Cartas ligam síndica a amante em suspeita de morte de vizinho, diz polícia
A Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou cartas que podem reforçar a tese de suspeita de envolvimento em conjunto de uma síndica de condomínio e seu amante na morte do empresário Carlos Eduardo Monttechiari. O motivo do crime, segundo a investigação, foi uma briga de condomínio.
Ontem, as defesas dos suspeitos Priscilla de Oliveira e Leonardo Lima entraram com um pedido para que a prisão de ambos seja revogada ou que ao menos os dois tenham a prisão domiciliar concedida.
A Polícia Civil informou que após o homem realizar uma série de denúncias, Priscilla e Leonardo — respectivamente síndica e funcionário do London Green Park, que fica na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade — tiveram envolvimento no assassinato ocorrido no dia 1º de fevereiro. Carlos Eduardo foi baleado no tórax e no abdômen e não resistiu aos ferimentos.
Cartas
A Polícia Civil confirmou ao UOL que teve acesso a cartas trocadas entre Priscilla de Oliveira e Leonardo Lima em dias comemorativos como Natal e aniversário.
Em uma delas, a mulher escreve: "Amor, Leo, querido! Hoje é um dia especial porque é o dia que você veio na Terra abençoado e permitido por Deus. Meus parabéns e muita saúde. Que, independente de qualquer coisa, possamos sempre estar próximos compartilhando os momentos. Eu que te agradeço por tudo".
De acordo com as investigações, essa troca de afeto indica que o crime pode ter sido realizado para buscar uma satisfação para Priscilla já que a mesma, segundo moradores, demonstrava insatisfação com as acusações de Carlos Eduardo Monttechiari.
Prisão domiciliar
Em conversa ao UOL, o advogado Norley Thomaz Lauand, que representa Priscilla, disse que entrou com um pedido para que a Justiça revogue ou converta a prisão temporária para domiciliar por questões de saúde e pela síndica não ter envolvimento com o crime.
"O pedido principal é a revogação da prisão temporária diante da fragilidade de elementos mínimos indiciários que corroborem para a participação dela [Priscilla]. Na verdade quem descobriu fraudes e rombos foi a gestão dela", explicou a defesa.
Ainda segundo Norley, "não tem nenhum depoimento que coloque ela [Priscilla] na cena do crime ou como mandante. Ela só está presa por causa desse relacionamento amoroso. Só tem depoimentos que mostram a rixa que tinha entre as duas chapas desde a eleição dela", explica a defesa.
O advogado falou ainda que recentemente Priscilla de Oliveira passou pela remoção de um mioma e ainda estava se recuperando da cirurgia. "Ela teve um sangramento na prisão. Ela está muito abalada, surpresa, fica dizendo 'tô presa, não acredito'."
A reportagem também conversou com a defesa de Leonardo Lima, suspeito de realizar os disparos contra o empresário. Para o advogado Charles Santolia a prisão foi arbitrária.
"Eles [a polícia e o delegado] não deixaram eu ter contato com ele, tomaram o depoimento [interrogatório] à revelia, sem a presença do advogado. Não foi permitido ele ligar para ninguém, para nenhum familiar. Vou entrar com um pedido para que Leonardo preste um novo depoimento. Nas imagens é impossível a polícia dizer que é ele. Nem a mãe reconheceu o filho, como é que o delegado está reconhecendo ele?", disse o advogado.
Para Charles Santolia, "a investigação até pode ter começado certa, o delegado tem o livre arbítrio de ouvir quem ele quiser para ele conseguir solucionar o crime, mas a tomada de depoimento, sem profissional, não existe. Vamos pedir então não só a revogação, como também a anulação do depoimento, vendo a possibilidade até de imputar o crime de abuso de autoridade".
Entenda o caso
Na manhã do dia 1º de fevereiro, em imagens de câmeras de segurança de um depósito de gás, em Vila Kosmos, na zona norte do Rio, é possível ver o carro da vítima estacionado e um outro veículo parado à frente.
Em determinado momento, um homem — identificado posteriormente como Leonardo Lima — desce do carro e vai até o veículo de Carlos Eduardo. Quando o homem abre a porta do automóvel, o criminoso dispara.
O vídeo mostra ainda que, segundos depois, Carlos Eduardo consegue deixar o local dirigindo, mesmo ferido no tórax e no abdômen. A vítima chegou a ficar internada, mas morreu no dia seguinte ao ocorrido.
Ontem, a Polícia Civil do Rio prendeu Priscilla de Oliveira e Leonardo Lima por suspeitas de envolvimento dos dois na morte do empresário devido a uma briga de condomínio.
As investigações apontam que o assassinato aconteceu após o Carlos Eduardo realizar uma série de denúncias contra a síndica do London Green Park. Testemunhas afirmam que Carlos Eduardo alegava que Priscilla de Oliveira teria desviado pouco mais de R$ 800 mil das contas do condomínio através de notas fiscais fraudulentas - versão que a defesa nega.
Os dois, que não tinham antecedentes criminais, seguem presos temporariamente por 30 dias até que a polícia conclua as investigações do homicídio. Além deles, os agentes ainda tentam descobrir quem era o motorista que teria ajudado Leonardo Lima fugir.
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