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Amapá segue sem energia integral um dia após Bolsonaro ativar geradores

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) visitou ontem subestação de energia em Macapá, capital do Amapá - Gabriel Dias/UOL
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) visitou ontem subestação de energia em Macapá, capital do Amapá Imagem: Gabriel Dias/UOL

Gabriel Dias

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/11/2020 12h23

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), esteve ontem (21) ativando os geradores termoelétricos contratados para ajudar no fornecimento de energia elétrica ao Amapá. A expectativa era que os equipamentos fornecessem eletricidade suficiente para amenizar a crise, no entanto, alguns moradores reclamam que seguem sem o fornecimento integral do serviço.

O estado sofreu um blecaute total no dia 3 de novembro em 13 dos seus 16 municípios. A energia começou a ser restabelecida no dia 7, mas em regime de rodízio. Um novo apagão no Amapá chegou a ocorrer na noite de 17 de novembro.

O presidente Jair Bolsonaro escreveu hoje cedo em sua conta no Twitter que a "energia está retornando ao Amapá". Ele também agradeceu o acolhimento de seus apoiadores no estado.

O fornecimento de energia vem acontecendo em regime de rodízio, com intervalos de 4 horas durante o dia e de 3 horas durante a noite. A expectativa era que as duas usinas termoelétricas, no Santa Rita e em Santana, produzissem 45 megawatts de energia para que o estado atingisse a sua carga normal de consumo.

A historiadora Marcella Viana, 27, é moradora do bairro do Muca, na zona Sul de Macapá. Ela relatou ao UOL que a maioria dos bairros seguem sem o fornecimento integral de energia e que, em muitos casos, o racionamento não está sendo respeitado.

"O fornecimento está um caos. Não sabemos a hora que vai embora, a hora que volta. Além disso, passamos 24h sem água. Lá não é poço, logo, quando vai a energia vai a água também. Ontem ficamos no escuro o dia todo e tivemos energia durante umas 3h à tarde e de madrugada", contou a amapaense.

Para a estudante de enfermagem, Cárita Suelen, 24, fica difícil acreditar na normalização do fornecimento de energia após o descumprimento de vários prazos dados pelo Ministério de Minas e Energia, o ONS (Operador Nacional do Sistema) e a LMTE (Linhas de Macapá Transmissora de Energia).

"Pelo que vi, não mudou nada, continuou no racionamento e eu também não entendi o motivo dele [Jair Bolsonaro] ter vindo apertar o botão. Eu não tenho confiança nenhuma nesse prazo, eu espero muito que seja verdade, a gente sofre vendo o sofrimento da população, mas apesar de tudo, ainda resta um pouquinho de esperança", comentou Cárita.

Fornecimento progressivo

Durante a visita de ontem, Bolsonaro anunciou que "o estado está se aproximando dos 100% [do fornecimento de energia]" e que de forma progressiva esse fornecimento deve atingir a carga necessária para atingir a normalidade.

A montagem e ativação das usinas termoelétricas foi possível após a compra, de forma emergencial, de 45 megawatts — 25 megawatts para a subestação de Santana e outros 20 megawatts para a de Santa Rita —, com autorização do governo federal. A medida também faz parte de um plano de ação para evitar que o estado sofra com novos apagões.

Solução definitiva

A solução definitiva para o problema será o funcionamento do transformador montado na subestação de responsabilidade da LMTE (Linhas de Macapá Transmissora de Energia), que pegou fogo no dia 3 de novembro, causando o blecaute que atingiu 13 dos 16 municípios do estado.

A previsão da empresa é que a montagem do equipamento seja concluída até o dia 26 de novembro. Além disso, um outro transformador deverá ser em breve transportado de Boa Vista (RR) até Macapá para dar a segurança recomendada para evitar novos blecautes.