expedido pelo Corpo de Bombeiros, a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e também o alvará concedido pela prefeitura de Ceres. Procurado pelo UOL, Costa preferiu não se manifestar.
Outras vítimas
Thalia Aparecida Pires, também de 16 anos, "sofreu uma fratura exposta dos dois ossos da canela", segundo a mãe da adolescente, a advogada Leidiane Pires. A amiga de Isabella está internada no Hospital Ortopédico de Ceres desde domingo, sem previsão de alta e foi submetida a uma cirurgia na perna esquerda. "Ela ainda teve lesões leves na coluna, no braço e, pela pancada, rompeu a capa que protege o fígado, o que causou uma hemorragia", explica Leidiane. Nos próximos dias, a paciente deve passar por outro procedimento cirúrgico.
Outra vítima, Mariane Oliveira Dias, da mesma idade das outras duas, está internada no mesmo hospital que Thalia. Procurada pela reportagem, a unidade de saúde informou que ela fraturou o punho e o tornozelo, já foi operada e segue em observação.
A Leidiane, as duas meninas teriam relatado que, no momento do acidente, o brinquedo estava mais rápido do que o normal.
Ferida com menos gravidade, Thatiely Carvalho Evangelista teve apenas hematomas e arranhões pelo corpo e recebeu alta do Instituto Médico de Ceres (Imec) na manhã desta segunda (27), explicou a mãe dela Tatianni Agnes de Carvalho.
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