Caso Ághata Félix: "Erro individual e de política de segurança", diz defesa
A família de Ághata Félix, 8, soube pela imprensa que as investigações da Polícia Civil do Rio concluíram que o tiro que matou a criança foi disparado por um policial militar. O PM apontado como autor do disparo foi afastado das ruas e indiciado por homicídio doloso, mas vai responder ao crime em liberdade. O advogado da família, Rodrigo Mondego, disse que a mãe de Ághata, Vanessa Sales, ficou satisfeita com a resposta, mas receosa pelo policial não ter sido preso.
"A delegacia não informou sobre a conclusão do inquérito. Ela [a mãe de Ághata] soube ontem pela imprensa e ficou muito mal, não conseguiu dormir. O indiciamento está em acordo com o que a defesa entende, homicídio doloso, esse policial assumiu o risco de matar e mostra que a PM mentiu o tempo todo ao afirmar que houve disparos na região"
O advogado questionou ainda a ausência do pedido de prisão.
"Agora a gente vai conversar com o Ministério Público. A gente sabe que esse policial não deu tiro sozinho, ele teve respaldo para agir daquela maneira, o que não teria em outra localidade. Além do erro individual, há um erro de política de segurança", concluiu o advogado.
Em entrevista na manhã de hoje, o delegado Marcus Drucker, responsável pelas investigações, afirmou que não vê necessidade de pedir a prisão do PM.
Apesar de admitir que as apurações comprovaram que não havia tiroteio na localidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão, em 20 de setembro, e que o policial mentiu em depoimento sobre disparos vindos de uma moto que passava pela região, o delegado disse que o PM colaborou para o esclarecimento do caso e que, por isso, se contenta com indiciamento por homicídio doloso.
"O que a Polícia Civil apurou é que uma moto passou em velocidade, o policial atirou contra a moto. O projétil, por sua vez, bateu no poste, se fragmentou e atingiu a Ághata. A perícia não constatou tiroteio anterior. Houve, de fato, uma versão dele contrastante dos demais depoimentos, que pode ser interpretada como uma mentira, mas o policial não oferece risco para as investigações e sempre se prestou a colaborar", disse.
Apesar do reconhecido erro de execução do policial, o nome do suspeito foi preservado.
Procurada, a PM informou que o policial militar está afastado das ruas e que, em paralelo às investigações da DH, continua a apuração interna através do IPM (Inquérito Policial Militar).
"A Secretaria de Estado de Polícia Militar lamenta o triste episódio da pequena Ághata e reforça solidariedade à família. Sobre a investigação, a corporação esclarece que está dando o apoio necessário à Delegacia de Homicídios da Polícia Civil", disse a PM através de nota.
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