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Morte de pastor: polícia apura se neta de Flordelis jogou celular no mar

17.jun.2019 - A deputada federal Flordelis (PSD-RJ), de óculos escuros, durante o enterro do corpo do marido - Wilton Junior/Estadão Conteúdo
17.jun.2019 - A deputada federal Flordelis (PSD-RJ), de óculos escuros, durante o enterro do corpo do marido Imagem: Wilton Junior/Estadão Conteúdo

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio

26/06/2019 21h35

Um mototaxista, cuja identidade não foi revelada, prestou depoimento na Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, na tarde de hoje, na investigação sobre a morte do pastor evangélico Anderson do Carmo Souza, 42.

A polícia investiga se o mototaxista conduziu uma das netas da deputada federal Flordelis (PSD-RJ), mulher do pastor, para jogar no mar um celular na praia de Piratininga, que fica a cerca de 8 km da casa onde a parlamentar mora, em Niterói (região metropolitana do Rio).

A informação obtida pela polícia é que o telefone supostamente pertenceria a Flávio dos Santos Rodrigues, 38, que, de acordo com a delegada Bárbara Lomba, confessou ter dado seis tiros no pastor. Cinco dias depois, a defesa de Flávio negou que ele tenha confessado o crime.

A suposta ação em que o celular foi jogado no mar teria ocorrido no dia 18 - data em que a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na casa e na igreja de Flordelis.

A neta da deputada já prestou depoimento na DH sobre essa ponta da investigação. Ela teria alegado que foi à praia para tomar um banho de mar. As informações foram confirmadas por fontes policiais da DH ao UOL.

O mototaxista foi conduzido à delegacia por policiais em uma viatura descaracterizada. Ele entrou e saiu abaixado no carro e enrolado em um lençol.

Câmeras de segurança mostram a noite do assassinato do pastor

UOL Notícias

Tanto o celular de Flávio quanto o do pastor sumiram. A deputada diz não saber o paradeiro dos aparelhos.

Segundo informações da TV Globo, o celular foi usado horas depois da morte por um dos 55 filhos do casal. Ele teria repassado informações da morte de Anderson do Carmo Souza a grupos evangélicos em um aplicativo de mensagens. A identidade do filho não foi revelada.

Dois filhos do casal estão presos na DH e são considerados suspeitos formais pela polícia. Além de Flávio, Lucas dos Santos, 18, é apontado como o responsável por obter a arma calibre 9mm -que, por sua vez, foi achada em cima do armário no quarto usado por Flávio dentro da casa da deputada e do pastor.

"Quero justiça", diz irmã do pastor

Hoje, Michele do Carmo de Souza, irmã do pastor assassinado, prestou depoimento voluntariamente por cerca de 4h na delegacia. Ela falou brevemente após o depoimento.

"Quero justiça, mas não posso contar o que falei. Quero que a justiça seja feita, doa a quem doer", declarou. Ela também acrescentou que Carmo não recebia ameaças, não tinha inimigos ou amantes. "O que eu vi eu vim dizer", completou.

Mais cedo, Angelo Máximo, advogado da família do pastor e que acompanhou Michele na DH hoje, disse ao UOL que a família de Flordelis estaria negligenciando informações no contexto das investigações.

"Não só eu acho [que a família estaria negligenciando informações] como o Ministério Público também acha", disse.

Em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, no domingo, o promotor Sérgio Lopes Pereira, do MP do Rio, afirmou que "se matam um ente querido, você quer saber quem matou esse ente querido e a forma de saber é colaborando com as investigações. E nós não estamos vendo isso, infelizmente, por parte da família".

O assessor jurídico de Flordelis, Fabiano Leitão Migueis, negou que a deputada estivesse prejudicando as investigações.

O advogado da família de Carmo evitou, entretanto, detalhar a questão sobre a ausência de colaboração no contexto das investigações por parte da deputada, acrescentando que tudo seria narrado às autoridades policiais pela irmã do pastor evangélico no depoimento prestado hoje.

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