Varginha: Liberados corpos de 19 dos 26 mortos; 4 seguem sem identificação
A Polícia Civil de Minas Gerais informou que dezenove corpos de mortos em ação conjunta da Polícia Militar e da PRF (Polícia Rodoviária Federal), em Varginha (MG), já foram liberados para familiares. Ao todo, 26 suspeitos morreram na operação ocorrida na madrugada de domingo (31). Nenhum policial morreu ou ficou ferido. Outros três corpos estão pendentes de liberação e há quatro ainda não identificados.
Em nota, a instituição informa que os sete corpos remanescentes se encontram no Instituto Médico-Legal Dr. André Roquette, em Belo Horizonte. "Os exames datiloscópicos (impressão digital) foram realizados pelo Instituto de Identificação da PCMG (14 laudos) e pela Polícia Federal (nove) - havendo a emissão de parecer técnico das duas instituições", complementa o texto.
Os suspeitos mortos estavam escondidos em duas chácaras onde, segundo as autoridades, arquitetavam um roubo aos moldes do que a polícia chama de "novo cangaço", tática também conhecida como "domínio de cidades". A ação seria semelhante ao ataque ocorrido em Araçatuba (SP), quando foi planejado um roubo de R$ 90 milhões.
Relatório de inteligência da polícia mineira, ao qual o UOL teve acesso, identificou a maioria dos mortos (veja lista dos nomes e núcleos abaixo). Outros dois nomes constam em lista divulgada pela polícia no fim da tarde de ontem.
De acordo com o documento, havia três núcleos de origem do grupo, identificados com base nos endereços dos suspeitos. Dois deles no interior de Minas Gerais e outro em Goiânia (GO). Ao menos seis dos mortos já tinham tido passagem pelo sistema prisional.
Confira lista de identificados e os corpos já liberados:
- Artur Fernando Ferreira Rodrigues, 27 anos, Uberaba (MG) - liberado;
- Daniel Antonio de Freitas Oliveira, 36 anos, Uberlândia (MG);
- Darlan Ribeiro dos Santos, 41 anos, Goiânia (GO);
- Dirceu Martins Netto, 24 anos, Rio Verde (GO) - liberado;
- Eduardo Pereira Alves, 42 anos, Brasília (DF) - liberado;
- Evando José Pimenta Junior, 37 anos, Uberlândia (MG)- liberado;
- Francinaldo Araújo da Silva, 44 anos, Eugênio Barros (MA);
- Gerônimo da Silva Sousa Filho, 28 anos, Porto Velho (RO) - liberado;
- Gilberto de Jesus Dias, 29 anos, Uberlândia (MG) - liberado;
- Giuliano Silva Lopes, 32 anos, Uberlândia (MG) - liberado;
- Gleisson Fernando da Silva Morais, 36 anos, Uberaba (MG) - liberado;
- Isaque Xavier Ribeiro, 37 anos, Gama (DF);
- Itallo Dias Alves, 25 anos, Uberaba (MG) - liberado;
- José Filho de Jesus Silva Nepomuceno, 37 anos, Caxias (MA) - liberado;
- José Rodrigo Dama Alves, 33 anos, Uberlândia (MG) - liberado;
- Julio Cesar de Lira, 36 anos, Santos (SP) - liberado;
- Nunis Azevedo Nascimento, 33 anos, Novo Aripuanã (AM) - liberado;
- Raphael Gonzaga Silva, 27 anos, Uberlândia (MG) - liberado;
- Ricardo Gomes de Freitas, 34 anos, Uberlândia (MG) - liberado;
- Romerito Araujo Martins, 35 anos, Goiânia (GO);
- Thalles Augusto Silva, 32 anos, Uberaba (MG) - liberado;
- Zaqueu Xavier Ribeiro, 40 anos, Goiânia (GO).
Polícia apreendeu armas, granadas e veículos roubados
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, houve confrontos com os suspeitos em duas chácaras, e foram apreendidas armas, munições, granadas e veículos roubados. Na operação, foi apreendida uma carreta com um compartimento secreto que, segundo a Polícia Civil, seria usada na fuga após o assalto.
O tenente-coronel Flávio Santiago, do setor de comunicação da PM de Minas Gerais, disse que a intenção era prender os dois grupos de criminosos, mas houve reação. Como, segundo Santiago, os policiais ocupavam uma posição privilegiada, nenhum deles ficou ferido.
Núcleo de Uberaba (MG)
- Thalles Augusto Silva, 32 anos - Tinha passagem pelo sistema prisional
- Júlio César de Lira, 36 anos - Tinha passagem pelo sistema prisional
- Dirceu Martins Netto, 24 anos
- Itallo Dias Alves, 25 anos
- Gleisson Fernando da Silva Morais, 36 anos
- Arthur Fernando Ferreira Rodrigues, 27 anos
- Francinaldo Araújo da Silva, 44 anos
Núcleo de Uberlândia (MG)
- Raphael Gonzaga Silva, 27 anos - Tinha passagem pelo sistema prisional
- José Rodrigo Dama Alves, 33 anos - Tinha passagem pelo sistema prisional
- Gilberto de Jesus Dias, 29 anos - Tinha passagem pelo sistema prisional
- Evando José Pimenta Júnior, 37 anos
- Luiz André Felisbino, 44 anos
- Ricardo Gomes de Freitas, 34 anos
- Giuliano Silva Lopes, 32 anos
Núcleo de Goiânia (GO)
- Isaque Xavier Ribeiro, 27 anos - Tinha passagem pelo sistema prisional
- Romerito Araújo Martins, 25 anos
- Zaqueu Xavier Ribeiro, 40 anos
- Eduardo Pereira Alves, 42 anos - Morava em Brasília
Os outros mortos
- José Filho de Jesus Silva Nepomuceno, de 27 anos - Morava no Maranhão
- Nunis Azevedo Nascimento, 33 anos - Morava em Porto Velho/RO
- Gerônimo da Silva Sousa Filho, de 28 anos - Morava em Porto Velho/RO
- Adriano Garcia, 47 anos - Único dos suspeitos que morava em Varginha, onde o grupo foi encontrado
A corporação informou que as vítimas foram retiradas com vida do local, informação contestada por especialistas em Segurança Pública ouvidos pelo UOL.
"É uma informação, no mínimo, questionável. É difícil imaginar que todos os suspeitos sobreviveram inicialmente a uma troca de tiros com armas de alto poder de fogo. [A retirada dos corpos] esvazia a investigação e o laudo de perícia de local. Não estou dizendo que houve uma adulteração da cena do crime, mas isso precisa ser investigado", analisou Cássio Thyone Almeida de Rosa, perito federal aposentado e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Luis Felipe Zilli, sociólogo, pesquisador da Fundação João Pinheiro e membro do Fórum, entende que a ação poderia ter sido mais bem planejada.
"A Polícia Militar teve uma semana para planejar essa ação, que foi feita sem a participação da Polícia Civil. Com a morte dos suspeitos, também se perde a oportunidade de buscar informações que seriam fundamentais em investigações contra o 'novo cangaço' no Brasil. A morte de todos eles sem prisão representa um fracasso da operação", criticou o sociólogo.
O Ministério Público de Minas Gerais e a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa investigarão se houve algum tipo de irregularidade na operação, também monitorada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais e pela própria PM, que instaurou um inquérito policial militar para apurar as circunstâncias da ocorrência.
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