Caso Ághata: "Não há indicativo de participação da PM", diz porta-voz
Em entrevista veiculada hoje pela TV Globo, o porta-voz da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Mauro Fliess, afirmou que "não há nenhum indicativo, nesse momento, de uma participação do policial militar no triste episódio que vitimou a pequena Agatha".
Uma operação policial no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, terminou com a morte de Ághata Vitória Sales Félix.
"Não iremos recuar. O governo do estado está no caminho certo, estamos reduzindo o número de homicídios dolosos e lamentamos profundamente que pessoas inocentes como a Ághata e como outras que já aconteceram no estado do Rio de Janeiro perderam suas vidas. Lamentamos profundamente e prestamos solidariedade às famílias", disse Fliess.
A Polícia Civil informou que deverá realizar uma reprodução simulada do assassinato da menina, ainda sem previsão de data.
Família rebate versão da PM
A família de Ághata rebateu a versão da Polícia Militar do Rio de Janeiro e negou ter havido confronto no Complexo do Alemão no momento em que ela foi baleada dentro de uma Kombi.
"Mais um na estatística. Vai chegar amanhã e morreu uma criança num confronto. Que confronto? A mãe dele passou lá e viu que não tinha confronto. Com quem? Porque não tinha ninguém, não tinha ninguém. Atirou por atirar na Kombi lá. Atirou na Kombi e matou a minha neta. Foi isso. Isso é confronto? A minha neta estava armada por acaso pra poder levar um tiro?", afirmou Airton Félix.
"Não foi o filho dele, nem a filha dele não, foi a filha de um trabalhador. Ela fala inglês, tem aula de balé, tem aula de tudo, era estudiosa. Ela não vivia na rua não. Agora vem o policial aí e atira em qualquer um que está na rua. Acertou minha neta. Perdi minha neta. Não era para perder ela, nem ninguém", completou o avô.
Ághata chegou a ser levada para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, também zona norte, mas teve a morte confirmada no local.
Testemunhas apontam que os policiais perseguiam uma moto quando houve o disparo que atingiu a criança.
Entidades criticam Witzel
O assassinato de Ághata motivou críticas de entidades contra a política de segurança pública do governo Wilson Witzel (PSC). A Defensoria Pública do Estado condenou a "opção pelo confronto", enquanto a seção Rio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) destacou o "recorde macabro" de 1249 pessoas mortas pela polícia no Estado de janeiro a agosto.
O dado foi divulgado na última quinta-feira pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). O número corresponde a uma alta de 16,2% nas mortes por intervenção de agentes do Estado em relação aos oito primeiros meses de 2018, uma média de cinco por dia. O governador do Rio, Wilson Witzel, defende abertamente o uso de atiradores de elite em operações policiais em comunidades, assim como o uso de snipers para abater criminosos. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, chegou a dizer: "A polícia vai mirar na cabecinha e...fogo!".
A Defensoria Pública afirma que a opção do governo pelo confronto tem se mostrado ineficaz. "A despeito do número recorde de 1.249 mortos em ações envolvendo agentes do estado apenas este ano, a sensação de insegurança permanece. No caso das favelas, ela se agrava", diz a nota. A entidade se solidariza com a família de Ághata e do policial Leonardo Oliveira dos Santos, atingido dentro de uma viatura em Niterói esta semana.
A OAB-RJ lamentou profundamente a morte de Ágatha, destacando que ela se soma à estatística de 1.249 pessoas mortas pela polícia nos oito primeiros meses do ano, que considera "um recorde macabro que este governo do Estado aparenta ostentar com orgulho".
Em nota no Twitter, a Anistia Internacional exige que o Estado assuma sua responsabilidade de proteger o direito humano à vida de todos e todas, independentemente de sua raça e independentemente do seu local de moradia. A entidade fez um alerta ao governador do Rio, Wilson Witzel.
"Como autoridade máxima de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, a responsabilidade do governador é prevenir e combater a violência com inteligência e levando em consideração que todas as vidas importam. E não deixar um rastro de vítimas que deveriam ser protegidas pelo Estado, como Ágatha e mais de mil pessoas mortas só este ano por agentes de segurança pública no Rio de Janeiro", alertou.
(Com Estadão Conteúdo)
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