Caso Ághata: Tiro que matou a menina no Rio partiu de PM, conclui inquérito
Resumo da notícia
- Inquérito aponta que Ághata Félix, 8, foi morta por um policial militar
- O PM foi indiciado por homicídio doloso e afastado de UPP no Alemão
- Perícia diz que houve "erro de execução por parte do PM"
- O crime ocorreu em 20 de setembro na localidade da Fazendinha, no Alemão
- Além de Ághata, outras cinco crianças foram morta por balas perdidas no Rio em 2019
A Polícia Civil do Rio concluiu que o disparo que matou a menina Ághata Vitória Sales Félix, 8, partiu da arma de um policial militar. O caso ocorreu no dia 20 de setembro na localidade conhecida como Fazendinha, no Complexo do Alemão, na zona norte da capital fluminense. A criança estava em uma Kombi quando foi baleada.
O PM, lotado da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Fazendinha, foi indiciado por homicídio doloso (com intenção). O inquérito da DH (Delegacia de Homicídios), responsável pela investigação, foi encaminhado ao Ministério Público do Rio. O nome dele não foi divulgado. A polícia não pediu à Justiça a prisão do agente.
As investigações contaram com depoimentos de policiais militares em serviço pela UPP, outras testemunhas e resultados da perícia realizada no local. Uma reprodução simulada foi realizada no dia 1º de outubro.
"O resultado dessa perícia aponta, após criteriosa análise técnica, que houve erro de execução por parte do PM", informou a Polícia Civil.
Segundo as investigações, o policial atirou após a passagem de uma moto, "o projétil ricocheteou [bateu primeiramente em um poste] e atingiu Ághata no interior do veículo".
A versão de confronto com supostos traficantes sempre foi alegada pelo policial militar que efetuou o disparo, enquanto os familiares de Ághata e o motorista da Kombi negavam que tenha havido tiroteio. A polícia concluiu que não havia troca de tiros no momento em que a criança foi morta.
A polícia pediu o afastamento do policial responsável pelo disparo e o proibiu de manter contato com testemunhas que não sejam policiais militares.
Procurada, a PM informou que o policial militar está afastado das ruas e que, em paralelo às investigações da DH, continua a apuração interna através do IPM (Inquérito Policial Militar).
"A Secretaria de Estado de Polícia Militar lamenta o triste episódio da pequena Ághata e reforça solidariedade à família. Sobre a investigação, a corporação esclarece que está dando o apoio necessário à Delegacia de Homicídios da Polícia Civil", disse a PM através de nota.
Caso ocorreu há dois meses
A menina Ághata morreu depois de ter sido baleada quando viajava com a mãe, Vanessa Sales, em uma kombi, na comunidade Fazendinha.
Ela foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no Alemão, de onde foi transferida para o Hospital Getúlio Vargas. Ela chegou a ser operada durante cinco horas, mas não resistiu.
Segundo o Instituto Médico Legal, a menina foi vítima de lacerações no fígado, no rim direito e em vasos do abdômen, provocadas pelo tiro.
Ághata faz parte de um grupo de seis crianças que morreram vítimas de bala perdida neste ano. Na semana passada, Ketellen Umbelino de Oliveira Gomes, 5, morreu em Realengo, na zona oeste, quando ia de bicicleta com a mãe para a escola.
Houve um tiroteio na região e ela foi atingida. Um jovem apontado como assaltante seria o alvo dos disparos. Até agora, apenas o inquérito sobre Ágatha foi concluído.
PMs tentaram pegar projétil, diz revista
Em outubro, a revista Veja divulgou que policiais militares envolvidos no caso teriam invadido o hospital Getúlio Vargas para tentar levar a bala que matou a criança.
Segundo a publicação, pelo menos dez PMs foram à unidade na Penha, bairro da zona norte, e tentaram subtrair o projétil. Apesar da pressão, médicos e enfermeiros não entregaram fragmentos do objeto que foram enviados à Polícia Civil. Na ocasião, o governador Wilson Witzel (PSC) afirmou que o caso seria apurado com rigor.
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