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SP: Abertura do metrô tem atraso e gera aglomeração em estações

Wanderley Preite Sobrinho e Fabio de Mello Castanho

Do UOL, em São Paulo

28/07/2020 06h38Atualizada em 28/07/2020 09h07

Embora o Sindicato dos Metroviários tenha cancelado a greve em São Paulo, passageiros do metrô encontraram dificuldades para utilizar o sistema na manhã de hoje na capital paulista.

A abertura de estações, que normalmente ocorre às 4h40, teve atraso e a operação integral só foi estabelecida por volta das 7h40. Houve problemas nas linhas 1-azul, e 2-verde, 3-vermelha e 15-prata.

Apesar de o metrô estar em operação com o cancelamento da greve, a Prefeitura de São Paulo manteve a suspensão do rodízio de veículos.

Aglomerações

A demora para o início da operação, com a maioria das estações abrindo os portões a partir das 6h, gerou aglomerações nas mais movimentadas. Na Corinthians-Itaquera, por exemplo, a abertura ocorreu às 6h35, o que causou filas.

Por volta das 7h15, a linha 3-vermelha teve todas as estações abertas.

As linhas 1-azul e 15-prata foram normalizaram às 7h39, segundo o Metrô. Já a linha 2-verde continuou parada entre as estações Vila Madalena e Clínicas até as 8h27, quando elas também foram abertas.

Secretário critica metroviários; Sindicato culpa governo

Em entrevista à TV Globo, o Secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy, disse que a demora para o início da operação ocorreu devido ao horário da suspensão da greve (anunciado por volta das 2h30) e a falta de tempo hábil para a chegada de funcionários. Porém, ele cobrou o sindicato pelo que considerou falha na comunicação.

"A nossa compreensão era de que todos pudessem estar trabalhando para a operação normal às 4h40. Nós acreditávamos que estaria restabelecida, assim tratei com sindicato. E a operação estaria normal de acordo com eles", disse.

Já o representante do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo Prazeres, rebateu, dizendo que a proposta do governo foi apresentada às 23h (de Brasília), o que limitou o tempo para definição a tempo da abertura normal.

"Mesmo assim, os metroviários voltaram ao trabalho e agora, como vocês tão falando, as estações estão todas abertas graças ao esforço da categoria, que é muito bem aceita pela população o nosso trabalho é de excelência na cidade de São Paulo", disse, em entrevista à TV Globo.

Os metroviários alegam que a última proposta salarial prevê a redução do adicional noturno (de 50% para 20%), do pagamento de horas extras (de 100% para 50%) e o corte dos salários em 10%.

"Não vou me arriscar em metrô lotado"

O início da manhã ficou marcado por aglomerações na estação Itaquera até a abertura por volta das 6h35 (de Brasília). O auxiliar de limpeza Mário Alvez, 33, chegou às 5h20 na estação, mas encontrou apenas o trem funcionando. "Trabalho na Barra Funda, levo 40 minutos daqui", afirmou ao UOL. "Se for de ônibus, vou precisar pegar um até o Terminal Dom Pedro, outro até a Cachoeirinha e outro até a Barra Funda. Vou esperar abrir o metrô".

A segurança Giudete Lourdes dos Santos, 48, não sabia da greve. Moradora de Guaianases, ela acorda todos os dias às 4h30 para chegar às 6h25 no Sumaré, o de trabalha. "Cheguei aqui e estava essa multidão", disse. "Vou esperar abrir porque se não vou ter de pegar uns cinco ônibus pra chegar."

Ela avisou que, depois que o metrô abrisse, iria esperar até que a aglomeração diminuísse. "Não tem como pegar metrô desse jeito com essa pandemia. Não vou me arriscar em metrô lotado", disse.

Esse é o medo da analista financeira Tânia Cristina Umbelino, 49. "Eu só vim porque deu na TV que o metro abriria às 6h. Se continuar fechado volto pra casa trabalhar de lá", afirmou Tania, que todos os dias sai da Parada 15 de Novembro, onde mora, e vai para a Saúde, na zona sul. "Estou afastada das pessoas porque estou com medo do coronavírus."

Tânia Cristina Umbelino - Wanderley Preite Sobrinho/UOL - Wanderley Preite Sobrinho/UOL
Tânia Cristina Umbelino, 49, na estação Corinthians/Itaquera
Imagem: Wanderley Preite Sobrinho/UOL

Lotação em trens e plataformas

A demora para normalização da operação provocou maior lotação do que o normal no sistema. Na estação Sé, a plataforma de embarque para a linha azul sentido Jabaquara está com mais pessoas aglomeradas do que nos dias sem greve, segundo os usuários. A reportagem do UOL também presenciou um metrô lotado na linha 3-Vermelha, no sentido Palmeiras-Barra Funda.

No Terminal Jabaquara, o metrô só abriu às 7h, provocando aglomeração no terminal de ônibus até 7h30, segundo funcionários. Por volta das 8h, a movimentação já era normal.

Metrô lotado - Wanderley Leite Sobrinho/UOL - Wanderley Leite Sobrinho/UOL
28/07/2020 - Metrô da Linha 3-Vermelha lotado no sentido Palmeiras-Barra Funda
Imagem: Wanderley Leite Sobrinho/UOL

Suspensão da greve

A suspensão da greve foi decidida após assembleia do Sindicato dos Metroviários de São Paulo durante a madrugada. Aproximadamente 80% dos participantes aprovaram a suspensão.

Uma nova avaliação da greve deve acontecer pela manhã, já que muitos trabalhadores não participaram da assembleia da madrugada. Durante transmissão virtual nas redes sociais, integrantes do sindicato afirmaram que a decisão veio após conversas com o secretário de Transportes Metropolitanos.

Ontem, os trabalhadores tinham aprovado a greve em assembleia virtual em protesto contra o corte de salários e direitos.