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Mulher dá à luz na calçada após deixar hospital: 'Caiu no chão'

Heloísa com a recém-nascida Diana nos braços, acompanhada do garapeiro Walter, que ajudou mulher após parto "surpresa" - Reprodução/EPTV
Heloísa com a recém-nascida Diana nos braços, acompanhada do garapeiro Walter, que ajudou mulher após parto "surpresa" Imagem: Reprodução/EPTV

Do UOL, em São Paulo

08/07/2021 20h46Atualizada em 08/07/2021 20h54

Uma mulher foi pega de surpresa pelo nascimento da filha pouco depois de deixar o Centro de Referência em Saúde da Mulher, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

Heloísa de Almeida foi à unidade de saúde sentindo dores, já achando que estava em trabalho de parto, mas acabou sendo liberada pela equipe médica após tomar alguns medicamentos. Entretanto, ao deixar o local, as dores aumentaram, e ela acabou dando à luz a bebê, que ganhou o nome de Diana, na calçada do hospital.

A servidora pública contou sua história à revista Crescer, detalhando que fez o parto com a ajuda do marido, Fábio Palmeira, e de um garapeiro, Walter Prado, que trabalha em frente ao centro de saúde, em uma barraca de caldo de cana. Ela foi prontamente atendida pela equipe da unidade de saúde após notarem que o caso tratava-se de um parto precitado, como informou o Hospital ao UOL.

"Acordei umas 5h da manhã com dor. Mas, como meu marido é mecânico industrial e tinha chegado do serviço de madrugada, aguentei mais um pouco, para ele poder descansar. Quando deu umas 6h30, eu já não estava mais aguentando e as contrações estavam reguladinhas, de 3 em 3 minutos. Aí não teve mais jeito e fomos para a maternidade", contou Heloísa à revista, sobre o passo a passo de seu dia 12 de junho, quando a filha nasceu.

A servidora afirmou que já estava com 40 semanas de gestação e tinha pedido o "tampão" quatro dias antes.

O tampão é a substância que fecha o colo do útero e impede a entrada de micro-organismos que possam causar alguma infecção. Em média uma semana antes do parto ele começa a "descer", até ser expelido. Mas não é descartada a possibilidade de que o corpo envie um sinal errado e ele saia antes da hora, caso em que o próprio corpo refaz a proteção.

Heloísa detalhou que foi atendida na enfermaria do hospital, mas menos de quatro horas depois, recebeu alta por "não estar com dilatação suficiente" para o parto.

"A médica fez o exame de toque e falou que meu colo do útero ainda estava muito duro. (...) Ela me mandou para a observação e umas quatro horas depois voltou e fez mais um exame de toque. Nessa hora minha bolsa estourou e a maca ficou toda molhada e cheia de sangue. Mas ela falou que a bolsa não tinha estourado, que a perda de líquido era normal e que era para eu ir embora porque não estava dilatando", lembrou ela à Crescer.

Mesmo com dores, Heloísa deixou o centro médico e foi avisar o marido sobre a alta. Ele esperava na calçada por causa das restrições em meio a pandemia de covid-19.

"Mas eu não estava conseguindo sentar no carro e nem agachar, porque senti que a bebê já estava nascendo. Eu tinha um comprimido para dor na bolsa e resolvi tomar", explica a mãe da recém-nascida.

Sem uma garrafa de água em mãos, o marido de Heloísa, Fábio, foi até o outro lado da rua, para comprar uma água de coco com o garapeiro, Walter. Mas antes que o remédio pudesse fazer efeito, a grávida entrou em trabalho de parto.

"Eu dei um gole e soltei o coco, porque não tinha como continuar, a cabeça da bebê já estava saindo. Eu tirei a calça e ela nasceu, caiu no chão. Meu marido me segurava para eu não cair em cima dela, enquanto eu gritava", conta.

O garapeiro, Walter, foi o primeiro a socorrer o casal, pegando a recém-nascida.

"Ele veio correndo, pegou minha filha e a colocou no meu colo. Depois chegaram umas dez enfermeiras, cortaram o cordão umbilical lá na rua mesmo, me colocaram na cadeira de rodas e fomos para dentro do hospital", relata a mulher.

Apesar do susto, após o parto Heloísa e Diana receberam atendimento e tiveram alta dois dias depois, sem maiores complicações.

O que diz o hospital

Segundo o diretor técnico da Mater, o Dr. Caio Antônio de Campos Prado, a situação é um evidente caso de parto precitado. "É um trabalho que rolou muito rapidamente, a gente espera que as mulheres tenham em média 12 a 18 horas de parto, mas para algumas pode acontecer de ter uma evolução extremamente rápida e a criança nasce em questão de minutos. Isso é uma condição que é imprevisível", explicou ao UOL.

A situação, por sua vez, é pouco frequente. "Volta e meia a gente escuta histórias de gestantes que não sabia que estava grávida, que foi acudida pelos bombeiros ou que nascem no trajeto ao hospital. São casos de partos precipitados", diz Prado.

Segundo o médico, um ponto positivo da ocorrência desse fenômeno é que os bebês são geralmente saudáveis. Entretanto, é difícil identificar quando eles estão prestes a acontecer.

"Às vezes eu posso examinar uma gestante que está com o colo fechado e poucos minutos ela está tendo contração e experienciando um parto rápido", explica.

Ainda, segundo Prado, o Hospital segue um protocolo específico para evitar que as gestantes sejam surpreendidas em locais inadequados com o nascimento do filho. Elas são examinadas na urgência e, se há contrações, mas não há dilatação suficiente, elas são submetidas a observação por algumas horas, a qual a servidora pública permaneceu antes de ser liberada.

"Felizmente é raro de acontecer, dela ser liberada e nascer poucos minutos depois. Geralmente há tempo para a gestante voltar para a casa dela", diz o médico.

O caso foi o primeiro desta natureza que o Hospital vivenciou. "Depois que teve o nascimento, ela foi prontamente acolhida pela equipe, que se dirigiu até ela para prestar assistência."

Prado ainda alerta que por mais que popularmente as pessoas associem a saída do tampão com o nascimento da criança, não há nenhuma relação específica entre um fator e o outro. "Tem mulheres que eliminam o tampão com 28 semanas, outras que o tampão só sai com o bebê. Não necessariamente isso está relacionado com o parto."