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Onça é fotografada caçando jacaré maior que ela para alimentar filhotes

Fotógrafo flagra caçada de onça após 13 dias no Pantanal, na divisa de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul - Reprodução/ Julius Dadalti
Fotógrafo flagra caçada de onça após 13 dias no Pantanal, na divisa de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul Imagem: Reprodução/ Julius Dadalti

Do UOL, em São Paulo

26/10/2021 21h53Atualizada em 27/10/2021 10h13

O fotógrafo de vida selvagem Julius Dadalti fez uma sequência de fotos ao longo de quase duas horas em pleno Pantanal Norte, no entroncamento dos rios Piquirí e São Lourenço, de uma mãe onça-pintada caçando um jacaré de dois metros para alimentar os filhos, na divisa de Mato Grosso com Mato Grosso do Sul.

foto 1 - Reprodução/ Julius Dadalti - Reprodução/ Julius Dadalti
Ague com seus dois filhotes, momentos antes de levá-los até o esconderijo da caçada
Imagem: Reprodução/ Julius Dadalti

"Eu já tinha acompanhado Ague (a onça-pintada) em várias tentativas. Estava um pouco preocupado, porque eu sabia que ela tinha que dar algo sólido para os filhotes comerem e quando a gente conseguiu finalmente fotografá-la, no décimo terceiro dia, foi um alívio, uma cena muito bonita", descreve Dadalti em entrevista ao UOL.

A imagem foi captada na quinta exploração do fotógrafo ao bioma pantaneiro, na companhia de outros dois fotógrafos, um guia e um biólogo. Das vezes anteriores, ele chegou a vê-la magra após o parto e não tinha conseguido registrar os filhotes ainda. "É uma cena muito forte pelo ataque, mas também é uma cena muito bonita porque demonstra todo o amor, a devoção, o dever de cuidado, a força que as mães possuem. Passei a admirar mais ainda essa onça. É a minha onça predileta, sou apaixonado".

Alimento precioso

Ague conseguiu matar o jacaré que tinha em torno de dois metros, mas estava na outra margem do rio Piqueri, decidindo atravessar mesmo muito cansada. "Ela atravessou o rio com o jacaré na boca, bem no encontro das águas. Foi uma cena difícil porque o jacaré era maior que ela", explica ao UOL o biólogo Gustavo Gaspari.

Ao chegar na outra margem, ela escondeu a caça para evitar possíveis roubos e foi atrás dos filhotes, fazendo sons para chamá-los. Açu, o maior a acompanhou, inclusive na travessia do rio São Lourenço para localizar o caçula, Curumim, que os esperava em uma clareira.

"Para a gente foi uma cena de muita emoção, alegria. Estava todo mundo preocupado sobre onde estava o outro filhote, pensando 'será que algum macho matou esse filhote?'. Aí os três apareceram nadando em frente ao nosso barco", relata Julius.

Segundo o fotógrafo, há um enorme simbolismo em presenciar desde a caça até a mãe alimentando seus filhos. "A gente é pequeno diante da grandiosidade dela e da lição que ela não dá dia a dia. Você vê que o bioma sofreu ano passado com aquele incêndio terrível e 85% do Parque [Estadual Encontro das Águas] queimou. Mesmo assim, diante de um cenário complicado e até mesmo triste, a natureza vai lá e mostra para gente a resiliência".