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Padrasto preso suspeito por matar criança esfaqueou esposa grávida em 2018

Reginaldo Lima, padrasto de Danilo Souza -  Polícia Civil de Goiás
Reginaldo Lima, padrasto de Danilo Souza Imagem: Polícia Civil de Goiás

Galtiery Rodrigues

Colaboração para o UOL, em Goiânia

01/08/2020 13h58

O padrasto preso ontem, em Goiânia, suspeito de assassinar e abandonar o corpo do enteado Danilo de Sousa Silva, de 7 anos, em um lamaçal, responde na Justiça por ter tentado matar a mãe do menino a facadas, em outubro de 2018.

Após uma discussão, Reginaldo Lima dos Santos esfaqueou Gracilene Almeida da Silva pelas costas. Na época, ela estava grávida de oito meses, teve o pulmão atingido pela perfuração, foi internada numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e precisou antecipar o parto.

Segundo dados do processo, que tramita no 4º Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, em Goiás, confirmados pelo advogado que defendeu Reginaldo, na época, o criminalista Hudson Thiago Nero de Oliveira, ele fugiu de casa no dia do ocorrido, 16 de outubro de 2018, e no dia seguinte apresentou-se à polícia.

Reginaldo foi preso preventivamente por tentativa de feminicídio e ficou detido até o ano passado na Casa de Prisão Provisória (CPP), no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Pedidos de revogação da prisão foram negados, inicialmente, pela Justiça, que entendeu pela necessidade de mantê-lo preso, em razão do risco que ele significava para a mulher.

"Eles trabalhavam com reciclagem. Quando fui fazer a entrevista do cliente, soube que eles brigavam muito e ele disse que a facada teria sido acidental", conta o advogado Hudson de Oliveira. Depoimentos de testemunhas presentes no processo relataram as discussões frequentes entre os dois e os sinais de agressividade de Reginaldo.

Gracilene contou nos autos que tudo começou, após ela receber uma ligação de telemarketing. Ela estava na área da casa trabalhando, cortando uns plásticos com uma faca, quando o telefone tocou. Reginaldo ficou enciumado e começou a dizer que era o ex-namorado dela, xingando a companheira e dizendo que ela estava o traindo.

Ao virar bruscamente, Gracilene, com uma faca na mão, fez um corte pequeno no braço de Reginaldo, acidentalmente. Em seguida, para finalizar a briga, ela disse que estava de saída, que iria para a casa da mãe. Foi quando ela sentiu o marido segurando-a pelo braço e dando a facada nas costas, atingindo um centímetro do pulmão esquerdo.

Gracilene chegou a ser aconselhada por pessoas próximas a se separar de Reginaldo, diante dos sinais de agressividade, mas, segundo as testemunhas do processo, ela tinha muito medo dele e do que ele poderia fazer.

Após a soltura, no ano passado, eles continuaram juntos e seguiram na mesma casa, no Parque Santa Rita, bairro da periferia de Goiânia, até a descoberta, agora, do envolvimento dele na morte de Danilo, filho dela fruto de um relacionamento anterior.

O UOL tentou contato com a defesa de Reginaldo, no caso da morte da criança, mas ainda não conseguiu localizar o advogado.

"É armação. Jamais mataria uma criança"

Danilo de Souza, 7 anos - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Após ser preso, ontem, ele chegou à delegacia dizendo-se inocente: "Sou inocente. Isso aí é laço, é laço. É armação. Jamais mataria uma criança", disse. O depoimento do rapaz que teria sido o comparsa no crime, no entanto, contrapõe a versão de Reginaldo. Hian Alves de Oliveira, de 18 anos, confessou ter ajudado a levar Danilo para a mata, onde ele foi assassinado.

O garoto sumiu no dia 21 de julho. A investigação inicial era de desaparecimento e as buscas feitas por equipes da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) localizaram o corpo do menino na segunda-feira (27) em um lamaçal numa mata a 100 metros da casa onde ele morava.

Os sinais de assassinato fizeram o caso ser encaminhado para a delegacia especializada em investigação de Homicídios (DIH). De acordo com a perícia, Danilo morreu afogado, após inalar lama e água do local onde foi encontrado, mas sofreu agressões antes de morrer. Hian disse à polícia que Reginaldo chegou a pisar no pescoço e na cabeça do menino para que ele não gritasse.

A força-tarefa criada para elucidar a morte chegou à conclusão de envolvimento do padrasto e do comparsa, que estava morando há uns meses, como filho adotivo, na casa de um pastor, que fica na mesma rua onde Danilo morava com a família.

Em depoimento, Hian relatou que foi procurado por Reginaldo, que prometeu uma moto e um carro, caso ele ajudasse no plano de morte da criança. O motivo seria uma vingança pelo suposto mau comportamento do menino.

Responsável pelo caso, o delegado Ernane Cázer informou ainda que o padrasto sentia aversão pelos enteados, filhos da esposa frutos de outros relacionamentos. "A questão foi maldade mesmo, puramente com o objetivo de matar a criança", disse o delegado ontem, durante entrevista coletiva.