'Parece que o tempo parou', diz mãe de gêmea assassinada em MG
"O que sinto agora não consigo nem definir, sentimento de dor, parece que o tempo parou". A declaração é da mãe de Gabriela Meirelles, estudante de medicina de 20 anos morta e enterrada no quintal de uma casa em Araguari (MG) pelo mototaxista José Hamilton de Jesus neste final de semana.
A diarista Cristiane Meirelles contou hoje ao UOL que a filha estava há cerca de dois anos fora de casa e que tinha terminado um relacionamento antes de ir para Uberlândia, que fica a 30 km do local do crime. Ela relembrou a criação dura que teve com gêmeas, vendendo salgados e fazendo faxinas.
"Ela estava residindo em Angra dos Reis, onde tinha terminado um relacionamento, antes de ir para o Triângulo Mineiro. Sei que tinha pouco tempo que estava lá e era tudo que eu sabia", afirmou ela. Gabriela fazia um curso de medicina do Uruguai - remotamente em tempos de pandemia - e pensava em orgulhar a família, como contou a irmã gêmea da jovem.
Força de mãe
Emocionada, a mãe diz que já teve forças para perdoar o criminoso e pensar em outras possíveis vítimas do homem de 43 anos, morto em confronto com a polícia após tentativa de fuga.
"O que me conforta é que a justiça foi feita e que ele não vai fazer isso com mais ninguém. Tamanha crueldade pela qual minha filha passou, sei que ele faria com outras. Mas, neste momento, por mim e por ela, para que eu possa continuar minha vida, sei que tenho que dar o perdão para ele", enfatizou.
Criação das gêmeas
Cristiane contou também como foi difícil cuidar das gêmeas idênticas, Gabriela e Itamara. "Só eu sei como foi duro. Criei as meninas vendendo salgados na rua e fazendo faxina, tudo que passei foi por elas".
Ontem, a irmã dela contou que a vítima foi atraída pelo sonho de juntar dinheiro em Uberlândia para pagar a faculdade de Medicina no Uruguai, e que o autor a teria convencido de que a cidade mineira era um bom lugar. Eles se conheceram na Internet.
Desabafo
José Hamilton de Jesus já cumpriu 12 anos de prisão pelo homicídio da esposa, em 2006, também em Araguari. Segundo Cristiane, é disso que as pessoas deveriam estar falando. "O rapaz já tinha esse histórico, ele não estava apto a viver na sociedade de novo. Fica o alerta".
A diarista também pediu que a morte da filha fosse tratada com respeito. "Ela era um ser humano que sentia dores, alegrias e tinha o sonho de ser médica, e que foi interrompido. Nada importa além disso".
Gabriela foi enterrada em São José dos Campos (SP), sua cidade natal, nesta terça-feira (13).
"Só eu sei o jeito que eu vi ela pela última vez, mas dou graças a Deus que o corpo foi encontrado, imagina quantas meninas passam por isso e os pais nunca vão poder se despedir", completou.
O crime
A estudante foi morta com um tiro na cabeça na madrugada de sábado (10), mesmo depois de ter enviado mensagens com a localização para uma amiga e revelar que estava com medo, conforme confirmaram prints divulgados.
Após parar de retornar as mensagens, a amiga desconfiou e reportou à polícia. Segundo a PM, o corpo de Gabriela estava enterrado no quintal da casa, perto de um canil. Uma enxada e uma pá ainda suja também foram apreendidas.
O moto taxista foi encontrado no dia seguinte, trocou tiros com os policiais e morreu. As investigações do caso continuam.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.