Revoltados, parentes criticam Vale por falta de notícia sobre desaparecidos
Raquel Arriola e Wellington Ramalhoso
Do UOL, em Brumadinho (MG)
26/01/2019 18h02
Parentes de vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, demonstravam indignação e revolta com a empresa neste sábado (26) por causa do desencontro de informações. Familiares disseram que precisaram informar os dados das vítimas mais de uma vez para que a mineradora fizesse o cadastro e mesmo assim permaneciam sem notícias.
A Vale diz que as listas de desaparecidos e resgatados são atualizadas constantemente (leia mais abaixo).
A professora Meire Dutra afirmou que o seu sobrinho, Alison Pessoa Damasceno, estava na área administrativa da empresa quando a barragem se rompeu no início da tarde de sexta-feira (25). Ele estava lá para fazer exame médico admissional porque começaria a trabalhar na empresa na próxima segunda-feira.
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"Cadê meu sobrinho que ia ser admitido na Vale? A vida dele é o que nós queremos. Se não tem vida, me dá informação. Só informação", pediu.
Na sala de espera para ser admitido
O carro de Damasceno foi soterrado pela lama. No último contato feito com a sua esposa, ele estava na sala de espera do exame.
Meire disse que precisou informar mais de uma vez o nome do sobrinho aos responsáveis pelo cadastro de desaparecidos feito pela Vale em um centro comunitário de Brumadinho. E, ainda assim, não obteve resposta sobre a situação dele.
Ao lado de Meire, uma mulher que não quis se identificar também reclamou da falta de informações sobre o filho desaparecido. "Não dão informação nenhuma. Não tenho notícia dele. É um desrespeito, um absurdo".
Prestador de serviço trabalhava na barragem pela primeira vez
Gilberto Cairo de Oliveira se queixava de situação parecida em relação ao filho, o mecânico Rodney Sander de Oliveira, também desaparecido. "Não temos notícias. É um jogo de empurra. [Esteja ele] vivo ou morto, quero informação".
Sander é funcionário da Sotrec, empresa que presta serviços para a Vale. Segundo o pai, era a primeira vez em que ele trabalhava na barragem do córrego Feijão, que se rompeu.
Carlos Geraldo buscava informações sobre a sobrinha desaparecida e também criticava a mineradora. "Estava para romper essa barragem. Esperaram acontecer uma tragédia. Quem é culpado? Vai aparecer alguém?", questionou.
A barragem estava com a documentação e as licenças regularizadas, mas ambientalistas questionaram o processo de licenciamento e apontaram riscos de rompimento.
Outro lado
Sobre as queixas das famílias sobre falta de informações, a assessoria da Vale afirmou que a lista de desaparecidos tem sido atualizada constantemente no site e que problemas de navegação se devem à grande quantidade de acessos.
A mineradora mantém dois números de telefone gratuitos para atender as famílias: 0800 821 5000 e 0800 285 7000.