"Pais ficaram assustados", diz delegado sobre jovem e caso do Homem Pateta
Resumo da notícia
- Ao menos seis boletins de ocorrência foram registrados com relatos de interação com perfis de homem vestido como o personagem da Disney
- Investigação chegou a um adolescente de 12 anos que estava usando um perfil para, segundo ele, brincar com colegas
- Segundo delegado, jovem foi influenciado por um canal no YouTube que falava sobre o caso e quis pregar uma peça
- Pais não notaram nada de diferente em seu comportamento e não imaginavam o que estava acontecendo
- Menino foi atrás de colegas com os quais não tinha muita intimidade, mas de que tinha informações como onde moravam e onde estudavam
Apesar da experiência com crimes cibernéticos, o delegado Rodrigo Ayres, da Delegacia Seccional de Sorocaba, nunca havia investigado de perto casos como o que envolve o chamado "Homem Pateta". Nas últimas semanas, Ayres notou ao menos seis boletins de ocorrência que registravam relatos de perfis com o nome Jonathan Galindo e a foto macabra de um homem vestido como o personagem da Disney.
Na sexta (10), a investigação chegou a um adolescente de 12 anos que estava usando um perfil para, segundo ele, brincar com colegas.
"Em um primeiro momento, ele negou o envolvimento, mas depois viu que tínhamos provas e admitiu que tinha feito uma brincadeira", diz o delegado ao UOL.
"Ele disse que foi influenciado por um canal no YouTube que falava sobre o Homem Pateta e quis pregar uma peça. Os pais dele ficaram assustados com a situação", afirma Ayres.
Segundo o delegado, os pais do adolescente não notaram nada de diferente em seu comportamento e não imaginavam o que estava acontecendo. Eles afirmaram que o jovem passava bastante tempo em frente à tela do celular, mas nada que levantasse qualquer indagação, levando em consideração o contexto da pandemia de covid-19.
Como outros "jogos" cibernéticos que ganharam mais notoriedade a partir de 2017 — como "Baleia Azul" e boneca "Momo"—, os perfis falsos de nome Jonathan Galindo e com a foto do "Homem Pateta" podem induzir crianças à automutilação e ao suicídio por meio de "desafios". No Brasil, policiais do Mato Grosso do Sul e de Santa Catarina também registraram relatos que envolvem estes perfis.
Os policiais de Sorocaba chegaram ao adolescente após rastrearem seu celular, que enviou mensagens para outras crianças com entre 12 e 14 anos.
O jovem foi atrás de colegas com os quais não tinha muita intimidade, mas de que tinha informações como onde moravam e onde estudavam. Dessa forma, ele se passou pelo "Homem Pateta" e começou a assustá-las, fazendo menções como "eu sei onde você mora" e "sei em qual escola você estuda".
A irmã de 21 anos de um dos adolescentes que foi contatado fez um boletim de ocorrência e, a partir do número de WhatsApp, os policiais conseguiram rastrear o paradeiro do adolescente. O aplicativo de mensagens instantâneas não costuma ser o mais utilizado pelos que se passam pelo "Homem-Pateta", explica Ayres.
Mas, em outros casos, diz o delegado, a partir de um primeiro contato pelo Facebook ou Instagram, por vezes os perfis pedem aos contatados para passarem seus números de celular.
"Não muda muito para nós. O que acontece é que as pessoas usam o Facebook e o Instagram na maioria das vezes pelo celular, e a partir da investigação conseguimos chegar no número, independente do WhatsApp", diz o delegado.
Na operação realizada pela polícia, o celular foi apreendido e vai passar por perícia. Segundo o delegado Rodrigo Ayres, a delegacia vai acompanhar de perto os boletins de ocorrência para monitorar casos semelhantes.
O caso
O caso do "Homem Pateta" relembra outras situações que repercutiram muito na internet, como o da "Baleia Azul" ou da boneca "Momo". São perfis que instigam crianças e adolescentes, por meio de "desafios" e "brincadeiras", à automutilação e, por vezes, ao pensamento suicida.
Em Santa Catarina, por exemplo, a situação veio à tona no programa "Conhecer Para Se Proteger", que tem como objetivo conscientizar pais, responsáveis, professores, crianças e adolescentes com palestras sobre os perigos da internet, conforme mostrado pelo UOL.
Os perfis com o nome Jonathan Galindo e uma imagem de um homem vestido de Pateta passaram a se multiplicar nas redes (hoje, há menos perfis e alguns de protesto contra a sua atuação, como o "jonathangalindoresistance"), em especial no Facebook e no Instagram.
Em um desses perfis, acessados no dia anterior à publicação desta reportagem, com cerca de 500 seguidores, uma mensagem nos "stories" dizia "compartilhe estas mensagens mais de 20 vezes para ter uma resposta".
Algumas dessas páginas têm conteúdo em português. Houve relatos de mães que viram seus filhos ou familiares crianças dialogando com perfis com a fotografia assustadora.
O homem que aparece nas fotografias seria James Fazzaro, cineasta, maquiador e dono da empresa JMF Filmworks. Há registros dele divulgando suas imagens fantasiado de Pateta em 2012 e 2014, e, até o momento, não há qualquer informação sobre sua relação com o caso.
Gary and Larry LeGeuff: wretched brothers
Posted by James Fazzaro on Sunday, March 23, 2014
Os primeiros casos dos supostos desafios suicidas ainda são pouco conhecidos, mas há especulações de que estes relacionados ao "Homem Pateta" tenham aparecido pela primeira vez na Europa e no México em 2017.
No último dia 30, a Polícia Federal informou que está investigando o caso e orientou pais e mães para que mantenham proximidade aos filhos quando estes estiverem utilizando a internet.
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