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Estudante baleada acusa patrão de tentar matá-la por recusar relacionamento

A estudante de enfermagem Nathália Assis, de 19 anos, ficou 15 dias internada - Arquivo pessoal
A estudante de enfermagem Nathália Assis, de 19 anos, ficou 15 dias internada Imagem: Arquivo pessoal

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

01/10/2021 20h11

Uma jovem de 19 anos acusa o patrão de ter atirado nela após se recusar a ter um relacionamento amoroso com ele. A estudante de enfermagem Nathália Assis prestou depoimento ontem (30), após 15 dias internada, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Ela foi baleada no dia 11 de setembro, perdeu parte do rim e teve estômago e pâncreas perfurados. O suspeito será ouvido pela polícia na próxima semana.

A universitária tinha começado a trabalhar há um mês na Casa da Picanha, restaurante do empresário Alexsandro Menezes. Segundo ela, após conversas, os dois chegaram a sair duas vezes e ele tinha intenção de manter um relacionamento sério, mas ela recusou, uma vez que ele seria casado.

Os dois teriam se encontrado em um aniversário numa boate de São Gonçalo, na noite do dia 10 de setembro, com amigos que tinham em comum. Ela diz que ele fez contato por mensagens e afirmava que ela estaria na festa com outra pessoa. Após o evento, ela se dirigiu à casa de amigos, no início da manhã, no bairro Parada Quarenta, onde teria encontrado, mais uma vez, Alexsandro, acompanhado de um amigo.

Ele me perguntava 'Por que você está com essa roupa? Está se exibindo para outro homem? Tem certeza que não vai ficar comigo? Então vou arrumar outra'. Eu falei que ele poderia arrumar quem ele quisesse. Ele puxou a arma e falou: 'Tá achando que isso é de brinquedo?' Eu falei: 'Isso é uma arma'. Ele chegou, apontou a arma pra mim e atirou em direção ao meu peito

A mulher conta que o empresário e o amigo, nervosos com a situação, e decidiram levá-la ao hospital.

A rua estava vazia, meus amigos estavam dentro de casa, ninguém viu o que ele havia feito. Ele me deixou na porta do hospital e foi embora com meu celular e documentos. Só depois de um dia que conseguiram achar a minha família, já que eu estava sem identificação

Nathália passou 15 dias no Hospital Estadual Alberto Torres, três deles no CTI (Centro de Tratamento Intensivo). Ela passou por cirurgia para retirar a bala e recebeu pelo menos 10 pontos na barriga. Internada, ela alega que, com um nome falso e com a ajuda de uma enfermeira, ele conseguiu visitá-la. "Ele conseguiu entrar com outro nome e foi até lá para me ameaçar, me coagir. 'Se você falar a verdade, ninguém vai acreditar, a rua não tinha câmeras, não vai ter provas'", depois, falou que me amava e que queria ficar comigo".

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que a direção do Hospital Estadual Alberto Torres lamenta o ocorrido e informa que a funcionária que esteve presente na visita foi desligada da unidade e a polícia, comunicada imediatamente. O hospital ressalta ainda que o cuidado com acesso de pessoas no setor foi intensificado.

"A paciente foi internada no dia 11 de setembro e teve alta no dia 27 e neste período, recebeu a visita que foi acompanhada pela então funcionária da unidade. Após o ocorrido, o pai da paciente informou à equipe da unidade que tinha razões para acreditar que o visitante era suspeito do disparo, não havendo a identificação pela vítima".

O caso está sendo investigado pela 73ª DP de São Gonçalo e, na próxima semana, novas testemunhas serão ouvidas: "Está intimada a enfermeira que atendeu a vítima, uma testemunha e o autor, para semana que vem. Não há nenhuma dúvida que ele tenha sido o responsável pelo crime", disse o delegado Leonardo Macharet, responsável pelo caso.

O UOL tentou entrou em contato por telefone e mensagem com Alexsandro Menezes, diretamente e por meio do restaurante Casa da Picanha, mas até a publicação desta reportagem, não obteve resposta. O espaço segue aberto para atualizações, tão logo ele ou seu representante legal deseje se manifestar e prestar esclarecimentos.

Tenho medo que ele termine o que começou. [...] Meu sentimento é de tristeza, revolta, mas o que eu quero mesmo é justiça, para que isso não aconteça com outras pessoas. Estou passando por cima do meu medo, da minha tristeza, dando a cara a tapa, para que a justiça seja feita