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"Provável causa da morte é asfixia", diz delegada do caso Carrefour no RS

Do UOL, em Porto Alegre

20/11/2020 14h13

Responsável pela investigação da morte de João Alberto Silveira Freitas, 40, na noite de ontem no supermercado Carrefour, na zona Norte de Porto Alegre, a delegada Roberta Bertoldo afirmou que a provável causa da morte da vítima é asfixia.

"Se supõe que ele tenha sido asfixiado, ou seja, não conseguia respirar bem naquele momento e, por isso, entrou em óbito", relatou. Conforme o Instituto Geral de Perícias (IGP), a previsão é de que o laudo pericial, que confirmará a causa da morte, seja divulgado ainda nesta sexta-feira.

A investigação foi iniciada já durante a madrugada, pelo delegado plantonista Leandro Bodoia, que foi ao local fazer o atendimento. De manhã, a 2ª DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa), da qual a delegada Bertoldo é titular, assumiu o caso. Dois homens, ambos brancos, foram presos: um segurança do local e um policial militar temporário.

O foco, neste momento, é na coleta das imagens do local, que serão analisadas, e na verificação da presença de testemunhas que possam prestar depoimento.

Não há previsão de quanto tempo levará para a conclusão da investigação, mas Bertoldo considera que o caso não é complexo, uma vez que a autoria já está definida e duas pessoas já foram presas em flagrante. A delegada, contudo, não descarta que mais pessoas sejam responsabilizadas pelo crime.

A causa do conflito, por enquanto, ainda é desconhecida. "Se verificou que provavelmente houve algum incidente entre a vítima e fiscais do supermercado, o que não está esclarecido", afirmou Bertoldo. Segundo a delegada, as imagens que já foram observadas não apresentam nada de anormal e que, nem a vítima, nem a caixa do supermercado pareceram ter se alterado durante sua interação.

João acompanhava seguranças quando briga começou, diz delegada

"Esse senhor foi conduzido para fora do supermercado e vemos isso na imagem, que ele vai caminhando, até que ele se volta e dá um soco no segurança, e aí se inicia a série de agressões ininterruptas deles, até que ele falece, por conta de como ocorreu essa contenção", descreve Bertoldo.

Em vídeo no qual prestou solidariedade à família e aos amigos de Freitas, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou que a Polícia Civil já realizou indiciamento por homicídio triplamente qualificado e que, ainda que o PM temporário realizasse exclusivamente atividades administrativas e não estivesse a serviço no local, a Brigada Militar já abriu processo para realizar o desligamento do indivíduo da corporação. O governador assegurou ainda que a Secretaria Estadual de Direitos Humanos, em parceria com organizações da sociedade civil, acompanhará de perto a investigação.

"Não faltarão esforços para punir aqueles que agiram com absoluta inépcia em um crime bárbaro, na medida em que as imagens são incontestes. Da parte do Estado, faremos o processo do inquérito criminal, que será levado ao Ministério Público, onde certamente o processo no Judiciário vai ocorrer, que dará, sem dúvida, sentença exemplar para aqueles que cometeram este crime", declarou o governador.

A chefe de Polícia do Rio Grande do Sul, delegada Nadine Anflor, que também participou do vídeo, pontuou que duas pessoas foram presas e outras duas serão investigadas. A dupla foi autuada por homicídio triplamente qualificado, por asfixia e por impossibilidade de resistência das vítimas. "As imagens são muito chocantes", reconhece.