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Polícia prende sete pessoas após mortes de homens por furto de carne na BA

Operação Retomada cumpriu ordens de prisão e mandados de busca e apreensão  - Alberto Maraux/Secretaria da Segurança Pública da Bahia
Operação Retomada cumpriu ordens de prisão e mandados de busca e apreensão Imagem: Alberto Maraux/Secretaria da Segurança Pública da Bahia

Alexandre Santos

Colaboração para o UOL, em Salvador

10/05/2021 09h40Atualizada em 11/05/2021 17h49

Três seguranças do supermercado Atakadão Atakarejo e quatro homens apontados como traficantes pela polícia foram presos na manhã de hoje, suspeitos de envolvimento nas mortes de Yan Barros da Silva, 19, e o tio dele, Bruno Barros da Silva, 29, no dia 26 de abril, em Salvador. Os corpos dos dois, que tinham marcas de tiros e sinais de tortura, foram encontrados no porta-malas de um carro na comunidade da Polêmica, no bairro de Brotas, horas após terem supostamente furtado pacotes de carne em uma unidade da rede no bairro de Amaralina, na capital baiana.

Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), os suspeitos de participação no duplo homicídio foram capturados durante a Operação Retomada, da Polícia Civil, que cumpriu ordens de prisão preventiva e os mandados de busca e apreensão em residências e também no estabelecimento comercial.

Na sede do supermercado, os agentes recolheram livros de ocorrências administrativas, computadores e aparelhos celulares.

Autorizados pela Justiça após pedido do MP (Ministério Público), as ordens de prisão e os mandados de busca foram cumpridos em Salvador e na cidade de Conceição do Jacuípe.

Quatro dos envolvidos, de acordo com a SSP, seriam traficantes da localidade conhecida como Boqueirão, no Nordeste de Amaralina, para os quais, segundo a família das vítimas, tio e sobrinho teriam sido entregues pelo segurança do supermercado.

As ações que resultaram nas sete prisões ocorreram simultaneamente nos bairros de Nordeste de Amaralina, Mata Escura, Fazenda Coutos e no município de Conceição de Jacuípe. Participaram da operação cerca 200 policiais civis, militares, agentes de inteligência da SSP e do DPT (Departamento de Polícia Técnica).

Bruno e Ian sentados no pátio do supermercado ao lado dos quatro pacotes de carne furtados - Reprodução/Redes Sociais - Reprodução/Redes Sociais
Bruno e Ian sentados no pátio do supermercado ao lado de quatro pacotes de carne
Imagem: Reprodução/Redes Sociais

"Aqui no supermercado estamos colhendo provas através de computadores, documentos, entre outros eletrônicos", diz a delegada Zaira Pimentel, responsável pela investigação.

A delegada Andréa Ribeiro, diretora do DHPP, diz que a operação visa trazer aos autos elementos novos que possam ajudar na elucidação do crime.

Vítimas pediram dinheiro para pagar produtos

Segundo versão de familiares, após serem flagrados por seguranças do estabelecimento, Bruno ligou para uma amiga pedindo R$ 700 para pagar os produtos que teria furtado com Yan. Em um áudio enviado à mulher, Bruno diz que "rodou" e admite que pegou a mercadoria. Fotos que circulam por aplicativos de mensagens e redes sociais.

Fotos que circulam por aplicativos de mensagens e redes sociais mostram ele e Yan, rendidos, sentados no pátio do supermercado e ao lado de quatro pacotes de carne. As vítimas aparecem diante de um homem que seria um segurança do estabelecimento.

Para a família, depois da ligação de Bruno, tio e sobrinho acabaram sendo entregues a traficantes de uma comunidade no entorno do supermercado, que os teriam executado.

Procurado pelo UOL, o Atakadão Atakarejo informou, por meio de sua assessoria, que não comenta decisões judiciais e vai continuar colaborando com as autoridades competentes para que o fato policial seja esclarecido o mais rapidamente possível. "O Atakarejo reitera a solidariedade aos familiares das vítimas de um fato brutal e lamentável. A empresa não tolera qualquer tipo de violência", diz a empresa.

Em nota divulgada anteriormente, o grupo disse reiterar seu comprometimento com a observância dos direitos humanos e com a defesa da vida humana digna e afirmou não compactuar com qualquer tipo de violência.

"O Atakarejo é uma empresa séria, sólida e cumpridora das normas legais, que possui rigorosa política de compliance e que não compactua com qualquer ação criminosa. Em relação aos fatos ocorridos na última segunda-feira (26), o grupo está colaborando integralmente com a investigação policial e já entregou todos os documentos e imagens do sistema de segurança aos órgãos competentes para o esclarecimento do caso", informou.

A empresa também diz repudiar veementemente qualquer tipo de violência e se solidariza com a família das vítimas neste momento tão difícil.

"O grupo aguarda o encerramento das investigações, que correm em segredo de justiça, para a elucidação do caso e espera a punição de todos os culpados", acrescentou.