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Empresário morto em acidente tinha 21 infrações por excesso de velocidade

Veículo ficou dividido ao meio após acidente - Divulgação PRF
Veículo ficou dividido ao meio após acidente Imagem: Divulgação PRF

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Ponta Grossa

30/06/2020 19h39Atualizada em 01/07/2020 12h33

O empresário catarinense Roberto Angeloni, de 51 anos, morto no último domingo (28) em um acidente de trânsito na BR-101, na Grande Florianópolis, contabilizava 21 infrações por excesso de limite de velocidade em sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Angeloni conduzia um carro de luxo quando perdeu o controle, bateu em uma caminhonete e depois colidiu em um poste. O impacto dividiu o veículo ao meio.

As infrações por exceder velocidade correspondem ao período de 2016 e 2019 e estão registradas no Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina (Detran-SC), conforme consultado pelo UOL. Além dessas, a CNH do empresário contabilizava outra por ultrapassagem pela direita. Essa é mais recente, de 22 de fevereiro de 2020, na BR-101, em Camboriú (SC).

Natural de Criciúma, Roberto era um dos donos da Rede Angeloni, que mantém supermercados em Santa Catarina e no Paraná. O empresário morava em Curitiba, era solteiro e sem filhos. Procurada pelo UOL, a família informou - através de assessoria de imprensa - que não se manifestará sobre as infrações de trânsito.

Por excesso de velocidade, segundo consulta ao Detran-SC, a CNH de Roberto Angeloni constava em aberto somente a última infração, de 16 de junho de 2019. O veículo, que era o mesmo do acidente, estava com velocidade acima de 20% do permitido, na BR-376, em Guaratuba, litoral paranaense.

A maioria das infrações registradas por excesso de velocidade é por ultrapassar determinado trecho até 20% do permitido. Para esse tipo de conduta, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) trata como falta média e penaliza com quatro pontos na CNH. Em outras três ocasiões, a velocidade estava acima entre 20% e 50%, com penalidade de cinco pontos por ser uma infração grave.

Nas infrações que não estão mais em aberto, o site do Detran-SC não mostra o local onde aconteceu o excesso de velocidade. Das 21 registradas na CNH do empresário, em sete ele conduzia o mesmo carro do acidente, sendo a mais antiga de 23 de julho de 2018. Angeloni adquiriu o carro três meses antes.

Carro de empresário vai a 100 km/h em 3 segundos

De acordo com o Detran-SC, o carro de Roberto Angeloni era um Mercedes-Benz AMG GT C Roadster. É o mesmo modelo confirmado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no acidente.

O site oficial da fabricante mostra que o veículo atinge 100 km/h em apenas 3,7 segundos, com uso de 557 cavalos de potência. O valor sugerido para um veículo novo é avaliado em R$ 1.496.900.

O trecho onde aconteceu o acidente que tirou a vida de Roberto Angeloni tinha como limite máximo 100 km/h. Segundo a PRF, pelas circunstâncias da tragédia, o empresário poderia estar acima do permitido. O resultado da perícia realizada no local é que determinará a velocidade estimada.

Dados levantados pela Polícia Rodoviária Federal e enviados hoje ao UOL apontam que o trecho onde aconteceu a tragédia que vitimou o empresário, na BR-101, registrou outros 15 acidentes de trânsito. Além de Angeloni, outras duas pessoas também perderam a vida nessas ocorrências. O número corresponde entre janeiro de 2017 a junho de 2020.

A responsável pelo trecho, a Arteris Litoral Sul, informou que a BR-101 "oferece plenas condições de segurança para o trânsito em concordância com as normas técnicas e leis de trânsito - desde que se observe o limite máximo de velocidade".

Carros de luxo em estradas

Segundo inspetor da PRF de Santa Catarina, Luiz Graziano, é desaconselhável pilotar um veículo semelhante ao conduzido por Angeloni nas estradas brasileiras em razão das condições das pistas, apesar da estabilidade na direção.

"É desaconselhável um carro desse para as nossas rodovias. O carro dele tem uma estabilidade fantástica porque o pneu é quatro vezes de um veículo normal, então foi fabricado para correr. Porém, as nossas rodovias não estão preparadas, pois se entrar em uma curva, qualquer ondulação faz perder o controle. É para andar em alta velocidade em uma condição perfeita", analisou.

O inspetor afirma que não existe outra orientação: "respeitar o limite de velocidade".

"A pessoa que compra um carro que vai a mais de 300 quilômetros por hora deve querer sentir a vontade de testar [a velocidade]. O motorista tem que se controlar e respeitar o limite de velocidade. Não tem outra orientação", recomendou.

O acidente

A tragédia com Roberto Angeloni foi registrada no fim da manhã de domingo, no perímetro de Biguaçú, na Grande Florianópolis. Segundo a PRF, o empresário seguia no quilômetro 184 da BR-101, quando perdeu o controle ao sair de uma curva.

O carro dirigido por Angeloni atingiu uma caminhonete modelo Ranger, que seguia na mesma direção sentido Curitiba, e saiu da pista, colidindo em um poste à margem da rodovia. Com o impacto, o veículo se dividiu ao meio.

Na caminhonete estava um casal. A mulher precisou ser levada ao Hospital Regional de São José, ainda na Grande Florianópolis, e liberada no mesmo dia. O homem não sofreu ferimento.

Em nota, o Grupo Angeloni informou que Roberto "atualmente ocupava o cargo de gerente de operações da Rede".

"Seu falecimento precoce deixa ainda imensa lacuna entre amigos e colegas, que guardam a imagem de um profissional sério e dedicado, que tinha como sonho levar o Angeloni a uma posição sempre mais destacada", concluiu.

O empresário foi cremado ontem em Içara, em Santa Catarina, em uma cerimônia aberta somente para amigos íntimos e familiares.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do publicado no quinto parágrafo, a maioria das penalidades sofrida pelo empresário era por o excesso de velocidade de até 20%, e três entre 20% e 50%, e não a maioria entre 20% e 50%. As informações foram corrigidas.