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Gêmea conta que irmã assassinada fazia medicina 'para orgulhar família'

Gabriela, estudante de medicina, junto à irmã, Itamara (sentada à direita na foto) - Reprodução/Instagram
Gabriela, estudante de medicina, junto à irmã, Itamara (sentada à direita na foto) Imagem: Reprodução/Instagram

Rodrigo Scapolatempore

Colaboração para o UOL, em Uberlândia (MG)

13/04/2021 11h22

"Ela estava pensando sempre em dar o melhor que podia para orgulhar nossa mãe com este diploma". A afirmação é de Itamara Meirelles, irmã gêmea de Gabriela Meirelles, de 20 anos, morta e enterrada no quintal de uma casa pelo mototaxista José Hamilton de Jesus, em Araguari (MG), no final de semana.

A jovem foi assassinada com um tiro na cabeça e, na noite do crime, enviou mensagens para uma amiga dizendo que estava com medo do homem. Ele tinha 43 anos, passagem por homicídio e foi morto após trocar tiros com a Polícia Militar quando se escondia em outra casa.

Segundo esta amiga, os dois se encontraram duas vezes, mas a irmã dela relatou que não sabia da relação do mototaxista com a vítima e que, se soubesse, teria ajudado de alguma forma.

"Me sinto sim muito pesada por isso, realmente. Se eu soubesse, não deixaria ela se envolver com um monstro. É difícil, mas de alguma forma a gente sente culpada por não ter feito nada", contou.

Gabriela - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Gabriela foi morta e enterrada em um quintal
Imagem: Reprodução/Instagram

O corpo da estudante de medicina vai ser sepultado hoje no interior de São Paulo e as investigações para apurar possíveis motivações já foram abertas pela Polícia Civil.

Sonho de ser médica

De acordo com Itamara, Gabriela tinha o sonho de se formar em medicina e dar o que seria o maior orgulho para a mãe. "Ela era muito para cima e alegre, pensando em dar o melhor que podia para orgulhar nossa mãe com esse diploma", afirmou.

Gêmea idêntica, Itamara revelou também que era muito próxima da irmã, e que sempre apoiavam as escolhas uma da outra. Gabriela cursava medicina em uma faculdade no Uruguai, mas, devido ao isolamento social por conta da pandemia, fazia aulas on-line.

"É verdade sim, que ela queria juntar dinheiro para se mudar de vez para o Uruguai, e foi convencida por esse homem a ir para Uberlândia, um bom lugar, segundo ele, para conseguir trabalho".

Na noite anterior ao crime, o mototaxista buscou Gabriela em Uberlândia, que fica a cerca de 30 km de Araguari, onde ocorreu o crime.

Investigações

Gabriela - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Gabriela cursava medicina no Uruguai
Imagem: Reprodução/Instagram

A Polícia Civil de Minas Gerais disse hoje ao UOL que instaurou inquérito policial para apurar as circunstâncias da morte da jovem.
"A Perícia Criminal compareceu ao local dos fatos e realizou os primeiros levantamentos. Assim que os laudos forem finalizados, o caso será concluído e remetido à Justiça. A investigação segue em andamento na Delegacia de Polícia Civil de Araguari".

Velório e enterro

A estudante de medicina será enterrada nesta terça-feira (13) no cemitério Parque das Flores em São José dos Campos, interior de São Paulo, onde ela nasceu. O velório começa às 13h e o enterro está marcado para por volta de 16h.

Segundo a irmã dela, o velório seria ontem, mas, por conta de um atraso na funerária, o corpo chegou somente à noite na cidade, o que fez a data mudar para hoje.

O crime

A estudante foi morta com um tiro na cabeça na madrugada de sábado, mesmo depois de ter enviado mensagens com a localização para uma amiga e revelar que estava com medo. Após parar de retornar as mensagens, a amiga desconfiou e reportou à polícia. No outro dia, vizinhos disseram ter ouvido barulhos estranhos.

Segundo a PM, o corpo de Gabriela foi encontrado enterrado no quintal da casa, perto de um canil. Uma enxada e uma pá que ainda estava suja também foram apreendidas.

O mototaxista foi encontrado no dia seguinte, trocou tiros com os policiais e morreu. Ele tinha duas armas de fogo, munição e facas, além de quase R$ 7 mil em dinheiro vivo.

A Polícia Civil confirmou que o homem cumpriu 12 anos de prisão pelo homicídio da esposa, em 2006, também em Araguari.

Os prints

De acordo com os prints da conversa com a amiga, divulgados pela PM, a jovem dizia, ainda na sexta-feira à noite, que o homem contava histórias estranhas sobre ter matado uma garota de programa.

Desconfiada, ela mandou a localização e alertou que "Se não voltar até 8h (da manhã) você vem, tenho medo dele".

Pouco tempo depois da meia-noite, enviou a última mensagem avisando que iria dormir e que até 7h avisaria à amiga que iria embora.