Rio: maquinista morre após mais de 7 horas preso a ferragens de trens
O maquinista de trem que permaneceu por mais de sete horas preso às ferragens de duas composições que colidiram às 6h50 de hoje na estação São Cristóvão, na zona norte carioca, morreu após ser resgatado pelo Corpo de Bombeiros.
Ele foi retirado desacordado por volta das 14h30 e, logo em seguida, submetido a massagem cardíaca para tentar reanimá-lo, mas não resistiu. O maquinista foi identificado como Rodrigo da Silva Ribeiro Assumpção. Ele era funcionário da SuperVia desde 2011 e, após passar por treinamentos, assumiu a função de maquinista há cinco anos. Ele era casado e deixa dois filhos.
No momento do resgate, Rodrigo foi colocado numa maca e usava uma máscara de oxigênio. Durante os trabalhos de resgate, ele permaneceu lúcido e os bombeiros precisaram levar balões de oxigênio para ele.
Bombeiros de três quartéis acionados na operação de salvamento chegaram a comemorar a retirada do maquinista das ferragens.
Segundo o Corpo de Bombeiros, eles foram divididos em duas frentes de trabalho: uma equipe, por dentro da composição, realizou o afastamento das ferragens por meio de desencarceradores hidráulicos; outra, do lado externo, fez cortes nas ferragens com auxílio de aparelho de maçarico.
De acordo com a Supervia, os dois trens envolvidos no acidente estavam equipados com ATP (Auotomatic Train Protection), sistema que reforça a sinalização.
O governador do estado, Wilson Witzel (PSC), determinou que a Secretaria de Transportes inicie investigação sobre o acidente. A Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro) também conduzirá uma apuração em paralelo.
Outras oito pessoas ficaram levemente feridas no acidente. Sete foram encaminhadas com traumas leves para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro, e outra para o Salgado Filho, no Méier, na zona norte da cidade.
Segundo a SuperVia, responsável pela operação do sistema ferroviário no local, um trem que seguia da Central do Brasil para Deodoro colidiu com uma composição que fazia o mesmo trajeto e estava parada na estação São Cristóvão.
"Eu voei do banco", diz passageira
"Eu voei do banco. Fui parar no banco da frente. Achamos que tinha descarrilado. Só que bateu um na traseira do outro. Acho que não foi pior porque só ando no último vagão", relatou Isabel Cristina.
"O trem ficou parado cinco minutos com problema na porta, a porta nunca fechava, ficava apitando e de repente o outro trem veio e bateu nele", disse o também passageiro André Luís que estava na composição que foi atingida.
De acordo com a SuperVia, os trens do ramal Deodoro estão com intervalos irregulares e não estão parando na estação Praça da Bandeira, no sentido Deodoro, e na estação São Cristóvão, no sentido Central do Brasil. Os passageiros que precisarem desembarcar nessas estações podem fazer transferência na estação Maracanã.
A concessionária de trens afirmou que instaurou uma sindicância que terá 30 dias para apurar as causas do acidente. A concessionária informou também que dois trens envolvidos no acidente contavam com o que chamou de ATP (Automatic Train Protection), equipamento que reforça o sistema de sinalização dos trens e da via.
No Twitter oficial, a SuperVia disse lamentar o acidente. "Lamentamos profundamente e estamos prestando todo o suporte para resolução o mais rápido possível", postou a empresa.
A Agetransp informou que abriu um boletim de ocorrência para investigar as circunstâncias do acidente.
"Equipes técnicas foram enviadas à estação. Além das causas da colisão, também serão objeto de análise pela agência reguladora a adequação do atendimento prestado aos usuários pela concessionária SuperVia e dos procedimentos adotados para o restabelecimento da normalidade na operação comercial dos trens. A concessionária poderá ser multada", informou a entidade, através de nota.
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