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'Ameaçava me agredir', diz mãe de mulher presa por torturar enteada

Criança de 6 anos era agredida com cabo de TV no RJ - Reprodução/TV Rio Sul
Criança de 6 anos era agredida com cabo de TV no RJ Imagem: Reprodução/TV Rio Sul

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/04/2021 08h50

A mãe da madrasta da criança de 6 anos que foi internada em estado grave em Porto Real, no Sul Fluminense, afirmou que foi ameaçada se falasse sobre a sessão de tortura que a menina foi submetida. Ela, que vive na mesma casa onde ocorreu a violência, contou ao jornal O Globo que encontrou a menina muito debilitada no dia seguinte, e que teve que superar o medo da própria filha para acionar o Samu.

Pensei que ela tivesse morrido, fiquei assustada. Ela estava com o olho meio aberto, parada, não respondia nada. Aí, insisti para chamar o socorro, mas minha filha disse que me mataria se eu falasse a verdade sobre o que aconteceu. Eu só espero que ela fique presa e pague pelo que fez.

A mãe da criança, identificada como Gilmara Oliveira de Farias, de 25 anos, e a companheira Brena Luane Barbosa Nunes, de 28, estão presas e devem responder pelo crime de tortura que tem pena prevista entre 2 e 8 anos de prisão, podendo ser agravada ainda em caso de lesões permanentes. As duas confessaram as agressões e o caso foi registrado na 100ª DP (Porto Real).

De acordo com a mãe de Brena, a filha também já direcionou agressões a ela, sendo que um dos episódios foi registrado na polícia.

O casal engatou a relação no ano passado, pela internet. De Duque de Caxias, Gilmara e a filha foram fazer uma visita em Porto Real, mas acabaram não voltando. As duas passaram a viver na casa de Brena, junto com a mãe e a avó da nova madrasta, que recebe aposentadoria e paga todas as contas da família.

cama - Reprodução/TV Rio Sul - Reprodução/TV Rio Sul
Criança dormia em colchão no chão
Imagem: Reprodução/TV Rio Sul

A mudança de casa fez com que a menina de 6 anos parasse de frequentar as aulas e dormisse em um cômodo sem cama, com apenas um colchão fino no chão. A mãe da madrasta diz que, no começo, o comportamento da filha era outro:

Ela é muito quietinha, só ficava brincando dentro do quarto. Não dá problema nenhum. No início, todo mundo se dava bem, minha filha ajudava a dar banho, cuidava, comprava lembrancinha. Depois, acabou ficando desse jeito

Aos poucos, a madrasta começou a ter ciúmes da relação entre a namorada e a filha e as agressões aconteciam especialmente quando ela bebia, algo que era frequente na casa.

A mãe de Brena foi autuada por omissão, mas responderá em liberdade.

"Eu não fui de acordo, não aceitei. Mas, quando eu tentava falar algo, ela ameaçava me agredir", defendeu.

Em estado grave

Devido ao estado de saúde, a menina precisou ser transferida para um hospital em Resende, cidade vizinha. "A criança chegou a unidade com o estado de saúde delicado, e segundo relatos dos profissionais, a criança apresentava um quadro muito grave, em coma e com diversas lesões pelo corpo", informou a prefeitura de Porto Real.

A menina passou por uma tomografia e os profissionais constataram uma lesão neurológica muito grave. "O estado da criança permanece muito grave, com quadro inalterado, com o prognóstico reservado, porém estável", concluiu a prefeitura.