Durante procedimento dental, broca solta e vai parar no pulmão de paciente
Uma paciente está com uma broca odontológica presa a um pulmão depois de passar por um procedimento em um dentista de Lajes (RN).
Segundo a Secretaria de Saúde do município, o incidente aconteceu no último dia 26 de julho, em uma clínica pública. A paciente, identificada como Iolanda Mariano de Melo Simplício, de 55 anos, foi levada a um hospital da região poucos dias depois, sentindo os efeitos do objeto em seu corpo e terá que passar por um procedimento cirúrgico de retirada.
O filho de Iolanda, Rohnhalyson Mariano, fez um desabafo ontem em suas redes sociais pedindo agilidade no tratamento da mãe.
"Por quanto tempo minha mãe vai ter que esperar mais? Será que se fosse com a mãe de um deles seria do mesmo jeito? (...) Não podemos mais esperar a boa vontade de vocês, não. Já são 29 dias de angústia, preocupações. Tento rir para não chorar, mas só Deus sabe o que sinto", escreveu o rapaz, marcando a prefeitura e o prefeito da cidade, Felipe Menezes (PP).
Em nota divulgada também nas redes sociais, a Prefeitura de Lajes informou que Iolanda recebeu o primeiro atendimento em 30 de julho, quando foi encaminhada por um cirurgião torácico ao Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), em Natal, capital do Rio Grande do Norte.
Depois de uma consulta no dia 2 de agosto, a paciente chegou a marcar a retirada da broca para o dia 11 deste mês, mas a cirurgia foi adiada após "quebra de equipamento" na unidade de saúde. Ainda de acordo com a administração municipal, a operação foi remarcada para uma semana depois, mas a máquina não foi consertada a tempo.
Diante dos atrasos, a prefeitura afirmou que o procedimento será realizado em unidade de saúde privada, com gastos por conta das autoridades. Não foi divulgada nova previsão de data para a cirurgia acontecer.
"Agora, já tendo recebido os primeiros orçamentos, está realizando os processos necessários para marcar a cirurgia de retirada da broca da paciente. A família tem recebido atualizações do andamento da situação. A Prefeitura se solidariza à aflição da família e esclarece à população que tudo o que está ao alcance está sendo feito", afirmou em comunicado.
Com posicionamento da Secretaria de Saúde, a nota afirmou também que o profissional responsável pelo procedimento foi desligado.
Caso não é comum
José Carlos Imparato, professor na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP), afirmou em entrevista ao UOL que o caso de Iolanda é uma exceção que deve ser investigada, já que procedimentos envolvendo o uso de broca são extremamente seguros.
O profissional de saúde destaca a necessidade de uma análise mais aprofundada sobre o caso e o conhecimento de qual era o procedimento realizado pelo dentista.
"O deslocamento de uma broca em caneta de alta rotação é algo muito difícil de acontecer, em 34 anos de formado eu nunca li um relato de um paciente que engoliu uma broca proveniente de um preparo, para fazer uma prótese, por exemplo, por que é um sistema seguro", explica.
"Se foi uma broca que é adaptada em uma caneta de alta rotação não tem risco de ela se soltar se ela foi bem adaptada. O profissional pressiona com o polegar a cabeça da caneta, coloca a broca e já vê que a broca está retida", detalha Imparato.
Ele ainda exemplifica que nem mesmo um "mau comportamento" do paciente, que pode se mexer em momentos errados, provocaria a ingestão da broca se ela estiver bem adaptada e que, portanto, é necessário analisar a instalação do material e o material em si. "Dentro da normalidade técnica, não existe risco", conclui.
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