Topo

Esse conteúdo é antigo

'Parece que o tempo parou', diz mãe de gêmea assassinada em MG

Gabriela cursava medicina no Uruguai - mas estudava remotamente durante a pandemia - Reprodução/Instagram
Gabriela cursava medicina no Uruguai - mas estudava remotamente durante a pandemia Imagem: Reprodução/Instagram

Rodrigo Scapolatempore

Colaboração ao UOl, em Uberlândia (MG)

15/04/2021 15h17

"O que sinto agora não consigo nem definir, sentimento de dor, parece que o tempo parou". A declaração é da mãe de Gabriela Meirelles, estudante de medicina de 20 anos morta e enterrada no quintal de uma casa em Araguari (MG) pelo mototaxista José Hamilton de Jesus neste final de semana.

A diarista Cristiane Meirelles contou hoje ao UOL que a filha estava há cerca de dois anos fora de casa e que tinha terminado um relacionamento antes de ir para Uberlândia, que fica a 30 km do local do crime. Ela relembrou a criação dura que teve com gêmeas, vendendo salgados e fazendo faxinas.

"Ela estava residindo em Angra dos Reis, onde tinha terminado um relacionamento, antes de ir para o Triângulo Mineiro. Sei que tinha pouco tempo que estava lá e era tudo que eu sabia", afirmou ela. Gabriela fazia um curso de medicina do Uruguai - remotamente em tempos de pandemia - e pensava em orgulhar a família, como contou a irmã gêmea da jovem.

mãe - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Cristiane desabafou sobre a morte de Gabriela
Imagem: Arquivo Pessoal

Força de mãe

Emocionada, a mãe diz que já teve forças para perdoar o criminoso e pensar em outras possíveis vítimas do homem de 43 anos, morto em confronto com a polícia após tentativa de fuga.

"O que me conforta é que a justiça foi feita e que ele não vai fazer isso com mais ninguém. Tamanha crueldade pela qual minha filha passou, sei que ele faria com outras. Mas, neste momento, por mim e por ela, para que eu possa continuar minha vida, sei que tenho que dar o perdão para ele", enfatizou.

Criação das gêmeas

Cristiane contou também como foi difícil cuidar das gêmeas idênticas, Gabriela e Itamara. "Só eu sei como foi duro. Criei as meninas vendendo salgados na rua e fazendo faxina, tudo que passei foi por elas".

Ontem, a irmã dela contou que a vítima foi atraída pelo sonho de juntar dinheiro em Uberlândia para pagar a faculdade de Medicina no Uruguai, e que o autor a teria convencido de que a cidade mineira era um bom lugar. Eles se conheceram na Internet.

gêmeas - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Gabriela (à esquerda), estudante de medicina, ao lado da irmã
Imagem: Reprodução/Instagram

Desabafo

José Hamilton de Jesus já cumpriu 12 anos de prisão pelo homicídio da esposa, em 2006, também em Araguari. Segundo Cristiane, é disso que as pessoas deveriam estar falando. "O rapaz já tinha esse histórico, ele não estava apto a viver na sociedade de novo. Fica o alerta".

A diarista também pediu que a morte da filha fosse tratada com respeito. "Ela era um ser humano que sentia dores, alegrias e tinha o sonho de ser médica, e que foi interrompido. Nada importa além disso".

Gabriela foi enterrada em São José dos Campos (SP), sua cidade natal, nesta terça-feira (13).

"Só eu sei o jeito que eu vi ela pela última vez, mas dou graças a Deus que o corpo foi encontrado, imagina quantas meninas passam por isso e os pais nunca vão poder se despedir", completou.

O crime

A estudante foi morta com um tiro na cabeça na madrugada de sábado (10), mesmo depois de ter enviado mensagens com a localização para uma amiga e revelar que estava com medo, conforme confirmaram prints divulgados.

Após parar de retornar as mensagens, a amiga desconfiou e reportou à polícia. Segundo a PM, o corpo de Gabriela estava enterrado no quintal da casa, perto de um canil. Uma enxada e uma pá ainda suja também foram apreendidas.

O moto taxista foi encontrado no dia seguinte, trocou tiros com os policiais e morreu. As investigações do caso continuam.