Há 20 anos, PF revelou quadrilha que traficava drogas em aviões da FAB
O caso do militar brasileiro preso na Espanha transportando 39 quilos de cocaína em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) acendeu a luz amarela para uma prática que já foi investigada no Brasil há duas décadas. Em 1999, uma operação da Polícia Federal revelou um esquema de tráfico internacional de drogas utilizando aeronaves da FAB. Na época, três oficiais da Aeronáutica foram processados e acabaram condenados.
Ontem, as autoridades espanholas informaram que prenderam um sargento da FAB transportando 39 quilos de cocaína em um avião da Aeronáutica que serviria com "reserva" da comitiva do presidente Jair Bolsonaro (PSL) com destino ao Japão, onde ele participará da reunião do G20.
Ainda não há elementos para determinar se o caso revelado pelas autoridades espanholas e admitido pelo governo brasileiro é um fato isolado, mas, há 20 anos, um caso parecido revelou a atuação de uma quadrilha com um modus operandi semelhante.
O caso aconteceu em abril de 1999. A Operação Mar Aberto, da Polícia Federal, desmantelou um esquema de transporte de drogas para a Europa utilizando aviões da FAB. Na ocasião, a PF apreendeu 33 quilos de cocaína dentro de um avião Hércules C-130 na Base Aérea do Recife. O avião estava pronto para viajar para a cidade francesa da Clermont Ferrand, com uma escala nas Ilhas Canárias, território espanhol no Oceano Atlântico.
Durante as investigações, a Polícia Federal descobriu que o esquema utilizava oficiais da Aeronáutica para descobrir as datas em que os aviões da FAB partiriam para a Europa e monitorar o embarque da droga, que era escondida em malas.
A investigação chegou a fazer interceptações telefônicas para investigar o grupo.
Na justiça comum, os três militares presos pela Polícia Federal foram condenados por tráfico de drogas a penas que chegaram a 16 anos de prisão.
Na Justiça Militar, os três oficiais, entre eles um coronel e um major (dois dos postos mais altos na hierarquia das Forças Armadas) foram expulsos da Aeronáutica e perderam tanto seus postos quanto as suas patentes. Com isso, eles passam a não ter mais direito a salários ou à aposentadoria militar.
O episódio se arrastou na Justiça por quase duas décadas. A sentença do major preso, condenado em primeira instância em 2000, só transitou em julgado (quando não há mais possibilidade de recurso) em 2018.
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