Mulher faz vídeo para denunciar falta de médicos e leva tiro de arma de choque em hospital
Uma mulher levou um tiro de uma arma de choque de um guarda civil municipal enquanto fazia uma transmissão ao vivo no Facebook para reclamar do atendimento de uma unidade de saúde em Sorocaba, interior de São Paulo, no último sábado (3). Célia Ramos, de 42 anos, esperava por atendimento prefeitura diz que agente será afastado.
Célia esperava por atendimento na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do bairro Laranjeiras quando decidiu fazer a transmissão para denunciar a falta de médicos. De acordo com ela, deveria haver quatro profissionais de plantão, mas só havia um.
Depois de cerca de seis minutos de vídeo nos corredores da unidade, abrindo portas de salas para mostrar que estavam vazias, um médico aparece e pede que o guarda civil presente na UPA controle a situação, dizendo que a mulher está "descontrolada".
O homem, de identidade não divulgada pela Guarda Civil Municipal (GCM), pede que Célia desligue o celular e encaminhe as reclamações para a prefeitura. Os dois começam a discutir e o agente grita com a mulher, fala para ela desligar o celular e toma o aparelho dela.
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O vídeo é interrompido e, quando volta, Célia aparece no chão. "Socorro! Ele atirou em mim", acusa. Em seguida, é possível ver o agente guardando a arma de choque na cintura. A paciente também mostra a barriga, onde foi atingida, e diz que tem uma hérnia no local.
Ao UOL, a Corregedoria da GCM de Sorocaba informou que instaurou no último domingo (4) um processo investigativo para apurar a conduta do guarda pelo uso de arma de choque. O agente ficará afastado por pelo menos 30 dias para a apuração do caso.
De acordo com a Secretaria de Comunicação e Eventos (Secom), a Corregedoria Geral do Município também investiga o caso e deverá ouvir todos os médicos e funcionários presentes na UPA no dia do ocorrido a partir desta segunda-feira (5). O órgão também solicitou as filmagens do circuito interno da unidade.
A Secom afirmou ainda que Célia começou o vídeo 15 minutos após abrir a ficha na UPA. Para a secretaria, "um tempo de espera de 15 minutos não é excessivo, sobretudo quando se trata de plantão médico". Na transmissão, no entanto, a mulher reclamava do número reduzido de profissionais para o atendimento naquela tarde.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Sorocaba emitiu uma nota de repúdio no último domingo. "É intolerável que em uma sociedade moderna, na qual se defende a liberdade de expressão e o estado democrático de direito, uma pessoa seja tolhida do seu direito de reivindicar melhores condições de serviço perante os órgãos públicos, e que, inclusive, seja brutalmente agredida por força policial, de forma desproporcional e injustificada", diz o texto.
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