IBGE: 10% mais ricos têm rendimento 13 vezes maior que os 40% mais pobres
Resumo da notícia
- Desigualdade cresceu e bateu recorde, segundo levantamento do IBGE
- 10% mais ricos têm rendimento 13 vezes maior do que os 40% mais pobres
- Estudo também aponta diferenças entre brancos e negros e homens e mulheres
A desigualdade de rendimentos cresceu no país em 2018 e alcançou o maior índice da série histórica da Síntese de Indicadores Sociais, iniciada em 2012 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
Os dados, divulgados hoje, mostram que, no ano passado, o rendimento dos 10% mais ricos foi 13 vezes maior que o dos 40% mais pobres.
A pesquisa revela que, desde 2016, o país passou a ter um aumento do rendimento médio das camadas mais ricas. Enquanto isso, houve queda entre os mais pobres, o que levou à diferença recorde.
"Até 2015 houve redução da desigualdade da renda do trabalho, segundo a razão de rendimentos habituais. A partir de 2016, observou-se movimento contrário, que, embora tenha permanecido estável no ano seguinte, se intensificou no último ano, alcançando 13 vezes, resultado mais alto da série. Quando o mercado de trabalho se mostrou aquecido, a dispersão dos rendimentos dos ocupados se tornou menor, indicando maior ganho", explica o estudo.
Diferença de rendimentos entre os 10% mais ricos para os 40% mais pobres
- 2012 - 12,9 vezes
- 2013 - 12,5 vezes
- 2014 - 12,5 vezes
- 2015 - 12 vezes
- 2016 - 12,4 vezes
- 2017 - 12,4 vezes
- 2018 - 13 vezes
Para o IBGE, a alta na diferença entre estratos veio porque a renda dos mais ricos cresceu em 2018. Já a dos mais pobres caiu no mesmo período. "Até 2015, a renda dos mais pobres crescia mais do que a dos ricos. Entre 2017 e 2018, o rendimento dos 10% mais ricos teve alta de 4,1%, enquanto os 40% mais pobres tiveram queda de 0,8%", aponta.
"Um efeito explicativo pode ser atribuído à valorização do salário mínimo no período, que, ao conceder ganhos reais não apenas aos trabalhadores que recebem o piso salarial oficial como também àqueles cujos rendimentos são por ele influenciados, reduz as diferenças de rendimentos apropriados pelos menores décimos da distribuição, relativamente ao topo da distribuição, exatamente o que ocorreu até 2015", explica o instituto.
Maranhão tem menor rendimento médio: R$ 607
Outro dado da pesquisa sobre desigualdade é o Índice de Gini, que apresentava tendência de queda entre 2012 e 2015 --quando atingiu o menor valor (0,524).
"A partir daí, o índice apresentou comportamento crescente, chegando a 0,545 em 2018, o maior valor da série apresentada", diz o documento do IBGE. Pela tabela, quanto mais perto de um, mais desigual é uma sociedade.
Por conta do aumento do rendimento dos mais ricos, o rendimento médio domiciliar cresceu em 2018, alcançando R$ 1.337 —contra R$ 1.285 em 2017. Isso interrompeu um ciclo de três anos de queda nos rendimentos, iniciado em 2015.
Evolução do Índice de Gini
- 2012 - 0,544
- 2013 - 0,533
- 2014 - 0,526
- 2015 - 0,524
- 2016 - 0,537
- 2017 - 0,538
- 2018 - 0,545
Em termos regionais, o Maranhão foi o estado que apresentou o menor rendimento médio: R$ 607. Já o Distrito Federal teve o maior: R$ 2.407.
O levantamento ainda revela que 57,6% dos rendimentos domiciliares per capita em 2018 eram iguais ou inferiores ao valor do salário mínimo (R$ 954 na época).
A partir de 2015, o IBGE também apontou que foi percebida uma queda na parcela proveniente dos trabalhos em relação a rendimentos de outras fontes e de aposentadorias e pensões.
"Isso pode estar relacionado com o aumento da desocupação observada no mesmo período. Ainda assim, o trabalho permaneceu como a principal fonte dos rendimentos, correspondendo a 72,4% do rendimento total em 2018, ao passo que aposentadoria e pensão (20,5%) e outras fontes (7%) correspondiam a uma parcela menor", afirma.
Desigualdade entre brancos e negros
Ainda sobre rendimentos, a pesquisa voltou a mostrar diferenças entre gêneros e raças. "Em 2018, os brancos ganhavam em média 73,9% mais do que pretos ou pardos. Os homens ganhavam, em média, 27,1% mais que as mulheres", diz.
As desigualdades de rendimento são marcantes quando a análise da distribuição do rendimento domiciliar per capita é feita para grupos de cor ou raça da população.
"Enquanto 16,4% da população branca estava entre os 10% com maiores rendimentos, apenas 5% da população preta ou parda encontrava-se nessa mesma classe de rendimentos em 2018. O inverso acontece entre os 10% com menores rendimentos, que abarcavam 13,5% da população preta ou parda diante de 5,5% da população branca. Em um cenário de perfeita igualdade racial haveria 10% das pessoas de cada grupo de cor ou raça distribuídas uniformemente pelas dez classes de rendimento."
Em 2018, os negros tiveram rendimento médio domiciliar per capita de R$ 934, diante do rendimento médio de R$ 1.846 das pessoas de cor ou raça branca. "Entre 2012 e 2018, houve ligeira redução dessa diferença, explicada por um aumento de 9,5% no rendimento médio de pretos ou pardos, ante um aumento de 8,2% do rendimento médio dos brancos", diz.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.